xxxxxxxxvi. FAMILY LINE

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LYRIA

Scattered 'cross my family line
I'm so good at telling lies
That came from my mother's side
Told a million to survive
Scattered 'cross my family line
God, I have my father's eyes
But my sister's when I cry
I can run, but I can't hide
From my family line

Eu tinha prometido a Rhoe que não ia me permitir ser quebrada novamente e tinha que manter essa promessa, mas, a cada segundo que eu passava naquele palácio, cercada de pessoas que deveriam ser a minha família verdadeira, eu me sentia quebrada.

Era como se agora houvessem milhares de fragmentos de mim mesma, como haviam milhares de cacos de vidro no chão do salão do trono na Corte dos Pesadelos.

Aquela madrugada tinha sido assustadora. As palavras de Sam tinham desbloqueado a memória de um sonho que eu tive, no dia do meu aniversário, quando eu ainda era Lyria Archeron e vivia uma vida completamente diferente da de hoje.

Eu tinha sonhado com aquele jardim de rosas incandescentes, como de costume, mas, quando entrei na porta guiada pelo cervo branco, eu encontrei um quadro.

Minha mente tinha afastado a memória daquele quadro, se para me enganar ou proteger eu nunca saberia, mas, durante todo esse ano, eu, em nenhum momento, consegui visualizar aquele antigo sonho de uma maneira tão clara quanto nessa noite.

O quadro era uma representação da minha família. Meu pai, quer dizer, Rhys, com seu terno muito bem composto, o cabelo preto como a noite no lugar, suas asas abertas no fundo e os seus olhos violeta conquistadores, Feyre com o seu sorriso iluminado, os olhos azuis como um céu nublado, a mão tatuada no meu ombro.

Eu conhecia aquela pintura, ela estava no meio de uma das paredes da casa na cidade, Feyre que havia feito. Contudo, tinha duas pessoas a mais, que não estavam na obra original: uma garota, que agora eu reconhecia claramente como Clare, com um sorriso largo no rosto - algo que nunca tinha visto; e o garoto era pior ainda, pois era Rhoe, ele estava com a língua de fora, como se gozasse de todos ali.

Desde o princípio os meus sonhos tentaram me avisar, mas fui tola demais para notar. Tudo sempre esteve ali, desenhado naquela pintura mental minha.

Aquilo me fez vomitar tudo em meu estômago durante todo o brilho da Lua e, quando finalmente consegui me recuperar, eu já não tinha mais capacidade alguma de encontrar com qualquer um daquele palácio. Nem mesmo Rhoe eu conseguia olhar nos olhos, algo que partia meu coração.

Por isso que fiquei sozinha naquele quarto, não querendo nenhuma companhia. Isso e porque eu precisava fazer umas perguntas a um certo livro.

Pulei da cama de Rhoe e olhei para debaixo dela, onde uma caixa de madeira estava bem escondida no escuro. A arrastei para fora, poeira envolvendo as minhas mãos e respirei profundamente antes de abri-la.

Era só um Livro, não tinha o que temer.

Sem pensar muito abri a tampa e uma escuridão densa, antiga e repulsiva vazou dela, um objeto disparando no ar, praticamente voando na minha direção.

Precisei de muito esforço para não gritar, para não sair correndo.

Quem é você? Aquela voz sombria e antiga invadiu a minha mente de uma maneira que nenhum Daemati jamais fez comigo, de uma maneira diferente de como eu me lembrava no sonho.

Eu não conseguia ver o Livro, não com a escuridão o envolvendo, mas sabia que ele estava ali, que estava na minha frente, me observando.

— Você sabe muito bem quem eu sou — cruzei os braços e evitei de fazer uma careta. Aquela pergunta era o que me causará pesadelos.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora