Era um final de tarde fria e a estrada estava coberta de neblina. Já fazia algumas horas que deixamos Gênova e tudo que o rei tinha de mim era o silêncio durante aquele percurso. Eu estava me corroendo de tanta raiva que não conseguia olhar para o rei sem meu sangue ferver. Ele não se cansava de fazer maldades...
Negou o direito de o Brian conhecer o filho. Me fez mentir, magoei seu coração, naquele momento ele certamente estaria pensando o pior de mim. Meu coração chorava lágrimas de sangue, enquanto o rei desfrutava do meu sofrimento.
Que tipo de amor era aquele?
Não.
Não era amor a mim.
Era amor a si próprio. Para provar que podia ter tudo que queria, mesmo sendo da pior maneira..., mas ele estava conseguindo...Eu nem percebi quando chegamos em uma estalagem. O caminho todo estava pensativo, desanimada, destruída.
Brian me olhou com desprezo, desapontado, pensou o pior de mim. E eu não pensava em mais nada, só em o quanto ele me odiava naquele momento.—Amanhã cedo continuaremos a viagem.
Ouvi a voz de Alaric enquanto eu entrava no quarto, só não estava prestando tanta atenção. Eu queria sair correndo dali, me perder no meio daquela mata e me esconder num lugar onde ele não me acharia. Mas o choro do meu filho me despertou. Olhei para ele no colo da serva. Eu não podia fugir.
—Já pedi para que lhe sirvam alguma coisa para comer.
Madre.
Ele ainda estava ali. Me direcionei a cama e me sentei. Não me sentia muito bem, me enrolei na capa e lentamente fui me deitando. Estava frio, muito frio. Parecia que eu ia congelar. Meu corpo tremia, a capa enrolada no meu corpo não estava me aquecendo.—Está tudo bem, senhora?
A serva me perguntou estranhando meu estado.
—Frio.
Respondi num gemido.
—O que houve?
A voz do Alaric ecoou do outro lado.
—Acho que ela não está bem, majestade.
Vi o rosto do rei, preocupado. Senti sua mão em meu rosto.
—Está ardendo em febre. Vá chamar o médico real.
—Sim, majestade.
Vi quando a serva colocou meu pequeno ao meu lado. Meus olhos foram fechando, eu não conseguia controlar.
—Alana! Está me ouvindo?
Sim. Estava. Mas não consegui responder.
—Ei! Alana!Estreitei os olhos, o vulto de Alaric estava a minha frente, me cobriu com o cobertor e se sentou ao meu lado. Meu filho chorava.
—Meu filho!
Tentei me levantar, mas as mãos fortes e firmes do rei me impediram.
—Vai ficar tudo bem.
Ainda não enxergava bem, mas vi quando ele pegou Charles no colo e caminhou até a porta.
O que ele ia fazer?
Para onde levou meu bebê?
Meus olhos fecharam novamente. E vi Brian. Ele me olhava com os olhos cheios de lágrimas. Havia um penhasco que nos separava. Eu queria ir até ele, mas se eu desse mais um passou eu cairia.—Alana!
Ele gritou meu nome estendendo a mão para mim.
—Alana!Mais uma vez. Eu queria ir até ele, queria segurar sua mão.
—Alana! Alana, acorde!
—Não era Brian. E sim Alaric.
Vamos. Precisa beber esse chá.Só lembro do gosto amargo na minha boca. Caí no sono outra vez...
Autora narrando...
Alaric não saiu do lado de Alana que delirava por causa da febre alta. Naquele momento deveria estar sonhando com seus pais, pois estava chamando por eles. Ele queria fazer alguma coisa, mas o que podia fazer era só ficar ao seu lado segurando sua mão. Ele teve medo, por um momento. O médico disse que era uma febre emocional, algo que tenha ocasionado emocionalmente. E Claro, houve algo. Em Gênova, quando teve que mentir para afastar Brian dela. Imaginava como e o que ela sentiu. Mas o que estava fazendo?
Olhava para ela pensativo.—Um dia vai me entender, meu amor.
—Será que ia?
Ele estava sendo perverso, cruel, maldoso, queria a todo custo que o amasse.
Mas como poderia amá-lo daquela forma?
Só conseguia desprezá-lo, odiá-lo, e na primeira oportunidade, fugiria dele.
Não. Não posso fazer isso com você.Alisou seu rosto, um sentimento de culpa lhe pesava a cabeça.
—Brian!Brian!
Ela chamava por ele. Chamava por ele com amor, com vontade, deveria estar sonhando com ele. E isso lhe machucava.
—Brian! Meu amor!Alaric respirou fundo. Limpava o suor do seu rosto enquanto chamava insistente por ele.
Brian Leonel.
Era por ele que suspirava, era para ele seu amor, era dele seu coração.
Alaric sentia uma ponta de inveja. Pois nunca nenhuma mulher sentira por ele um amor tão intenso como o amor que Alana sentia pelo Brian.
Na verdade, ele se sentia usado pelas mulheres. Se sentia como um troféu conquistado por uma noite, onde no dia seguinte elas saiam se vangloriando por ter passado uma noite na cama com Alaric Graham.Mas Alana era diferente. Ela não suspirava por ele. Não queria chamar sua atenção, não se rendeu, não se rasgou com as unhas, não se retalhou para ter uma noite com o rei da Inglaterra como todas fizeram. Ela se preservou, a todo momento. E foi isso que fez Alaric se apaixonar.
E seu sentimento era verdadeiro, embora Alana só o visse como um vilão. Talvez fosse, pelas atitudes tomadas. Mas ele não queria perder aquela joia rara. Alana era mais valiosa do que toda sua riqueza.—Brian. Brian!
Alaric ajeitou o cobertor e se levantou enquanto Alana insistia por Brian. Já não aguentava mais estar ali. Ouvindo-a chamar por ele. Desolado, deixou sua amada com a serva e saiu do quarto. Precisava de ar fresco, pensar mais à vontade.
Sentado no degrau da pequena escada que dava para porta da entrada da estalagem, Alaric pensava no que fazer dali em diante. Não podia mais prender Alana, ele queria que ela o amasse, mas não seria do jeito dele, não daquele jeito sombrio e rude. Ela estava doente emocionalmente, por culpa dele. Por amor a ele. Brian.
—O que estou fazendo?
Perguntou a si mesmo.
—Majestade. Precisa de algo?
Uma mulher jovem de cabelos vermelhos se sentou ao seu lado. Alaric olhou para ela que sorria encantada.
—O que pode me dar?
Perguntou reparando no decote bem chamativo do seu vestido.
—Tudo que vossa majestade quiser...
Ela aproximou seus lábios dos dele e lhe beijou. Alaric não se esquivou, respondeu ao beijo intenso. Esperava a chama lhe consumir e logo a pegaria em seu colo e a levaria para seus aposentos. Mas a chama não lhe consumiu, seu desejo não era aquela mulher.
Alaric segurou seu rosto com as mãos, e afastou seus lábios.—Me desculpe. Mas o que eu quero, você não pode me dar...
O coração de Alana Dewit.
Se levantou e saiu deixando frustrada e constrangida a bela jovem de cabelos vermelhos...
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A favorita do rei
RomanceCAPA FEITA POR: @Bihsoares3 Devido a uma epidemia de peste no ano de 1800,Alana Dewit perdera seus pais ainda quando criança.Por medo da peste atingir sua sobrinha, Rick,seu único parente vivo,se viu obrigado a afasta-la da pequena aldeia da onde el...