Capítulo 36

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Desorientada Rassvet começa a recobrar a consciência, ela percebe estar deitada e sente suas costas e corpo duros, vozes abafadas ao fundo, a sensação e o cheiro de madeira, uma luz forte incomoda sua visão à medida que suas pálpebras abrem, tudo diante dela parece turvo, ainda assim, ela consegue reconhecer figuras disformes conversando a alguns metros, ela tenta se erguer, ao mesmo tempo que tenta se lembrar de como havia chegado aquele lugar estranho, der repente uma dor latejante toma conta da parte de trás de sua cabeça e alguém que ela não havia percebido até aquele momento pergunta se ela está bem, ela olha para o lado e por fim consegue enxergar com clareza, um cavaleiro humano segurava uma caneca de água a oferecendo, seus reflexos agem e sua mão bate no braço do sujeito, a derrubando, em segundos ela se joga para trás com medo do estranho com um olhar assustado, o cavaleiro se mantém passivo, a comoção faz com que as pessoas próximas parem de conversar e olhem para trás, o jovem cavaleiro fala no mesmo instante.

Elias - Capitão a garota acordou, ela não parece nada bem.

Rassvet olha para trás no mesmo instante e vê se aproximando dela Cássia, que tinha preocupação em seu semblante, ela ergue seus braços para Rassvet em um gesto pedindo para que ela se acalme, Rassvet corre e a abraça com medo e sem compreender nada, um pouco mais atrás, sentado em uma cadeira estava o mesmo homem que havia surgido antes as emboscando em meio às árvores.

Rassvet - O que estamos fazendo aqui com esses humanos? Com esse sujeito? Cássia - Preciso que olhe nos meus olhos e me escute com atenção.

Segundo Cássia no instante que elas encontraram aqueles homens, Rassvet devido ao medo extremo havia começado a respirar com dificuldade e desmaia ao bater a cabeça e ficado desacordada desde então, Cássia diante daquela situação estava preparada para lutar, mas então notou que nenhum dos homens tinham suas armas erguidas, estavam todas embainhadas, ela manteve a sua posição de guarda e o homem diante delas perguntou quem eram elas e porque havia invadido a muralha, Cássia retruca dizendo que aquelas terras eram feéricas e não humanas, eles que estavam invadindo, o homem riu da afirmação concordando com ela, segundo ele, elas não eram as primeiras a entrarem desta forma, mas a maioria usava outra entrada mais conveniente, na verdade, havia um portão mais adiante próxima a uma ponte ligando as duas extremidades do desfiladeiro por onde os viajantes normalmente costumavam entrar ou sair, Cássia então fica confusa, ela diz que havia acreditado que os humanos haviam tomado as terras e erguido a muralha, o homem diz que isso é de fato verdade, a mais ou menos três anos um humano havia levado seu exercito particular compostos de mercenários e cavaleiros de sua família, com a contribuição de outros nobres sua empreitada não foi difícil levando em conta que não haviam feéricos combatentes naquele lugar, forçou os moradores de Tussen a trabalharem para ele, foram obrigados a criar uma poção que atrai feras com as plantas da região e depois a erguer os muros, ele usufruiu da região como quis e permaneceu nela por um bom tempo, mesmo após mandar boa parte desse exercito por outro caminho para capturar outros feéricos de outras partes, se aproveitando do fato de que alguns nobres humanos donos das terras próximas a fronteira estavam ocupados em outras regiões nas caçadas contra as bestas ou resolvendo assuntos particulares ou em prol do império, o imperador descobriu tarde demais, mas ainda assim conseguiu com a ajuda de um capitão do exercito imperial retomar o lugar das mãos desse malfeitor assim que a situação com as bestas se normalizou, alguns membros do exército do invasor conseguiram fugir, mas a maior parte foi capturada, o imperador gostaria de devolver as terras aos feéricos, mas infelizmente devido a vários fatores não pode, Cássia não conseguia acreditar nessa história, para ela, não passavam de um monte de desculpas e mentiras, o cavaleiro perguntou por que ele perderia o seu tempo tentando enganar uma desconhecida que estava acompanhada de uma criança assustada e estando melhor armado, em maior número e com cavaleiros claramente mais habilidosos que as intrusas? Ele permitiria que ela continuasse com suas armas se assim preferisse e fosse verificar por si mesma o vilarejo de Tussen, Cássia concorda, mas gostaria de entender melhor as tais circunstâncias que impediriam o imperador de devolver terras que não pertencem a ele, principalmente levando em conta que ele fala tanto de paz.

Rassvet - Então nós iremos até Tussen agora? Cássia - Vamos esperar até o raiar do dia. Rassvet - Não acredito na história desse humano. Estevan - Não preciso que acredite em mim mocinha, só que não cause nenhum tipo de comoção até que saiam, Elias leve-as até o alojamento dos viajantes. - Já no alojamento, Elias se despede na porta - . Elias - Espero que você e sua filha tenham um bom descanso, senhorita Isobel. Cássia - Senhorita? Bem, eu sou viúva e estou solteira, então vou aceitar ser chamada assim, me faz sentir jovem. - Cássia fecha a porta enquanto Rassvet se encaminha até a cama - . Rassvet - Então eles acreditaram mesmo nessa história? Cássia - O que tem para desconfiar?

Durante a tarde mais cedo, quando elas ainda estavam do outro lado do desfiladeiro Cássia propõe que elas passem a se chamar por outro nome e se apresentarem como mãe e filha caso alguém questionasse, elas seriam apenas viajantes que querem rever velhos amigos de Tussen, elas não poderiam demonstrar suas habilidades de combate, quando foram pegas de surpresa isso se tornou conveniente pela forma que Rassvet reagiu e Cássia mesmo ficando em posição de combate, havia deixado várias aberturas em sua guarda. Quando elas estavam sozinhas no quarto, Cássia estava na beirada da cama afiando suas adagas, enquanto isso, olhando para ela, Rassvet sentada sobre o colchão abraçava forte as próprias pernas.

Rassvet - Espero que tudo isso seja verdade, ainda que não explique o porquê de não termos recebido nenhum tipo de notícia de nenhum dos sobreviventes. Cássia - Essa parte também me preocupa, ele não me falou nada a respeito, mas muito provavelmente deve ter relação com o que foi dito entre os viajantes de boca a boca e a verdade se distorceu. Rassvet - Nunca fui até Tussen, mas pela forma que você estava falando, achei que estaria à vista. Cássia - Aparentemente a localização do vilarejo foi alterando com o passar do tempo, eles buscaram por um solo melhor para o plantio. Rassvet - Como eles nos acharam tão rapidamente? Cássia - Aparentemente aquela muralha é protegida por camadas e mais camadas de magias, uma delas detecta caso alguém se aproxime demais e impregna o invasor com um tipo de feromônio imperceptível para a maioria das criaturas, mas um tipo de golem inseto consegue sentir.

No escritório do capitão Estevan, Elias abre a porta e entra calmamente.

Elias - O que acha delas senhor? Estevan - O que eu acho? O que você acha? Esta sua natureza mansa nada mais é que uma armadilha para atrair moscas. Elias - Que elas estão escondendo algo, isso é óbvio. Estevan - Precisamos tomar cuidado, não foram muitos que conseguiram passar pela muralha tão facilmente, apesar das roupas largas e aberturas, deu para perceber algumas cicatrizes no corpo da tal Isobel, e aquelas armas, não são comuns entre viajantes. Elias - A garota me intriga, ela parece ser fraca, talvez seja, talvez a mulher não seja sua mãe, mas sim sua escolta. Estevan - Especular não nos ajuda em nada, continue de olho nelas até uma delas cometer algum erro. Elias - Sim senhor.

De volta ao quarto.

Rassvet - Como sabe tudo isso? Aquele humano contou tudo tão fácil assim? Cássia - Na verdade não, o tal Elias é um língua solta. - Rassvet tem um olhar perdido - . Rassvet - Acredita nele? Cássia - Saberemos mais tarde, mas se isso significar que parte do nosso povo está vivo, me pergunto se seria tão ruim ter esperança? Rassvet - Aliás, o que o humano quis dizer com ''circunstâncias que impedem o imperador humano?'' Cássia - Segundo o tal capitão, ele não pode me contar tudo, mas me disse que um dos motivos é por conta das plantas descobertas nessa região, na situação que eles se encontravam na época elas foram uma grande fonte para o desenvolvimento de medicamentos eficientes e de baixo custo, assim o exército não precisaria depender tanto de sacerdotes estarem no campo de batalha contra as bestas, então em troca de proteção, equipamentos e o que mais os moradores precisassem eles ficaram com parte da colheita. Rassvet - Então é por interesse, esse tal imperador não é tão bom assim. Cássia - A maioria das relações são baseadas no interesse mútuo, na verdade são as relações mais confiáveis, quando todas as partes sabem o que querem, e têm algo a oferecer. - Rassvet se deita e fica de costas para Cássia se cobrindo - . Rassvet - Que seja, ainda assim não gosto em nada dessa situação. Cássia - Não é como se eu estivesse feliz também.

'' Rassvet - Mentirosa, você estava sorrindo enquanto falava. Achei que não confiasse em humanos, pelo visto me enganei... ''

A Vilã Quer Salvar A Santa (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora