Carla
O susto que eu levei não tá descrito. Eu ia xingar o cara, mas ele xingou primeiro e imediatamente ergui o rosto pra olhar na cara dele. Reconheci a voz de imediato. E antes que eu pudesse registrar qualquer outra coisa, percebi que ele não estava bem. Ele se encolheu, aparentemente com dor.
Carla: Desculpa! Eu te machuquei?
Arthur: eu fiz (ele para de falar) uma cirurgia.Ele conclui a frase com dificuldade, mas é o suficiente para que eu entenda. Ele operou o ombro, finalmente! E acho que acabei de machuca-lo. Droga.
Carla: Meu Deus, Arthú. O que eu posso fazer? (me preocupo)
Arthur: eu já tô bem (ele tenta se erguer, mas está claramente com dor)
Carla: deixa de besteira, vem comigo.Apoio o seu braço bom sobre meus ombros e o levo para o stand mais próximo, que é o da Seara. Peço por um espaço reservado e eles me atendem, percebendo que o Arthur não ta bem.
Quando estamos sozinhos, acomodo ele em uma poltrona, busco um pouco de gelo pra colocar no ombro dele, e me sento no braço da cadeira, pra conseguir apoiar o gelo em seu braço. Ele respira com dificuldade, está tenso, mas não me afasta.
Carla: Desculpa (sussurro)
Ele abre os olhos e me encara.
Arthur: ta tudo bem, você não viu.
Carla: mesmo assim, tô me sentindo culpada. Ta melhorando, pelo menos?
Arthur: ta (ele suspira e eu arqueio a sobrancelha) juro (ele sorri fraco)Sorrio de volta.
Carla: você não tinha que ta em casa de repouso?
Arthur: tinha, mas apareceu um trabalho e eu queria vir.Assinto. A conversa morre depois daí. Ele fecha os olhos novamente e eu não consigo evitar olhar pra ele.
Meu celular toca, me despertando e quando pego vejo que é a Keh.
Carla: preciso atender rapidinho.
Arthur: tudo bem.Ligação on
Keh: onde você ta?
Carla: amiga, precisei resolver uma coisa, mas ta tudo bem, te encontro depois pode ser?
Keh: que coisa?
Carla: ai Kelly! Depois conto. Tô bem. Beijo!
Keh: tá, beijo. - ela desliga rindo.Ligação off
Arthur: desculpa mas, é a Keh? A…
Carla: ela mesma, senhora Kelly Correia.
Arthur: pensei que vocês tinham se afastado.
Carla: e tínhamos, uma das burradas que fiz, mas já ta resolvido, senti muito a falta dela.
Arthur: que bom que vocês se resolveram, ela é uma boa amiga.
Carla: é verdade, sempre foi.A conversa para aqui, só que dessa vez a mente viaja, viaja exatamente para o tempo em que apresentei minha amiga a ele, tudo que aconteceu depois disso, tudo que vivemos, e até o que deixamos de viver. Quando percebo não estou mais pensando na amizade que ele também perdeu com a Keh, mas pensando em tudo que eu perdi com ele.
Arthur
Eu senti uma dor tão intensa que achei que o braço tinha sido retirado do ombro, xinguei como um reflexo, mas assim que vi seus olhos sobre mim, sua preocupação, eu tive que respirar fundo pra não fazer uma loucura.
Ter ela assim tão perto, a respiração dela no mesmo compasso que a minha e de repente voltamos a uns 3 anos atrás, falando sobre uma pessoa que tínhamos em comum, nós tínhamos tanto em comum. Como tudo aquilo se perdeu?!
Lembro-me como se fora ontem, o dia em que a vi sair da minha casa pela última vez, tínhamos tido uma discussão um pouco mais cedo e tanto eu, quanto ela estávamos cansados daquela situação, nos encontramos pra conversar, só não sabíamos que seria a última vez.
Bom, a gente não sabia, mas nunca nos entregamos tanto quanto aquela noite, o clima de despedida era latente, a forma como ela olhava dentro dos meus olhos, enquanto eu fazia amor devagarinho com ela, como dizia que me amava enquanto minhas mãos reconheciam cada parte de seu corpo.
Respiro fundo tentando me fazer voltar pro presente, eu a olho e seu olhar dizem tantas coisas, mesmo sua boca estando fechada. Engulo seco o nó que se forma em minha garganta. Mas quando eu ia falar algo, uma voz me tira dali.
Xxx: lindo, o que aconteceu?
A Carla me olha com a sobrancelha erguida e eu fico sem reação alguma.
Oie pessoas, voltei hein...
Iiiiii gente, será quem chegou?
Meta: 40 comentários e eu volto!
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