Capítulo 21

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Passei o resto daquela tarde agoniada. Tentando arrumar um jeito de escapar do rei. Mas como? Eu não tinha muito tempo. E minha cabeça estava a mil, não conseguia pensar em nada. Fugir? Impossível com tantos guardas espalhados pelo palácio...

Preferi não preocupar mais ainda tio Rick. Apenas disse que tudo ficaria bem a partir daquela noite. Era o que eu acreditava. Mas por dentro eu estava gritando desesperadamente. E sentia como se eu estivesse presa num quarto escuro batendo e pedindo por socorro e ninguém me ouvia. Por mais que eu tentasse disfarçar, tio Rick sabia que algo me perturbava. E ele estava certo. O fato de o rei pensar que eu ainda era intocável, que naquela noite eu seria exclusiva dele, quando na verdade...
Ah Brian. Por que me enganou?
Por um bom tempo eu o acusava de ser o culpado por ter destruído minha vida. Se não fosse por ele, eu estaria na Espanha junto com meu tio. Estaria seguindo minha vida normal e oculta de toda essa gente que me idolatram como se eu fosse uma deusa.
Mas o tempo foi me mostrando que eu estava enganada. Que Brian não tinha culpa de nada...

Enquanto Katrine me arrumava para o encontro com o rei, eu ainda pensava numa tentativa de fuga. De repente quando estariam me levando até os aposentos do rei, eu podia enganar os guardas e sair correndo. Me esconder num lugar seguro. Tudo parecia muito fácil.
Mas a realidade foi outra.
Fui escoltada por meia dúzia de guardas, havia guardas pelo corredor e aos redores do palácio.
Sem chance.
Demorei um pouco para admitir que eu estava perdida.

Paramos diante a porta do quarto do rei. Respirei fundo tentando me manter acordada. Minhas pernas bambearam quando as portas se abriram e eu o vi ali, parado ao lado da cama, segurando dois cálices.
Mas uma vez eu estava ali. Da última vez eu quase arranquei um pedaço dos seus lábios. Foi por ter reagido violentamente que eu estava passando por aquilo.
Eu fiz tudo errado.
Não faça nenhuma burrada, Alana.
Não faça nenhuma burrada!
Pensei várias vezes enquanto me aproximava a passos lentos do rei.

— Alana Dewit.
Meu nome saiu num som sonoro.
— A favorita do rei!
Completou me entregando um dos cálices.
Não faça nenhuma burrada, Alana.
Peguei o cálice e ele sorriu educadamente. Ergueu seu cálice oferecendo um brinde.
— A essa noite tão esperada.
Não faça nenhuma burrada, Alana.
Brindei sem esconder o nervosismo.
Levei o cálice a boca e senti o cheiro seco do vinho. Olhei para ele que havia acabado com sua bebida num gole só.

— Não vai beber?

— Eu nunca...-saiu num sussurro.

— Entendi.
Ele pegou o cálice da minha mão e colocou em cima do móvel ao lado do seu.
—Prefiro assim. Sóbria. — Olhei de um lado para outro tentando encontrar um jeito de correr.
— Está com fome?
Faminta.

— Não.
Ele me olhou percebendo meu nervosismo. Se aproximou de mim levando a mão ao meu rosto.

— Não precisa ficar nervosa, milady.
Como não ficar?
Eu estava presta a me entregar a um homem que eu repugnava.

— Majestade.
Saiu num sussurro. Dei um passo para trás, afastando-me de sua mão. Eu queria falar, eu tinha que falar a verdade. Tomei um impulso, nem pensando direito no que poderia acontecer comigo naquele momento.
— Eu...— Ele deu um passo para frente, encostando educadamente o dedo indicador em meus lábios.

— Shiii. Não fala nada, entendo o seu nervosismo.
Ele não entendia nada.
— Esperei tanto por esse momento, milady.
Nossos lábios estavam bem próximos. Ele ia me beijar.

— Majestade!

— Não hesite mais, milady. Se entregue a mim.
Madre del cielo.
Eu tinha que sair correndo. Mas ele me beijou, carinhosamente. Um beijo doce e quente, o que me surpreendeu. Totalmente diferente daquele beijo agressivo e machista que me dera assim que cheguei no palácio.
Confesso que me derreti com aquele beijo, enquanto me beijava minhas pernas bambeava-me, queria me soltar, mas por que eu não conseguia?

Seus lábios foram descendo pelo meu pescoço arrepiando todo o meu corpo. Aquela sensação me delirava. Mas que diabos estava havendo comigo?
Eu não podia deixar me levar pela aquela sensação. Ele tinha que entender que eu não era como as outras. Comecei a hesitar, mas suas mãos acariciaram meus seios por cima da camisola fina de linho. Meus mamilos incharam com seu toque enquanto beijava meu pescoço.
Apoiei minhas mãos em seu peito na intenção de afastá-lo de mim, pude perceber o quão firme e músculo ele era, e ao invés de afastá-lo, eu me deliciei do seu peitoral.
Droga,Alana.O que há com você?
Um sentimento ardido e quente me envolvia. Eu já havia sentido antes, quando me entreguei ao Brian.
Brian.
Por que pensei nele naquele momento?
Díos.Eu me entreguei ao Brian porque eu o amava.
Mas por que sentia a mesma sensação com Alaric?
Não.Eu não podia permitir que continuasse aquele absurdo.

— Por favor, não.
Num impulso fugir de seus beijos quentes e desejáveis.

— Milady...
Ele tentou se aproximar, mas eu o impedi.

— Por favor, não se aproxime.
Seu olhar era de desentendido.

— Achei que já havia aceitado ser minha, milady. E pareceu bem à vontade com meus beijos.
De alguma forma eu estava.

— É que...eu...não pode ser assim.
Ele franziu o cenho. — Bom, isso é.... uma coisa tão linda para ser feito de qualquer maneira.

— Não entendo, milady. Pode explicar.
Com que palavras?

— Não há amor, majestade. E sem amor não seria perfeito. — O que eu estava falando? — Eu não...seria boa o bastante. Não me entregaria totalmente a vossa excelência. Da maneira que te agrade.
Outra rejeição. Agora sim eu ia para forca.
Ele me olhava pensativo.
— Majestade, sei que tens as mulheres que quiser sem fazer nenhum esforço. Mas eu não sou como elas. Eu...quero me entregar a alguém que me faça me sentir bem, que me conquiste com coisas mínimas, que me trate com carinho...
Ele levou o dedo indicador nos próprios lábios insinuando que eu me calasse. Minha respiração estava ofegante enquanto ele permanecia em silêncio.
Cuidadosamente ele se virou e num gesto surpreendente pegou uma rosa que estava na jarra. Virou para mim novamente.

— Coisas mínimas como esta?
Se aproximou me entregando a rosa. Peguei com a mão trêmula.
— Você merece muito mais do que coisas mínimas, milady. Eu percebi que não era como as outras desde aquela vez que me enfrentou na cachoeira. E foi por isso que eu me apaixonei por você.
O quê?
Eu ouvi bem?
— Reconheço que tenho sido um idiota com você.
Era uma piada. Só podia ser.
— Eu não vou obrigá-la a fazer o que não quer. Eu quero que se entregue a mim quando tiver a certeza.
Ele deu uns passos para trás sem deixar de me olhar. — Eu vou te conquistar, milady.
Eu não acreditava no que estava ouvindo.
Naquele exato momento, minhas vistas começaram a escurecer, Alaric foi sumindo no meio daquela escuridão.

—Alana?
Ouvi sua voz lá no fundo e quando senti seus braços me segurando, desfaleci... 

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora