capítulo 5

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"As pessoas boas nunca morrem...elas vivem para sempre em nossos corações. Cada lembrança,se torna saudade,mas nunca esquecida.
Sempre tem um momento que se pudesse voltar atrás,a gente não faria de novo,ou faria diferente.
E tem momento que a gente queria que nunca acabasse.
Uns te fortalecem...
Outros te ensinam...
Te inspiram...
Te decepcionam...
Mas são passageiros...
Nada é para sempre...
Por isso devemos viver cada momento como se fosse o último.Seja para fortalecer,ou para ensinar,para inspirar,até mesmo para decepcionar...Mas viva...simplesmente viva..."

Passamos o dia todo no cortejo do corpo do rei.Eu estava exausta,quis ir embora várias vezes,mas tio Rick não me permitiu.Era tanta gente chorando como se fosse um parente que estava morto ali.Quanta bajulação por um rei que só sabia explorar o povo,cobrando impostos absurdos,tomando os bens daqueles que não pagavam em dia.
Eu só estava lá havia duas semanas...
E mesmo assim,todo o reino estava lá,como se não tivesse coisas mais importante para fazer.
Eu estava incrédula,quatro crianças morreram por causa das enchentes da chuva na noite passada,pessoas perderam parentes,casas,o pouco que tinham, essas foram as que mais choraram pelo rei do que pelo o que perderam...

—Inacreditável. —exclamei assim que entrei em casa.—a cidade está um caos e o povo é obrigado a seguir o cortejo da realeza.
Desamarrei meu chapéu e me sentei na poltrona.Brian fechou a porta atrás de si e me olhou radiante.
Tio Rick havia ficado na cidade,disse que precisava resolver uns assuntos da venda do armazém.
—Eu preferia que acompanhasse meu tio.Eu sei quais assuntos ele tem para resolver.
Jogos e álcool.
Abaixei meu olhar e fiquei observando por uns instantes minhas mãos.

—Está tudo bem?
A voz de Brian soou rouca e bem firme.

—Só...fico preocupada com tio Rick.Está doente e mesmo assim não quer que eu cuide dele.
Brian se aproximou e se sentou na poltrona a frente.

—Ele sempre foi um cabeça dura.

—Pois é.E quanto mais velho,mais cabeça dura ele fica.
Soltei um sorriso fazendo o Brian sorrir também. Meu corpo todo se arrepiou.

—Ele falou comigo que não quer ir para a Espanha. Que o lugar dele é aqui.Onde nasceu e quer morrer aqui.

—Eu entendo.Mas ele precisa de mim.E eu só vou ficar bem quando eu o tirar daqui e leva-lo para perto de mim.

—Eu sei.Você tem que fazer o que é certo.

—Exatamente.
Ficamos nos olhando por uns instantes.Todos os momentos que passamos juntos quando crianças,vieram na memória...
Aquele olhar que me hipnotizava,que me atraía, que me puxava para um abismo,aquele mesmo olhar que estava sobre mim naquele momento.
O meu dia só começava quando eu via aquele olhar.Eu era apaixonada por ele,mas nunca me atrevi a contar.
Eu só tinha doze anos,mas eu sabia o que era uma paixão.
E eu estive apaixonada por ele durante anos, eu achava que sentia o mesmo por mim,só que,como eu,não tinha coragem de confessar,até não receber mais suas cartas.Acreditei que havia encontrado outra pessoa,uma namorada talvez, e simplesmente esqueceu de mim...
Era como se alguém arrancasse com as mãos o meu coração. Como foi difícil para mim aceitar que Brian não era mais o meu amigo.Que não se importava mais comigo.No começo até entendi,pois conhecera o pai e estava tão contente que não teve tempo de me escrever,mas depois,percebi que eu estava enganada.Brian havia realmente esquecido de mim...

Mas naquele exato momento,ele me olhava,mas era diferente, de um jeito que me deixava desconcertada. Sem jeito,sem entender o que causava em mim.
Desviei meus olhos para o lado completamente perdida.
O silêncio durou alguns segundos,até Brian quebrar o gelo.

—Eu nunca esqueci de você,Alana.
Olhei para ele franzindo o cenho.

—Como?

—Durante todos esses anos,vinte quatro horas por dia,pensando em você.—ele pareceu ler meus pensamentos. —A visão de você indo embora naquele navio ficou na minha memória durante noites,me fazendo sonhar o mesmo sonho.Você levou um pedaço de mim,Alana.
Eu não sabia o que falar,apenas tentava controlar minha respiração.
—Meu coração foi com você.
Foi como se eu tivesse acabado de ouvir um coral de anjos cantando ao meu lado.
—Eu sempre fui apaixonado por você.
Eu estava certa...
—Mas nunca tive coragem de dizer.E quando você partiu,percebi que eu havia desperdiçado a oportunidade de te confessar isso.Eu escrevi várias cartas me declarando,mas não tive coragem de enviá-las.A última escrevi há uma semana.
Então era isso.Ele não deixou de me escrever e sim,não teve coragem de enviar.Me senti mais aliviada em saber que eu estava enganada a respeito dele.

—Podia ter enviado...bom,como fazia sempre.

—Você parou de me escrever.Achei que havia me esquecido.

—Não.Claro que não. Como eu poderia te esquecer?Eu que achei...por que fomos tão covardes?

—Eu não sei.Eu tive medo de estragar nossa amizade.Acabou que nos afastamos de qualquer forma.
Confesso que eu estava me sentindo melhor.
Brian Lionel sentia o mesmo por mim,e como eu,teve medo de contar.
—Eu segui minha vida,mas nunca deixei de pensar em você, nem um minuto se quer.Eu tinha certeza do que eu sentia por você. Não sabe o quanto eu esperei te encontrar novamente.
Me contorci na poltrona.

—Então percebeu que era apenas uma paixão de infância.
Brinquei para não demonstrar nervosismo.Ele me olhava intensamente.

—Não era só uma paixão de infância, Alana.Eu te amei...
Mal conseguia manter minha respiração,com certeza eu já não conseguia mais esconder meu nervosismo.Ele me amou?
Voltei um sorriso torto.

—Por que está dizendo isso agora,Brian?
Eu já estava chamando ele de Brian...?

—Porque eu precisava dizer isso olhando em seus olhos...
E se tio Rick não chegasse naquele momento,não sei o que poderia ter acontecido... Mas eu vivi aquele momento...

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora