xxxxxxxxxi. POWER OVER ME

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RHOE

Wanna be king in your story
I wanna know who you are
I want your heart beat for me
I want you to sing to me softly
'Cause then I might run in the dark
That's all our love ever taught me

A primeira coisa que senti foi o peso da dor. Um golpe quente atravessou meu ombro esquerdo, rasgando carne e arrancando um grito que mal reconheci como meu. Meu corpo vacilou, mas eu não podia cair. Não agora.

Lá estava ele — Orcus, ou Sam, mas com aqueles olhos dourados não tinha como ser Sam. Ele segurava Asterin como um troféu, as unhas marcando a pele dela como uma promessa de morte. Seu sorriso era um corte frio, algo distante do príncipe perdido de Terrasen.

Atrás dele, o exército Valg rugia como uma tempestade contida. Eu podia sentir a corrupção em cada um deles, os olhos pretos como poços sem fim. Lyria estava ao meu lado, os olhos Ashryver em chamas, cada respiração um símbolo de seu desejo de lutar. Mas antes que ela pudesse se mover, antes que qualquer um de nós pudesse reagir, Sm ou Orcus atravessou.

Foi como um véu rasgado. Uma rachadura no ar que engoliu tanto ele quanto Asterin. O som foi seco, cruel, e quando desapareceu, o campo de batalha ficou em um silêncio mortal. Então, o exército Valg se dissolveu — literalmente. Todos os Valg que sobraram na cidade desapareceram.

— Rhoe! — a voz de Lyria era uma lâmina de desespero. Olhei para ela, tentando sorrir, tentando dizer que estava bem, mas não consegui. A dor no meu ombro era como fogo, queimando através de mim.

Tudo ficou turvo. Senti mãos em mim — dela, talvez de Nehemia também. Ouvi Aedion gritar ordens, o som autoritário de Lysandra se sobrepondo. Eu deveria estar lá, ajudando a organizar o caos, mas tudo o que consegui foi cair de joelhos.

*

Despertei em algum lugar familiar. O teto alto, as janelas com vitrais — era a sala de guerra em Orynth. Meu corpo doía, mas estava vivo. Aelin estava ao meu lado, as mãos cruzadas e os olhos fixos na mesa à nossa frente. Rowan estava em pé atrás dela, a postura de gárgula protetor.

Eles não eram os meus pais. Aquilo ainda reverberava dentro de mim da mesma maneira que ver os meus pais biológicos sendo assassinados também.

— Você está acordado — a voz de Nehemia veio à minha esquerda. Virei a cabeça e a vi sentada, os olhos vermelhos como se ela tivesse chorado e a boca manchada de sangue.

Eu sabia muito bem que aquele sangue não era dela.

Aelin voltou os olhos vazios para mim, um lampejo de emoção surgindo ali. Ela deu a volta na mesa rapidamente e me alcançou, parando bem na minha frente.

— Oh meu querido — ela murmurou, passando a mão nos meus cabelos. Abri um sorriso para ela, um sorriso de verdade. Ela sabia que eu não era o filho dela, mas me olhava como se eu ainda fosse — Não queríamos tirar o olho de você, a curandeira disse que a adaga estava envenenada, mas tínhamos tanto para resolver ...

— Onde está Lyria? — foi a única coisa que consegui perguntar e vi um sorriso surgindo no rosto de Aelin com aquilo.

Onde estava a filha dela, eu poderia perguntar também. Ou a minha parceira.

— Esses jovens — consegui escutar a voz de Fenrys em algum lugar na sala, o macho soltando uma risada vazia.

O quão terrível deveria ser para eles ter que batalharem contra os Valg de novo?

— Aqui — a voz de Lyria veio da porta, e meu coração apertou ao vê-la entrar. Seu cabelo dourado estava um caos, o rosto manchado de sangue — não sei se meu ou de alguém mais. Ela veio direto para mim, caindo de joelhos ao meu lado.

DARK PARADISE; tog + acotarOnde histórias criam vida. Descubra agora