Capítulo 6

14.6K 1.2K 43
                                    

Isabella narrando...

Motorista: Têm a certeza que é para aí que as senhoritas desejam ir?

Antes que eu possa responder ou questionar alguma coisa, minha amiga confirma de imediato! Algo estava estranho nela mas eu não sabia o quê, achei melhor não perguntar nada deve ser a canseira da viagem ou por causa da pequena confusão no aeroporto.

Minutos depois de o carro entrar numa estrada estreita e vazia, seguimos para uma rua totalmente deserta, sem casa nem pessoas, mas era sujo! Tinha até um sofá velho no meio do caminho parecia mais um terreno baldio e abandonado. Observo todo à minha volta e senti um frio na espinha arrepiando até os pelos da amiguinha de baixo.

Isabella: Márcia Teresa Góes para onde a gente está indo — digo séria e a mesma me fuzila —

Márcia: Condenada de satanás falei que não é pra ficar dizendo meu nome inteiro — reviro os olhos, ela detesta o nome — Imagina tô devendo alguém aqui no Rio, nunca se sabe.

Isabella: Não respondeu a minha pergunta — digo mantendo semblante sério —

Somos interrompidas pelo motorista anunciando a nossa chegada ao destino, o qual que eu não sabia era aonde. Rapidamente minha amiga desce do carro e fecha a porta, faço o mesmo em seguida com minha filha adormecida no meu colo.

Analiso atenciosamente o lugar onde a gente havia parado, o taxista informou que não poderia subir porque era proibido a entrada de carro nessa zona. Meus olhos fixaram por segundos um grande muro de mármore aonde estava escrito em letra maiúscula " Morro do Chapadão " parece que por segundos minha respiração cortou e meu coração parou de bater, senti minhas pernas ficarem moles e meus braços esgotados por causa da Bárbara ela estava dormindo de mau jeito, fui obrigada acorda-la e colocar ela no chão.

Finalmente quando retorno a minha postura de antes, sinto meu coração bater normalmente consigo falar.

Isabella: Morro do Chapadão é isso que está escrito nessa coisa ou eu virei cega — encaro Márcia que não dizia absolutamente nada — O que a gente veio fazer numa favela? Moço o senhor errou de caminho só pode, por favor dá uma averiguada nesse papel de novo — passo a mão pelo cabelo —

Motorista: Não houve engano nenhum senhora, o endereço é aqui mesmo mas não posso subir o morro, são proibidas as entradas de taxistas ou algo do tipo, agora se não for muito incômodo gostaria de receber meu dinheiro que ainda tenho muito trabalho pela frente — diz educadamente e eu sou obrigada a revirar os olhos -

Fala sério né, eu aqui quase cagando por estar num morro e talvez tentando saber o porquê da gente estar aqui e ele se acha no incômodo de pedir dinheiro?

Me poupe, se poupe, nos poupe!

Para não começar a gritar, a me estressar peguei minha filha e me afastei um pouco!

Na entrada do morro tinha alguns homens armados até aos dentes ambos encapuzados, nas séries de netflix ele eram bem menos assustadores e fracos do que na realidade.

Preconceito com favelas? Isso pra gente idiota que não têm nada para fazer, sem amor próprio se achando mais superior que tudo e todos, eu estou bem longe disso, mas morar em uma favela junto com a minha filha aonde há armas, traficantes, drogas, trocas de tiro entre outras coisas, acho que isso não é sonho para ninguém.

Assim que notaram a nossa presença falaram algo num tipo de radinho que eles utilizam para se comunicar, vejo dois de entres eles avançarem na nossa direção.

* * *

Depois de passar quase 1 hora observando Márcia discutindo com aqueles traficantes que não queriam de jeito nenhum nos deixar passar porque o dono do morro não estava presente e nem anunciou a nossa chegada, finalmente ou infelizmente um garoto alto, de cor morena, cabelo curto e preto, pediu para liberarem a nossa passagem.

Bárbara: Mamãe tô com fome - cutuca minha perna -

Isabella: Espera meu amor você já vai comer...

Ainda estávamos ao pé do morro conversando com o mesmo garoto se não me engano seu nome é Matheus, sub-dono daqui.

Th: Tô sabendo dessa história de prima não dona — cruza os braços ao nível do peitoral —

Márcia: Dona é sua m... — Márcia controla as palavras assim que vê Mateus retirando seu revólver — Vamos tentar de novo que hoje tá complicado até pra falar com bandido... Então nós não somos x9 nem infiltrados viemos aqui porque meu primo Wesley disse que podíamos ficar na sua casa até a gente caçar nosso rumo! Se não está acreditando em mim liga para ele e confirma a história - Matheus bufa de raiva e retorna a barreira -

Isabella: Você deveria ter me consultado em primeiro antes de trazer eu e a minha filha para esse lugar, depois a gente vai conversar porque aqui não fico nem um dia — digo —

Bárbara: Mamãe tô com vontade de fazer xixi e com fome - me cutuca de novo —

Isabella: A gente já vai descansar filha você aproveita para comer e fazer xixi —

Nessa hora Matheus se aproxima,

Th: Patrão me confirmou essa parada aí, mandou tu mais elas duas subirem até a casa grande para matar a xepa se ligou? Mas to de olho em vocês se forem da gambé é sete palmo de baixo da terra — ajeita seu boné —

De tão cansada e irritada que eu estava preferi não dizer nada, vai que ele toma isso de coração e aponta uma arma para mim? Deus me livre!

Subimos o morro a pé, com o calor insuportável do Rio queimando nossas costas, peguei um chapéu rosa e branco com um desenho de um panda dentro da minha bolsa e coloquei na cabeça de Bárbara, ela não pode pegar muito sol ainda têm a cabeça sensível por causa do "acidente".

A medida que a gente ia subindo o povo nos olhava de cima a baixo com cara de desgosto, escutavamos alguns cochichos durante o caminho, certamente por sermos novas ou por estar ao lado do sub-dono.

Chegamos em uma parte totalmente diferente das outras, as casas eram mais chiques e grandes comparada as outras, não tinha muita gente nessa área.

Th: O rango está sendo preparado podem entrar que depois os vapor vai trazer as malas — diz dando de costas —

Márcia: Ignorante!

No mesmo instante ela rola os olhos e dá um passo a frente tocando a campainha, minutos depois uma mulher alta, cabelos castanhos e longos aparentemente ter uns 45 anos aparece com um pano de cozinhas na mão, assim que vê Márcia abre um enorme sorriso.

Meu Novo RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora