Capítulo 12

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"Nunca troque o que você mais quer na vida pelo que você mais quer no momento, pois os momentos passam e a vida continua..."

Brian estava sentado à mesa tomando café.Respirei fundo e entrei na cozinha.Impossível não ficar nervosa com os olhares de Brian para mim todo o tempo.Eu não sabia como o encarar.
Nosso momento na mina abandonada foi maravilhoso,Brian foi carinhoso,cuidadoso,amoroso...
Repetiu várias vezes que me amava,que queria estar comigo para sempre...eu me entreguei a ele,de corpo,alma e coração.Eu pertencia a ele e ele me pertencia.Nos amávamos...
Embora algo me incomodava por dentro,não fizemos certos,não era para ter acontecido.Não que me arrependi,mas aos olhos de Deus é pecado,a mulher deve se manter pura até o casamento,para que depois o ato seja consumado com seu marido.

—Está tudo bem?
A voz do Brian me trouxe de volta.

—Está sim.Por que?
Não consegui olhar em seus olhos.

—Está tão inquieta.

—Só estou... preocupada,com tio Rick.

—Só isso?
Subi de relance meu olhar para encará-lo.

—Só Brian.—voltei minha atenção a bandeja que eu estava preparando para tio Rick.—Vou levar o desjejum do tio Rick.
Saí sem olhar para trás.

Dei três toques na porta e tio Rick permitiu minha entrada.Ele estava com um semblante melhor,já não tossia tanto,aquelas ervas que colhi no  campo ajudaram bastante.Abri um sorriso para ele o cumprimentando,ele retribuiu com um sorriso mirrado.Foi difícil convencê-lo a ficar em casa naquele dia.Ele ainda não estava cem por cento,e eu não queria que ele tivesse uma recaída,ainda mais com o tempo frio que estava naquela manhã.
Mesmo doente estava preocupado em abrir o armazém.Precisava pagar as dívidas que estavam se apertando cada dia mais,e ficar um dia sem abrir o armazém,seriam algumas moedas a menos e tio Rick estava atolado até o pescoço.
Eu não conseguia entender,como tio Rick se complicava tanto em pagar suas dívidas?
Brian e eu nos responsabilizamos pelo armazém naquele dia.

—Onde eu deixo esse saco de arroz?
Não fazia idéia.Só tio Rick sabia onde colocar as coisas no seu devido lugar.
Olhei para Brian segurando o saco de arroz.

—Coloca lá no depósito Brian.Pega o corredor na segunda porta a direita.
Ele passou por mim,mas antes parou e me deu um beijo demorado.Eu sorri e ele seguiu sorrindo também.

Aquele dia estava sendo exaustivo,era o dia de entrega das mercadorias e a todo instante chegava uma carroça trazendo mais coisas.Brian achava graça enquanto eu me enrolava toda.Parecia ser tão fácil para tio Rick.
Tudo se complicou ainda mais quando não tinha mais dinheiro para pagar as mercadorias,tive que devolver muitas coisas.

Finalmente as horas passaram e o final da tarde chegou.Pedi ao Brian para verificar quantas mercadorias ainda sobraram no depósito enquanto eu finalizava o custo do dia.Havia saído mais do que entrou no caixa.Tio Rick tinha mesmo que vender o armazém,ele não estava dando conta.
Ouvi passos de alguém entrando,eu havia esquecido de fechar a porta.

—Desculpe senhor,já fechamos.
O homem parrudo e muito bem vestido pareceu não entender.Se aproximou do balcão e tirou o chapéu me olhando cauteloso.

—Senhorita,estou procurando uma pessoa.Me informaram que aqui eu conseguiria saber mais.
Franzi o cenho,olhei ao redor,torcendo para que Brian surgisse,pois aquele homem me causava arrepios.

—Não sei se...posso ajudar...

—O senhor Dewit se encontra?

—Não.Ele está...debilitado.

—Senhorita,estou procurando meu filho.Achei que estivesse numa pousada,mas lá me disseram que há dias ele não está mais lá.Então me disseram que o Sr.Dewit saberia me dizer.
Olhei bem seus olhos,mas eu não sabia o que responder.
—Que indelicadeza.Nem me apresentei.Sou George Lionel,Conde da Grã-Bretanha.
George Lionel.
Só podia ser o pai do Brian.
Estiquei minha mão para ele que logo a levou em seus lábios.

—Alana Dewit,milorde.

—Encantado.

—Está tudo certo,Alana...
Brian paralisou quando deparou com seu pai bem diante de nós.
—Pai?

—Aí está você!
Seu tom de voz não foi muito gracioso.Algo dizia que o Sr.Lionel não estava ali só para uma visita.

—O que faz aqui?

—Com o que eu faço?Vim atrás de você,seu irresponsável.Você está as vésperas do seu casamento e sumiu.
Arregalei os olhos já aflita.

—Casamento?
Brian mal me encarava.

—Pai...vamos conversar à sós...

—Eu não vim conversar,Brian.Vim te buscar.

—Espera aí.Você vai se casar?É isso?

—Alana,eu posso explicar...

—Explicar o que,Brian?o que você tem com essa senhorita?
Brian não sabia o que responder.

—Ele...me pediu em casamento,senhor.
Soltei num sussurro.

—Você o quê?Brian,você já está noivo!casamento marcado com a Lady Beckham.
Era demais para mim.Saí dali as pressas já não segurando o choro.Brian gritava meu nome,mas eu nem olhei para trás.Só queria saí dali o mais rápido possível.
Corri até a praça e me sentei no banco tentando recuperar o fôlego.
Ele estava noivo.Ia se casar com outra.Como pôde me enganar?Dizia que me amava,queria ficar comigo para sempre,eu me entreguei a ele..

—Meu Deus!
Eu estava perdida.Desesperada.Angustiada.O que eu ia fazer?

—Alana!

—Sai Brian!Me deixa em paz!
Tentei correr novamente.Mas ele me segurou em seus braços.
—Solte-me!deixe-me ir!

—NÃO!Não sem antes me explicar...

—Explicar?Você me enganou,Brian.Mentiu para mim.
Desabei em lágrimas.

—Oh meu amor.Não faz isso por favor.Não chora assim.
Ele limpou minhas lágrimas com o dedos segurou meu rosto entre as mãos.
—Por favor,me deixa explicar tudo.E depois,se não quiser mais me ver...eu vou embora para sempre da sua vida.Eu prometo.Eu prometo.
Respirei fundo tentando controlar minhas lágrimas que insistiam em cair.
Fui sentando no banco devagar conduzida pelos braços de Brian que se sentou ao meu lado em seguida.
Eu queria ouvir qual explicação ele teria.Por que havia me enganado de uma forma tão cruel.
O que eu havia feito para que me punisse com tamanha maldade?
Qual foi meu erro...?







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