Arthur
Voltamos pra casa e para nossa rotina de sempre. A Dani falou que uma mulher me ligou, disse que queria falar comigo, ela não reconheceu a voz e a mulher desligou assim que ela perguntou o que queria comigo. Fico meio pensativo sobre isso, penso que pode ser a mesma pessoas que me ligou a uns dias. Não sei porque essa ligação não sai da minha cabeça e agora mais essa.
Sai de casa já com o Mateus, viemos a padaria, tomamos café e logo depois o levo a creche, quando estamos quase em sua sala o cheiro dela, daquela que sempre perturbou meus pensamentos, invadem minhas narinas e eu sei que ela está aqui antes mesmo de olhar.
Assim que eu a avisto, perco a fala por alguns segundos, o tempo passa e ela continua tão linda quanto me lembro. Resolvo me aproximar e falar com ela, não tem pra onde correr.
Carla
Uma semana depois que eu tentei pela última vez ligar pra aquele garoto e uma voz feminina atendeu, eu finalmente voltei pra minha rotina, eu e Flora, juntas fazendo tudo. E quem é a Flora? É minha filha, tem dois anos e veio num momento em que eu precisava. Vocês devem estar confusos né?
Bom, eu engravidei da Flora a pouco mais de 3 anos, quando eu estava no ápice do meu sucesso na minha carreira, totalmente surpresa, eu não esperava e muito menos planejava que ela viesse naquele momento, mas ela veio e transformou totalmente a minha vida. Meu coração transbordou felicidade de um jeito que eu nem sei explicar.
Desde então somos só eu, ela e de vez em quando a vovó Mara aparece em casa pra mimar muito nós duas. O pai da Flora não sabe dela, mas não sabe por escolha própria. Eu o procurei logo que engravidei dela, mas ele me disse que já tava cansado de mim, que não queria saber de mais nada e que a vida dele já estava muito complicada.
Então eu decidi seguir só com ela, no começo eu consegui esconder muito bem a gravidez e quando entrei no sexto mês, pedi uns meses de recesso dos trabalhos pra minha mãe e viajei pra ficar com meu pai no Uruguai, por lá seria muito mais fácil de lidar com tudo, quando a Flora fez dois meses voltamos para o Brasil, em um voo durante a madrugada e vivemos aqui desde então.
Poucas pessoas sabem sobre ela e poucas pessoas sabem que eu sou a mãe dela, eu prefiro assim. A minha vida hoje em dia é um livro fechado, não permito que saibam quase nada sobre ela, apenas o necessário para o trabalho.
Hoje, a Flora acordou meio ruinzinha e eu nem queria levar ela pra creche, mas ela chorou e falou que queria muito ir. Então aqui estamos, em frente o portão, eu a deixo e quando estou voltando dou de cara com ele e um menino no colo, os dois sorrindo, ele brincando e menino gargalhando, engulo em seco o nó que se forma em minha garganta e quando penso em fugir, ele me nota e o sorriso se esvai aos poucos.
Arthur: Ca- Carla?
Carla: oie (a única palavra que sai)
Arthur: tudo bem?
Carla: tudo sim
Mateus: vamo papai, eu quelo vê a Flolinha!
Carla: papai? Flora?
Mateus: é tia, a flolinha é a coleguia do Mateus!
Arthur: longa história! Você conhece a colega dele? Ele não para de falar nessa garotinha! (Ele sorri e eu perco o ar)
Carla: ela é minha... longa história. Bom eu já vou indo!
Arthur: tchau!
Mateus: xau tia inda.Nem escuto os dois falando, eu apenas saio rápido, como assim destino? Não basta o garoto estudar na mesma creche da minha filha, ele ainda tem que ser apegado a ela? Aí Deus, como eu faço pra sair disso? E se ele ver ela? A vida nunca poderia ser fácil pra você Carla Diaz! Constato enquanto me jogo em minha cama e deixo as lágrimas de medo caírem desenfreadas.
É acho que chegou a hora que eu tanto temi, não tem mais como fugir da minha realidade. Resolvo ligar pra única pessoa que sabe toda a verdade, eu preciso desabafar com alguém, ou eu vou surtar de verdade.
Ligação on
Carla: alô? Onde você tá?
Xxxxx: tô em São Paulo! Porque?
Carla: eu posso ir até aí? A gente precisa conversar, eu preciso na verdade!
Xxxxx: pode sim, me encontra no lugar se sempre.
Carla: tá, até já.Ligação off
Saio indo ao seu encontro e peço pra Lívia, a babá da Flora, pra buscar ela na escola e dizer que eu tive um compromisso, mas logo estarei em casa. Assim que chego ao local, já corro para os braços da minha amiga.
Pocah: que foi Ca?
Carla: eu vi ele (nós nos sentamos na cama do hotel que ela estava hospeda, uma de frente pra outra)
Pocah: ele quem?
Carla: aquele idiota, o que você chamava de irmão
Pocah: ah o tóxico, jura? Aonde?
Carla: na creche da Flora.
Pocah: aí meu Deus, e aí?
Carla: e ai que agora eu tô morrendo de medo (tento enxugar minhas lágrimas)
Pocah: medo de?
Carla: ah Pocah, você tem certeza que é a madrinha da minha filha?
Pocah: eu te disse que você devia ter falado toda a verade lá atrás amiga
Carla: eu sei tá, não precisa jogar na minha cara (Levanto e começo a andar pelo quarto)
Pocah: ei, eu não to jogando nada na sua cara. Calma, vem aqui! (Ela estende os braços e eu me deito em seu colo)
Carla: ele vai perceber amiga, ele vai descobrir, eu não quero, ele vai querer tirar ela de mim, ele não vai entender (Falo tudo em um só fôlego)
Pocah: calma Carla, respira. O tóxico não vai tirar ela de você, por Deus, ele não é assim.
Carla: é a filha dele Pocah, ele vai me odiar
Pocah: é, te odiar ele vai mesmo. (Meu choro piora)
Carla: aí eu quero sumir... (olho pra ela, respiro fundo) vou pegar minha filha (Levanto de uma vez) e vou pro Uruguai com ela...
Pocah: Carla, para, me olha (eu paro e fico olhando pra ela) fugir não vai resolver nada, você já fugiu demais, precisa encarar os fatosSomos interrompidas pelo meu celular tocando e o número sobre a tela me faz sentir um arrepio gelado e que me paralisa.
Oie pessoas, voltei hein?! Demorei, mas aqui estamos...
Eita que agora o caldo entornou. E ai?
Como acham que ele vai reagir ao descobrir da Flora?
Quem está ligando pra ela?
Aí meu Deus, segura que o carrinho vai despencar um pouco mais
Meta: 50 comentários e eu volto!
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Flechada Certeira 2 - one shots
Fanfictioncontinuação da one shots- flechada certeira