Capítulo 28

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Katrine e eu seguimos em direção ao jardim, eu não caminhava, eu flutuava. Reencontrar Brian me fez ter novamente esperança.
Eu ainda suspirava por ele, queria seus braços em mim, queria seus beijos apaixonados, queria seu corpo no meu. E envolvendo com seu amor e ternura, de um jeito só dele.
Ele passaria alguns dias no palácio, tão perto e tão longe de mim ao mesmo tempo. Mas ele estava lá. Nada me afligia mais, não tinha mais medo. Ele me transmitia paz.
Katrine falara alguma coisa que não consegui entender, pois meu pensamento estava em Brian e toda vez que pensava nele, não via e nem ouvia nada ao meu redor...

—Apreciando o passeio?
A voz de Alaric me trouxe a realidade. Ele estava bem diante de mim. —Além do Jardim?
Deu uma olhada para Katrine.

—Perdão, majestade!
Por que ela se desculpou?

—Nos deixe, Katrine.
Olhei para Katrine implorando para não ir. Mas era uma ordem do rei que foi cumprida imediatamente.
—Venha comigo!
Passou por mim tão ligeiro que pude sentir o vento em meu rosto.
Ele caminhava para o lago. Meu coração gelou.
Será que Brian ainda estava lá?
Se estivesse certamente tudo ia se complicar. Alaric não era bobo, sabia que eu estava vindo do lago e se encontrasse com Brian...procurei não pensar o pior.
Díos Santo.
Que Brian não esteja lá.
E Ele ouviu minhas preces...

—Quando eu era criança, queria ir a cachoeira para nadar com os filhos dos oficiais. Mas era impossível para o filho do rei. Meu pai tinha receio de eu viver como uma criança normal...
Olhei de um lado para o outro para ver se via Brian. Mas não o encontrei. Por onde havia passado?
—Minha infância toda foi apenas no palácio. Eu tinha uma professora particular que vinha todos os dias me dar aulas. Eu achava um saco.

—Era o correto. Afinal, era o príncipe herdeiro.
Alaric deu uns passos à frente e ficou observando o lago com um olhar saudoso.

—Quando os filhos dos guardas, que hoje exercem os ofícios, iam para cachoeira e eu não podia nem se quer cruzar os portões, eu chorava querendo ir. Foi quando meu pai mandou fazer esse lago, só para mim. Para eu não chorar mais.
Franziu o cenho.
—Deu certo. Lembro do meu pai na beira do lago me olhando nadar. Sorridente ao lado da minha mãe. Mas daí fui crescendo, e meu pai foi se distanciando a cada dia mais.

—Ele tinha obrigações. Era o rei.

—Ele se tornou arrogante. Querendo o tempo todo me doutrinar. De como me comportar. Era irritante demais.

—Ele só estava querendo te preparar para ser um bom rei. Para assumir o trono quando...
Afinal,por que estava me contando isso?
Ele girou o corpo e me fitou.

—Minha mãe me questionou por que eu não derramei uma lágrima quando meu pai morreu. Fiz que não ligava. Mas na verdade eu estava morto por dentro. Perdi meu herói. Não o rei de Londres, mas o meu pai. O homem que mandou fazer esse lago só para eu não chorar mais. O homem que, mesmo tendo suas obrigações como rei, arrumava um tempo para brincar comigo. Se foi. Acabou. E eu nem pude me despedir. Porque havíamos brigado.
Ele se calou por um momento e olhou para as próprias mãos.

—Por que está me contando isso?
Voltou a me encarar. Seus olhos estavam vermelhos e lacrimejando.
Era certo o que eu estava vendo?

—Toda vez que eu quero voltar no tempo. Eu venho para cá. E é aqui que choro a morte dele.
Uma lágrima rolou em seu rosto e rapidamente ele a enxugou.
—Foi como se ele tivesse levado um pedaço de mim.

—Eu entendo. Passei por isso duas vezes. Primeiro minha mãe, quatro dias depois foi meu pai. Tio Rick é o único que eu tenho agora. E eu nem sei como está.
Me interrompi para não continuar, pois falaria tudo que eu tinha vontade de falar para Alaric. Mas ele estava tão sensível naquele momento.

—Não sou esse monstro que me desenha.
Era a minha chance.

—Então...por que me mantém presa aqui? Se mal fala comigo. Por que levou meu tio para longe de mim? Por que quer me punir?
Ele segurou meus braços e me olhou carinhosamente.

—Porque eu te amo. Te amei desde a primeira vez que te vi. No pátio quando se recusou a ser curvar diante da rainha. Eu tinha perdido meu pai, tudo havia se quebrado por dentro. Até que eu te vi.
Alisou meu rosto delicadamente.
—Eu te desejei naquele instante. Mas recusou meu convite e meu presente.

—E agora está me punindo. Por isso me trouxe para cá.

—Não. Você não entende. Eu te amo.

—Se me ama como diz, então deixe-me ir.

—Eu não posso, Alana. Você é a minha saída.

—Saída para quê?

—Para suportar a perda do meu pai.
Como?

—Eu...não entendo.

—Eu nunca havia me sentido assim com nenhuma outra mulher. Embora reconheço que agi como um covarde com você.
Senti minha face corar.
Certamente ele falava daquela maldita noite...
—Por favor, me perdoa. Perdi a cabeça naquela noite. Mas eu fiquei furioso. Eu não quis aceitar que você não me queria.

—Por favor, não me lembra daquela noite.
Ele segurou em minhas mãos e as ergueu até seu peitoral firme e bem musculoso.

—Saiba que você não é minha prisioneira. Seu tio está sendo muito bem cuidado. É a única maneira de manter você aqui. Eu quero me redimir pelo meu erro. Quero cuidar de você.
Olhou rápido para minha barriga.
—Do seu filho. Do seu tio.

—Se quer meu bem. Deixe-me ir e levar meu tio.

—Não me peça isso. Por favor. Eu não posso perder você também. Te quero perto de mim. Eu te amo.

—Mas...eu não te amo.
Seus olhos estreitaram. Soltou minhas mãos e girou o corpo para frente.

—Deixe-me ir, majestade!
Ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Você vai me amar, Alana. Farei de tudo para merecer seu amor.
Me encarou novamente.
—Entende agora por que não posso deixá-la ir?
Eu não entendia.
Que tipo de amor era aquele?

—Eu nunca amaria um homem de coração duro e cruel igual ao seu.
Achei que ele fosse ter um ataque de fúria, que perderia toda a sensibilidade e voltaria a ser o Alaric perverso de sempre.
Mas ele simplesmente me olhou.

—Darei um baile essa noite. Adoraria dançar uma valsa contigo. Por favor, esteja lá.
Estava calmo e educado demais.
Dito isso. Passou por mim e se foi sem demais nada a dizer... 

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora