Carla
Abro o olho e vejo o Arthur sentado, conversando com um garotinho que tem no máximo dois anos e sorrio.
Arthur: assim mocinho, bem melhor!
Menino: axim papi?
Arthur: isso garoto! Como diria a mamãe?
Menino: o Ucas é munto teligente, igal a mami né papi?
Arthur: sim meu amor, a mamãe era a mais inteligente de todas! (Os olhos dele marejam, mas de quem eles estão falando?)
Menino: o Ucas que vê, mamãe, papai!
Arthur: prometo que mais tarde o papai te leva lá pra ver ela, tá bom?
Menino: tá booum!Ele abraça o Arthur e sai correndo... alguns minutos depois abro o olho de novo e estou num quarto sozinha, aparelhos ligados a mim, meu coração se aperta, não tem ninguém aqui, eu estou sozinha. Meus olhos pesam novamente e eu já não vejo mais nada.
Começo a ouvir uma voz bem ao fundo, tento abrir os olhos, mas não consigo, presto atenção no que a voz fala e é ele, ele tá pedindo pra eu voltar pra ele, tento abrir o olho novamente e não consigo e me sinto impotente, ele tá aqui, ele me quer de volta, por que eu não consigo abrir?!
Arthur
Chegou a manhã, o médico nos diz que podemos entrar no quarto e que só temos alguns minutos cada um, a Mara entra primeiro e eu depois. Eu a olho, ela está dormindo, serena, nem parece que tá lutando contra a vida, continua linda. É inevitável tentar não chorar, me aproximo da cama e toco sua mão esquerda, depois traço cada cm do seu braço até chegar ao rosto.
Arthur: você é tão perfeita, minha vida! Eu sempre te achei linda, desde moleque, essa sua pele branquinha que contrasta com qualquer roupa viva que você vista e fica ainda mais linda, esse seu cabelo que pode enfrentar o calor que for que ainda continua impecável, tudo em você me faz ser ainda mais apaixonado por você, e eu nem tô falando do físico não, porque se existe algo que é ainda mais lindo em você é o coração gigante que só você tem. Volta pra mim, por favor... não me deixa agora, não quando eu tenho a plena convicção que é você, a mulher da minha vida, a única que eu quis que me desse filhos, a única que eu assumo fácil, sem precisar nem pensar duas vezes. Eu te amo, dona Carla. Vive, por mim, por nós!
Deixo um beijo em sua bochecha, já que não podia beijar sua boca e saio do quarto. É duro demais ver ela ali. O coração erra todas as batidas só de imaginar que ela possa não sair. O medico diz que só teria um novo horário pra visita a noite, então falo pra dona Mara que vou dar uma volta, pergunto se tem algo que ela queira e ela diz pra eu passar no ape da Carla e pegar algumas coisas lá.
Saio, vou ao apartamento e sou transportado pra época em que vivíamos mais dentro dele que fora, consigo ouvir suas risadas, sentir seu cheiro e se fecho os olhos a vejo andando de um lado a outro. Assim que pego tudo que minha sogra pediu, vou a praia, precisava tentar organizar meus pensamentos. Sento na areia e fico apenas rezando e pedindo que Deus não a leve, prometendo tudo e mais um pouco.
Algumas horas depois volto ao hospital e a Mara está dormindo em uma das cadeiras da recepção, é quando peço pra enfermeira pra nos dar um quarto de acompanhante. Não contei, mas a Carla foi transferida, colocamos ela em um hospital particular, sigiloso e de nossa confiança, aqui conseguimos ter maior controle sobre o que sai na mídia e também temos mais privacidade. Levo-a até o quarto com cuidado e quando estou voltando a recepção o médico diz que tem notícias.
Arthur: e então?
Médico: ainda não tenho certeza, mas acho que ela está voltando, viemos pedir autorização pra retirar a oxigenação!
Arthur: pode tirar (Sorrio com um fio de esperança e ele me olha sem entusiasmo)
Médico: não a sua autorização Arthur, mesmo você sendo namorado dela, não é o responsável direto, cadê a mãe dela?
Arthur: ela está descansando no quarto, mas podemos ir até ela. (Seguimos para o quarto) sogra (chamo ela com calma) o médico precisa de sua autorização pra tirar os sedativos da Carla.
Mara: ela já tá bem?
Medico: ainda não sabemos, mas pelos exames de reflexo que fiz agora a pouco, ela tá se esforçando pra acordar (eu olho pra Mara e ela pra mim e nós sorrimos juntos)
Mara: então pode tirar. Minha filha tá voltando, meu bebê vai viver!
Médico: não fiquem felizes ainda, tudo pode acontecer!Tá, eu gostava mais do médico do outro hospital, esse me dá vontade de dar um soco a cada dois segundos.
Arthur: a gente pode entrar enquanto tiram?
Medico: não é o apropriado (olho pra ele com odio) mas vou deixar, só não se assustem se algo ruim acontecer.Alguém me segura que eu vou socar ele. Vamos até o quarto da Carla, eles começam a fazer os procedimentos e retiram o tudo, imediatamente o monitor dispara e ela começa a tossir e se debater, uma cena horrível, o coração dela para, eles a chocam e fazem massagem no coração, chocam mais uma vez e ela volta, então eles aplicam mais sedativo, mas a deixam sem o oxigênio, porque ela respira sozinha agora. Nós saímos do quarto e agora, o médico diz que podemos ficar a acompanhando, mas se ela acordar no meio da noite não é pra falar nada que possa alterar seus sentimentos, fico ali andando de um lado a outro, quando escuto a voz dela e parece estar sonhando.
Carla: Ar- thur!
Oie pessoas! Desculpem a demora, tava fazendo uns trabalhos da faculdade e trabalhando muito, uma loucura por aqui!
E aí, como acham que Carla vai reagir de agora em diante?
50 comentários e eu volto!