Capítulo 1

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5 anos depois...

Isabella narrando...

Entro naquele hospital com a cabeça doendo de tanto chorar, não estava enxergando nada, minha visão estava turva. Não sei como consegui fugir daquela maldita casa, não sei como carregar minha filha até as urgências porque meu corpo estava mole e sem forças.

Meu desespero era maior do que tudo, ver Bárbara desacordada nos meus braços foi mais doloroso que tiro de revólver, isso não podia estar acontecendo! Deus não pode tirar ela de mim, minha filha é a única coisa que eu tenho nesse mundo, ela é minha salvação e minha razão de viver!

Corri com Bárbara nos braços até a recepção do hospital, a moça estava ocupada cuidando de um casal que estava a minha frente, mas assim que viu meu desespero e a minha menina desmaiada nos meus braços com uma cicatriz gravemente aberta na cabeça e algumas partes do seu corpo marcadas pelas hematomas, ela se levanta imediatamente e corre até mim.

Isabella: Por favor me ajude, ela está fraca e têm problemas de respiração — digo num sussurro, não tinha mais voz —

Xxx: UMA MACA POR FAVOR, TÊM UMA CRIANÇA GRAVEMENTE FERIDA — grita —

Em questão de segundos dois enfermeiros vêem correndo na nossa direção empurrando uma maca, eles pegam a minha filha com delicadeza e a deitam, eles começam a correr e eu vou atrás, queria ficar do seu lado, não iria deixar minha filha! Eles chegam numa área aonde está escrito " Atenção Área Interditada " mas eu não me importei e passei continuei seguindo eles, mas um dos enfermeiros me impede de avançar.

Xxx: Desculpe moça, sei o quanto deve ser doloroso mas a senhora não pode passar — diz e eu tento passar ignorando suas palavras —

Isabella: Me deixe passar é a vida da minha que está em risco, eu quero ficar do seu lado — justifico — Por... Favor — digo tentando procurar em me acalmar —

Xxx: Iremos cuidar muito bem dela senhora, vos peço que aguarde na sala de espera — ele me aponta para a porta —

Fraca e indisposta a discutir com o auxiliar eu caminho até a sala de espera cambaleando para os lados de tão fraca que eu estava, lágrimas e lágrimas escorreram pelo meu rosto, será que um dia fui injusta com alguém ao ponto de ter merecido isto? Se fui que o castigo fosse meu, não da minha filha.

Alguns pacientes me olhavam com dó outros com raiva pela minha reação mas eu ignorei todos os olhares e fui me sentar numa cadeira, abafo meu rosto com minhas mãos e me sinto em liberdade de chorar!

Aquele filho da puta não podia ter feito isso, ele tinha o direito de me humilhar, bater ou até espancar mas não tinha esse direito de magoar a própria filha, lhe tratar como se ela fosse uma desconhecida, um monstro!

Nem fazia 5 minutos que eu estava sentada naquela cadeira mas para mim já era uma eternidade, meu celular começa a tocar e meu coração acelera, deve ser Rodrigo ele acordou!

Mas para meu alívio era apenas Márcia, minha melhor amiga...

Ligação on

Márcia: Alô? Isa, eu vi a sua mensagem o que está acontecendo? Ele voltou a te abusar ou bater? — diz aos prantos —

Isabella: Márcia, me ajuda miga, eu não posso perder ela — diz chorando ainda mais — Ele cumpriu a sua promessa...

Márcia: Isabella do que você está falando? Aonde você está me diga que eu vou até aí — sinto sua voz a ficar trêmula —

Isabella: Me encontre no hopital ao lado do Universitário, estou na sala de espera — ela dá um longo suspiro e concorda —

Márcia: Dentro de 5 minutos estou aí — desliga —

Ligação off

Márcia sabia perfeitamente que tinha o dedo de Rodrigo no meio disso tudo, sei que ela estava tentando conter sua raiva para não cometer um erro!

Me sinto a culpada por isso tudo, eu deveria ter abandonado Rodrigo desde à época em que Bárbara nasceu, se eu tivesse escutados os conselhos da Márcia eu não estaria aqui no hospital à essas horas com a minha filha gravemente ferida porque o pai decidiu descontar sua raiva nela!

Vejo um médico a sair do corredor aonde tinha deixado minha filha, me levanto às pressas e caminho até ele com esperança que o próprio tinha notícias da minha pequena!

Isabella: Me desculpe, o senhor têm alguma informação sobre a minha filha — apoio minha mão na parede para não cair —

Médico: A criança que deu entrada nas urgências à minutos atrás? — pergunto e eu abano a cabeça positivamente — Me desculpe senhora, mas a sua filha foi transferida para a sala de observação constatamos que ela precisará de passar por uma pequena cirurgia ao nível da cabeça, pois abertura não foi de leve, ainda não temos a certeza mas ela precisará ficar alguns dias internada na UTI — diz com dó no olhar —

Meu mundo desaba totalmente, perco o pouco de forças que me restava e desabo no chão, isso não pode estar acontecendo, não com ela!

Sinto um perfume familiar e umas mãos delicadas tocarem meu rosto, Márcia estava sentada no chão com os olhos vermelhos e inchados.

Márcia: Eu ouvi aquilo que o médico disse e sinceramente sinto muito pela Bárbara mas sei que ela irá sair dessa e voltar para me provocar — tenta me animar — Não perde a fé Isabella Deus sabe o quanto você ama aquela criança — uma lágrima solitária desce do seu rosto e ela me abraça —

Isabella: Isso só pode ser um pesadelo Márcia, me diz que isso é um pesadelo — nos afastamos e ela me olha com pena —

Márcia: Você está abatida e com alguns machucados na boca, foi coisa do Rodrigo não foi — abaixo o olhar — Covarde do caralho, ele passou dos limites, eu vou lhe matar — diz com ódio nas palavras e eu nego com a cabeça —

Isabella: Não vale a pena tocar naquele imundo, eu cansei Márcia, eu não quero mais isso para mim nem para a Bárbara — ela me abraça novamente —

Márcia:Fique sabendo que estou do seu lado e irei te ajudar no que for preciso, você não está só...

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