Capítulo 36

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Autora narrando...

Palácio Graham
Londres

Alaric passou a noite em claro, não conseguiu dormir um minuto se quer. Chegou o dia do julgamento da rainha e James.
Estava aflito e nervoso. Às vezes se pegava pensando em fazer alguma coisa, mas nada podia fazer. Não estava mais em suas mãos e sim dos juízes.
No fundo torcia para que James fosse condenado a prisão, mas sabia que, tratando de uma traição ao rei, pagaria com a vida, condenado à forca.
James.
Justo ele.
O considerava irmão, cresceram juntos, brincavam pelo palácio, era seu conselheiro real. Não estava acreditando que James o traiu.
Alaric estava sentado em seu trono ansioso, dispensou os músicos, os servos, até os soldados. Estava sozinho. Com seu pensamento.

Como estava sem sono, Alaric procurou por Alana na noite passada. Precisava dela, só ela o acalmava, lhe confortava conversar com ela. Mas ela se encontrava dormindo profundamente.
Cauteloso, caminhou até a sua cama e se sentou com cuidado para não a acordar.
Alaric levou sua mão para acariciar seu rosto, sua pele mais parecia um veludo, tão macia.
Alana se moveu para o lado, mas sem acordar, balbuciou algumas palavras que Alaric não havia entendido. Só conseguiu ouvir um nome.
Brian.
Seria esse o pai do seu filho?

O general do exército inglês entrou na sala do trono seguido por Harry.
Alaric estava tão distraído que nem notou os dois se aproximando.

—Majestade.
Chamou pela segunda vez. Alaric guiou seus olhos aos homens que estavam diante dele.—A sentença já foi dada.

—Já?
O tempo passou tão rápido que Alaric nem havia se dado conta.

—Sim, Majestade.

—E o que foi decidido?
Antes que o general abrisse a boca para responder, as portas da sala se abriram e um menino magricela entrou correndo seguido pelas guardas que vigiavam as portas.
—Mas o que é isso?

—Majestade. Desculpe pela invasão, mas vim em nome do Duque de Langdon. Mas eles não me permitiram entrar. Então...
Alaric já sabia do que se tratava. Acenou com a cabeça para os guardas que se afastaram do menino e voltaram aos seus postos.

—Por que veio em nome dele?

—Lorde Stanford se encontra debilitado. Mal se aguenta de pé. Ele recebeu a notícia sobre...o adultério da rainha.
Alaric estreitou os olhos.
—Ele escreveu essa carta, Majestade.
O menino estendeu a carta para ele que hesitou em pegar por alguns segundos.

—Seja o que for, não poderei fazer mais nada. — respondeu olhando para a carta selada em sua mão.
Abriu a carta e começou a ler...
Assim que terminou, respirou fundo e olhou para o rapaz que esperava atento por uma resposta.
—Diga a ele, que o que a filha dele fez não tem perdão. E mesmo assim. Eu já não posso fazer nada. A sentença foi dada. Diga, general. Para que o menino possa levar a notícia ao duque.

—Os...adúlteros foram condenados à forca. James será enforcado amanhã ao amanhecer. A rainha, como espera uma criança, ficará na prisão até o nascimento do bebê. Assim que acontecer, será cumprida a sentença.
Houve um breve silêncio.

—Diga ao duque que assim que a criança nascer, será entregue a ele. Para que cuide do bebê. É o que posso fazer por ele. Sinto muito.

****
James estava sentado no canto da parede no chão frio e úmido. Nunca imaginou se encontrar naquela situação. Ouvir todos os supremos lhe acusando de adúltero foi como se Alaric tivesse lhe dado uma facada fatal.
James jamais faria isso. Muito menos com a esposa do rei, seu primo quase irmão. Nunca trairia o rei, de forma alguma. Ele era seu mais fiel amigo.
O que doía não era o fato de que seria enforcado na manhã seguinte. O que doía era que Alaric acreditava mesmo que ele fosse capaz de trai-lo. Ele não acreditava que aquilo estava acontecendo com ele.
Era um sonho. Só podia ser. De repente ele ia acordar daquele pesadelo...
James ouviu um barulho de porta se abrindo e ao subir o olhar, encontrou com Alaric pronto para entrar na cela.
Ele se levantou sem entender. Porém sentiu um pouco de esperança.

—Alaric.
Falou quase em sussurro.
Alaric se aproximou tentando manter a calma.
Ficaram se olhando por alguns instantes.

—Por quê, James? eu confiava em você.

—Eu não fiz nada. Não fizemos nada, Alaric.

—Tem provas, James! Cartas românticas! Um monte delas. Para minha esposa.

—Não fui eu quem escreveu aquelas cartas.

—Mas é sua letra! Como não foi você?
James se perdeu nas palavras. Não sabia como explicar.

—Não fui eu, Alaric. Por favor precisa acreditar em mim. Somos inocentes. Por Deus acredite em mim.
Alaric não segurou as lágrimas.

—Eu não consigo acreditar!

—Em nome da nossa amizade de anos. Somos como irmãos, Alaric. Amanhã serei enforcado como um adúltero. A sua esposa será enforcada daqui algumas semanas como adúltera.

—Não se preocupe com seu filho, ele será bem cuidado.

—Seu filho, Alaric. É seu filho.

—Chega James! As provas são bem claras. E que provas você tem para mostrar que é inocente?

—Nenhuma. Mas achei que pela consideração você acreditaria em mim.

—Não sabe como eu queria acreditar. E mesmo que eu acreditasse, os supremos já lhe condenaram. Não tem como voltar atrás.

—Mas você é o rei. Se quiser pode adiar a forca. Me daria um tempo para provar minha inocência. Mas você não faz. Não faz porque está certo. Acredita mesmo que eu e a rainha te enganamos. Duas pessoas inocentes vão morrer, Alaric.

—James...

—Saia, Alaric. Quero passar a minha última noite rezando, pedindo a Deus que me perdoe pelo meu pecado. Saia, por favor. Eu não me importaria ser enforcado amanhã, mesmo sendo inocente. Se viesse aqui para me dizer que acredita em mim, que encontraria o culpado e que vingaria minha morte, eu morreria em paz. Mas veio para olhar nos meus olhos e confirmar que realmente não tem o mínimo de consideração por mim. Pela mãe do seu filho. Saia!
Alaric queria muito abraçá-lo, p ela última vez. Mas não o fez. Apenas virou-se e saiu.
James,vendo que se encontrava sozinho, desabou em lágrimas. Ele só queria que acreditasse na sua inocência.

Assim que chegou no saguão, lady Beckham já estava esperando aflita.

—Majestade!

—Agora não!
Passou por ela como um foguete subindo as escadas às pressas.

—Tem algo que precisa saber...
A jovem insistiu.

—Eu disse agora não!
Ela parou no meio da escadaria enquanto Alaric nem olhava para trás.

—É sobre o meu marido e a moça grávida, Majestade!
Soltou sem pensar.
Alaric parou de imediato. E se virou para lhe dar atenção.
—Quer ouvir uma história, Majestade...?

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora