Capítulo 15

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Naquele momento eu não sabia o que eu estava sentindo...cada passo que eu dava me levava para dentro daquele imenso palácio, e quanto mais me aproximava ,mais o medo me dominava...

Alaric ia uns passos a minha frente, eu olhava tudo ao redor. Quanto luxo...

Os servos iam o reverenciando e me olhavam com certa curiosidade. Eu precisava sair dali correndo, mas eu estava cercada pelos guardas reais, respirei fundo aceitando meu destino.
Alaric parou a minha frente e virou seu corpo para me encarar, fiquei imóvel e assustada. Ele olhou para os guardas ao meu lado e eles assentiram. Seguraram pelos meus braços e me conduziam pelo imenso corredor. Não tinha jeito, era o meu fim. Toda a minha vida passou pela cabeça, meus pais, minha infância, Espanha, meus alunos, tio Rick e...Brian.
Ah Brian, por onde andas?
Pensava enquanto seguia forçadamente os guardas pelo palácio. Sem perceber, uma lágrima rolou no meu rosto.

Paramos diante de uma jovem muito simpática, ela sorria para mim percebendo meu nervosismo. Ela abriu a porta do quarto e me convidou a entrar. Eu não estava entendendo mais nada. Eu não ia para a prisão?

—Está sob a proteção do rei. Ninguém te fará mal.
Disse a jovem tentando me tranquilizar.
Sob a proteção do rei?
Então eu não era uma prisioneira.
Eu estava ali para ser a diversão do rei. Como suspeitei no início.
Era essa a dívida que eu tinha com ele...
Cautelosamente dei uns passos para frente até estar dentro do quarto espaçoso e cheio de regalias.
Confesso que por um momento me senti uma princesa...só por um momento.

—Como se chama?
Não respondi. Ainda estava hipnotizada com tanta formosura daquele quarto.
—Bom, eu me chamo Katrine e estou aqui para cuidar de você.

—Cuidar de mim?
Olhei para ela confusa.

—Sim. Eu preparo as moças para o rei.
Respondeu já desfazendo o nó do meu vestido. Num impulso, segurei sua mão para impedi-la.
Ela me olhou franzindo o cenho. Estranhando meu comportamento.
—Não precisa ter medo do rei. Ele será bem generoso depois.
Tentou mais uma vez, mas eu dei uns passos para frente me afastando.
—Sinta-se privilegiada. Todas as virgens são bem tratadas pelo rei.
Ela caminhou até a mim e finalizou o que começou. Eu estava apavorada demais para me preocupar com minha nudez.
Meus Deus!O que vai ser de mim quando o rei perceber que...
Sacudi a cabeça afastando aquele pensamento.

—Seu banho está pronto.

***
Katrine penteava os meus cabelos enquanto eu me refletia no espelho atenta e nervosa. Ela balbuciava algumas palavras que não prestei atenção a nenhuma.
Madre mia.
O que será de mim...?
Enquanto Katrine tagarelava, eu  pensava um jeito de me livrar do rei, pelo menos naquela noite.
Eu poderia falar a verdade, dizer que já não era pura, que eu havia me entregado ao homem que eu amava...
Onde estaria esse homem?
Casado com outra, certamente...
Não.
Eu não podia contar a verdade...ou podia?

Alguém bateu na porta e Katrine foi abri-la, ouvi sussurros e logo ela voltou para mim sorrindo.

—O rei mandou chamá-la.
Meu coração faltou saltar pela boca. Fiquei paralisada, sem reação.
Não tinha jeito, eu teria que ir.
Seria meu fim...?
E levantei lentamente, Katrine me envolveu com a capa longa vermelha de cetim cobrindo minha cabeça com o capuz, deu uma leve apertada em minhas bochechas para deixá-las rosadas.

—Não esqueça de nada do que falei.
Olhei para ela com os olhos arregalados.
Mas que diabos havia me falado?
—Vá depressa!

Fui escoltada por dois guardas durante todo o percurso longo, corredores imensos, escadarias, mais corredor e finalmente paramos diante da porta dos aposentos do rei. Meus batimentos aumentavam, mal respirava.
Um dos guardas bateu na porta e a mesma se abriu.
Em passos lentos caminhei para dentro e logo a porta se fechou atrás de mim.
Olhei ao redor e vi num canto menos iluminado, ele estava ali, em pé envolvido em suas vestes da realeza, seu olhar estava apontado para mim.
Fiquei imóvel, não conseguia dar um passo.

—Finalmente!
Exclamou se aproximando de mim até parar alguns centímetros a frente.
—Estás ainda mais bela, milady.
Estendeu o cálice de ouro para mim, hesitei.
—Vamos, só um brinde.
Insistiu. Mas a quê brindaríamos?
Eu estava ali obrigada, não porque queria estar.

—Não tenho motivo algum para brindar, majestade.
Não acreditei que falei isso.
Alaric mudou seu semblante. Girou o corpo e deixou os cálices em cima da mesa, virando-se para mim outra vez.

—Sabia que era difícil. Mas não imaginei o quanto.—sorriu diabolicamente.—Adoro isso.—se aproximava em passos lentos.
—Esperei por esse momento desde quando a vi no cortejo do meu pai. A única que não se prostou diante da família real. Foi ousada, milady.
Tocou de leve no meu rosto me obrigando a dar uns passos para trás.
—Percebi qual pura e inocente és quando me atacou na cachoeira, para proteger sua inocência. Não conheci nenhuma com tanta bravura. Ao contrário, eu tive que fugir de algumas...
Convencido.

—Majestade, creio que eu não sou a pessoa certa para estar aqui com vossa majestade essa noite.
Ele franziu o cenho.

—Por quê?

—Posso não ser...boa o bastante para satisfazê-lo.
Ele sorriu.

—Isso é impossível.
Num impulso, e puxou para si colando nossos corpos.

—Majestade, por favor!
Ele me encarou confuso.
—Eu...eu não concordo que seja assim...
Ele me soltou sem tirar seus olhos de mim.

—O que está querendo dizer?

—Eu quero dizer que...
As palavras faltaram de tão nervosa que eu estava.

—Não precisa ter medo de mim.
Ele se aproximou novamente e segurou meu rosto com as mãos.
Me encarou uns segundos e encostou seus lábios nos meus.
Seu beijo foi profundo, havia desejo, uma vontade imensa de mim.
Não pude reagi enquanto sua língua explorava minha boca.
Brian me veio à cabeça...seus beijos, seu toque, suas carícias...

—Não!
Me afastei de imediato para longe dele.
Alaric me olhou desaprovando minha atitude.

—Tens uma dívida comigo, milady.

—Posso pagar com minha vida. Mas não com...—engoli a seco.—Não vou ceder aos seus caprichos, majestade.
Seus olhos estreitaram com furor.

—Está me desafiando?

—De forma alguma. Só deixo claro que eu não sou como as mulheres que está acostumado. Não sou um brinquedo que se usa uma vez e depois joga fora. Eu tenho sentimentos.
Não sei o que havia dado em mim. Mas o silêncio pairou naquele quarto por alguns instantes.
Até Alaric me agarrar desprevenida e me olhar fixo nos olhos.

—Então deixo claro que eu adoro um desafio.—me beijou raivosamente, tentei me soltar, mas ele era bem mais forte. Não tive outra opção a não ser morder seus lábios. Só assim ele me soltou, vi o canto da sua boca sangrar.

—Como ousa?
Perguntou quando sentiu o sangue escorrer da sua boca.—Sua dívida agora será eterna, maldita. Guardas!
De imediato já estavam de plantão.
Alaric me olhou prazeroso.
—Prendam-na!
Pronto. Pagaria minha dívida na masmorra eternamente. Mas o rei não tocaria em mim...

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora