Capítulo 44

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Em Tussen, Petras se prepara para sair em mais uma manhã, ele carrega um enorme saco de estopa apoiado em um de seus ombros, trajando um avental enorme feito de couro, uma bermuda simples feita de fibra de uma planta, em um tom mais escuro que o saco, um machado de cobre na outra mão, enquanto caminha acena para os moradores que encontra, conversa com alguns, dá algumas sugestões no andamento de alguns trabalhos relacionados ao plantio, marcenaria ou forja, ordens para os cavaleiros que vivem no vilarejo e se dirige ao portão lateral, ao passar pela cancela um barulho de um pequeno sino ressoa, ele fecha o portão e se dirige para a mata, ao passar por alguns arbustos e checar se está sendo seguido algumas vezes, ele parece relaxar um pouco, der repente se escuta um farfalhar nos galhos acima, ele ergue seu enorme pescoço procurando a origem do som, rotacionando seu corpo para trás, mas apenas um vulto rápido passa por sobre sua cabeça pousando a sua frente, quando ele olha para baixo, Cássia está a sua frente.

Cássia - Você é um pouco lento para reagir, isso pode ser fatal. Petras - Minha pelagem é grossa o suficiente para eu não me preocupar. Cássia - Você também é descuidado, olha muito para trás, é suspeito, eu não sei como não desconfiaram de você. Petras - Está exagerando, apesar das suas observações, tenho certeza que fui sutil, do contrário eu teria sido seguido, além do mais eu não tinha com o que me preocupar. Cássia - E por que não? Petras - Eu tinha você na minha retaguarda. - O saco então começa a ter espasmos, e se contorcer cada vez mais ao ponto de Petras soltar, de dentro saem Snel e Rassvet ofegantes - . Rassvet - Se já estávamos em um lugar seguro, por que não abriram logo o saco de uma vez? Snel - A tripinha tem razão, achei que fosse morrer sem ar. Petras - Me perdoem, eu esqueci por um momento, vocês estavam tão quietinhas. Cássia - Se já terminaram, vamos... O Conde está esperando.

Um tempo após entrarem ainda mais na mata, Cássia sobe em uma árvore erguendo seu braço, um falcão enorme com penachos de tom verde musgo na cabeça a encontrar, ao descer a ave pousa em seu braço, eles seguem seu caminho, subindo e descendo, seguido por algumas passagens íngremes entre enormes rochas ao ponto de Petras precisar ir por cima enquanto elas tomavam o atalho liderado por Snel desta vez até se encontrarem novamente ao fim desta trilha bifurcada que mais parecia um labirinto, eles chegam ao pé de uma montanha, passam a andarem por seu entorno com Petras liderando todo o caminho, por fim param diante de um amontoado de cipós, Petras os afasta, ao colocar a palma de sua enorme mão e fechado os olhos, um ruído de pedras caindo começa a ser ouvido juntamente uma pequena poeira que sobe em uma cortina de fumaça quase transparente, Petras dá uns passos para trás indicando as outras a fazerem o mesmo, o barulho vai crescendo e se assemelha ao rachar de enormes rochas, uma passagem se revela e eles entram em um corredor estreito que se revela, o caminho segue descendo em uma leve inclinação, no fim do corredor uma luz toma conta, ao passarem por ela, chegam a uma gruta iluminada por um tipo de limo fluorescente, esperado por eles estão o Conde juntamente com mais alguns poucos homens e mulheres, sete no total, sendo duas mulheres e uma delas é Margarete.

Conde - Vocês chegaram cedo, normalmente você costuma se atrasar, Petras. Petras - Minhas companhias estavam com pressa. Snel - Normalmente ele se distrai com a paisagem. Cássia - A conversa parece que está ficando agradável, mas não foi por isso que viemos. Conde - Tem razão, vamos acertar os detalhes, vejo que trouxe companhia. Cássia - Você disse querer as minhas conexões, eu preciso de uma forma segura de me comunicar e eles entenderem que a mensagem vem de mim.

Eles passam o resto do dia acertando os detalhes do plano, desde rotas seguras a serem tomadas como a forma correta de fazer.

Cássia - Tem certeza de tudo isso? Conde - Venho planejando há muito tempo, é claro depois que eles finalmente passarem pela fronteira o seu pessoal ficará responsável e eu não terei mais nenhum controle. Petras - Isso levará muito tempo. Conde - Não tem outra forma de fazer, se deslocamos muitas pessoas de uma só vez chamara atenção, agora o que falta... Cássia - É que eu consiga convencer os meus a ajudarem e esperar eles se prepararem para esconderem os remanescentes de Tussen. Conde - Eu confio que a Baronesa conseguirá convencer os seus homens a ajudarem.

Cássia está saindo da passagem secreta juntamente com seus companheiros, Petras novamente dá passos a frente para liderar, Rassvet e Snel seguem, mas Cássia para, eles se viram.

Petras - Você não vem? Cássia - Eu preciso escrever a mensagem rapidamente, quanto mais rápido eu fizer isso, mais rápido o plano será colocado em prática, além do mais eu quero voltar sozinha. Petras - Quer ter certeza que decorou o caminho até aqui? Cássia - Algo do gênero.... - Petras olha desconfiado para ela - . Cássia - Eu não vou segui-los se é o que está imaginando, eu já sei onde o Conde vive. Petras - Sei que sim, não é isso... é só, eu não sei, mas não estou desconfiando de você, só sinto algo estranho. Cássia - Se não está desconfiado de mim, é o que importa. Petras - Tem razão, bem, então estou indo na frente com elas... - Rassvet olha para Cássia sem esboçar muitas reações, apenas fica observando por alguns segundos, então se vira e vai embora juntamente com os outros - . Snel - Você é muito dependente da mamãe, não é criancinha? Rassvet - Vai pro inferno! Você só pega no meu pé porque é do tamanho de um toco - Snel pula e dá um soco nas costas de Rassvet. Rassvet - Senhor Petras, teria algo para espantar insetos irritantes? Petras - Não me coloquem no meio dessa disputa.

Enquanto isso acontece, Cássia já está indo na direção contrária, caminhando ao lado do pé da montanha, sempre com o braço erguido diante do seu corpo olhando nos olhos do falcão que a encara, a criatura está inquieta como qualquer ave estaria nessa situação cheia de energia e com vontade de alçar voo, ela retira de sua cintura uma carta escrita de antemão e a coloca amarrada em uma das patas da criatura.

Cássia - Acho que estamos longe o suficiente, bem você já sabe o que precisa fazer... Andrazia.

O falcão bate suas asas com bastante força, alcançando os céus e despenca em um voo rasante, Cássia a perder de vista quando a criatura se perde em meio às árvores.

Em um amplo salão reluzente de madeira, iluminada por um lustre de cristal, a um altar com um trono feito de raízes, ao fundo um vitral e a frente um tapete vermelho vinho escuro, sentada no trono a uma elfa alta de cabelos amarelos quase voltados para o branco, com olhos de prata e uma pele branca que brilha como porcelana, ela usa uma tiara de madeira cravejada de joias menores que circundam uma maior localizada no meio da tiara na parte central, sua roupa é simples, um roupão fino de tecido azul como o céu em um tom um pouco escuro, com desenhos de filigranas e folhas em dourados por toda superfície, ela segura um retalho de tecido branco com extremo interesse, o analisando, sua expressão é serena, seus olhos caminham sobre o tecido.

Lauriel - Aquela garota já ouviu falar que é possível escrever cartas em papel? Ela sempre pega a primeira coisa que vê. - Um sorriso singelo toma conta do rosto da rainha feérica - . Lauriel - Mas suponho que possa perdoá-la por me trazer tão auspiciosa notícia, depois de tantos anos, essa é a maior prova que pude receber de um futuro de paz... Você demorou a me mostrar algo assim, Dionísio.

Ela se ergue, enrolando o retalho e o guardando na manga, vai até a enorme porta na entrada do salão e bate, a porta se abre em uma fresta e um guarda de armadura vermelha como o sangue, que não impunha nenhum tipo de arma, exceto uma lança sem ponta, no lugar a uma pequena espiral esculpida no topo do bastão, dirige-se a ela.

Gunung - O que deseja, minha senhora? Lauriel - Antes, me diga que armadura chamativa seria essa? Gunung - O senhor Perdigas me pediu para testar sua nova criação. Lauriel - Tire o Elmo, não escuto bem sua voz. - Gunung obedece, seu rosto é moreno com um olhar oriental, cabelos curtos e lisos, olhos castanhos escuros, quase pretos, sua expressão é amigável - . Gunung - Perdão, senhora. Lauriel - Aquele gnomo está se intrometendo novamente no trabalho dos anões? Estou vendo que terei de remediar outra discussão sobre limites na oficina, Gunung peça para Alita convocar o conselho. Gunung - Irei imediatamente. - Ele corre sem esperar uma resposta enquanto a rainha o observa - . Lauriel - Sempre tão sério. 

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora