Foram longos segundos me olhando fixamente. Eu não sabia se olhava para o lado ou para baixo, até mesmo para cima. Eu só não conseguia olhar para ele. Pudera, parecia que ia me engolir viva...
Alaric estreitou os olhos, virando-se e se sentou em seu trono voltando seu olhar para mim. Ergui a cabeça para encará-lo. Tinha que manter o pulso firme, embora eu me tremesse por dentro.
Para minha surpresa, Alaric riu. Eu não estava entendendo, não era a reação que eu esperava. Só então eu percebi que aquele sorriso era irônico.— Quer ir? — disse por fim.
—Impossível. Os prisioneiros do rei não podem sair do palácio. E a senhorita é uma prisioneira. Esqueceu? Embora não esteja na prisão, mas ainda sim é uma prisioneira. E se não quiser voltar para lá, aconselho a esquecer esse assunto.
Como? Meu tio estava doente, eu não podia esquecer.—Eu entendo, majestade. Mas meu tio está muito doente. Precisa de cuidados.
—E o que você pode fazer? Se está tão mal ele precisa de um médico.
Olhei fundo em seus olhos. Ele não podia ser tão cruel.—Não...temos um tostão, majestade.
—Ah é verdade. Rick Dewit deve muitos impostos.
—E como acha que vai conseguir pagar se não o permite vender suas mercadorias?
Alaric se contorceu em seu trono.—Estas cheias de informação, para uma prisioneira.
Ele se levantou olhando fixo em meus olhos.
—Quem está lhe informando?
Respirei fundo. Senti meu corpo gelar. Droga, eu não havia pensado nisso.—Ouvi pelo palácio, majestade.
—Ouviu? Então andam questionando os atos do rei pelo palácio? Quem?
Díos.Eu estava me complicando mais.—Eu não sei, majestade.
Ele se aproximou de mim e baixei meu olhar para não fraquejar.— Diga-me quem é e eu darei sua liberdade para cuidar do seu tio.
Eu tive que o encarar. Seus olhos claros estavam apontados para mim. Não era justo. Eu queria muito cuidar do meu tio, mas eu não podia entregar a cabeça de Katrine e nem do oficial.
— Diga o nome senhorita.— Eu...não sei.
—Vejo no seu olhar que está protegendo alguém.
Respirei fundo. Ainda muito nervosa.—Eu só estou preocupada com meu tio. Por tudo que há de mais sagrado. Deixe-me ir.
Ele estreitou os olhos, mas permaneceu em silêncio.
Eu tinha que ser mais firme, tentar convencê-lo de alguma maneira.
—Farei tudo que me pedir, majestade.Eu sabia muito bem o que ele queria de mim. Mas naquele momento não me importava com mais nada. Eu só pensava no meu tio. Em cuidar dele.
Alaric caminhou até o trono e se sentou, logo subiu seu olhar para mim. Era meigo, doce, vi piedade nele. Eu tinha certeza de que havia o convencido.—Querendo ou não, eu terei tudo de você, senhorita. Mas desse palácio não vai sair.
Meu sangue ferveu, a vontade que eu tive era de avançar para cima dele. Como alguém podia ser tão insensível daquele jeito?—Ele está morrendo, majestade!
—Todos morrem quando chega a hora.
Aquele sorriso irônico só fez aumentar minha raiva.—Eu te odeio!
Ele me encarava fixo. Não pareceu incomodado.
—Te odeio com toda minha força.—Então não me odeia tanto.
Eu precisava sair dali antes que eu cometesse uma loucura.***
Eu estava impaciente. A cada minuto que passava. Tio Rick estava doente e eu não podia estar perto dele. Ele podia morrer sozinho e eu nem ia ficar sabendo.
Assim que deixei a sala do trono me tranquei no quarto e dispensei Katrine. Eu não queria falar com ninguém. Eu só era raiva, nervosismo.
Que droga.
Eu estava com as mãos atadas. Não sabia o que fazer. Pensei em fugir na calada da noite. Mas o palácio era uma fortaleza, oficiais por toda parte. E se me pegasse aí assim tudo estaria perdido.
Eu tinha que tentar mais uma vez. Naquela noite eu ia invadir os aposentos do rei e ia o ameaçar com uma faca para que me desse a liberdade.
Ele era o rei, mas não podia tratar com tanta frieza uma pessoa.
Não era possível que ele não tivesse nem um pouco de consideração. Eu estava disposta a fazer aquela loucura.
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A favorita do rei
RomanceCAPA FEITA POR: @Bihsoares3 Devido a uma epidemia de peste no ano de 1800,Alana Dewit perdera seus pais ainda quando criança.Por medo da peste atingir sua sobrinha, Rick,seu único parente vivo,se viu obrigado a afasta-la da pequena aldeia da onde el...