Capítulo 55

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Digam alguma coisa. Por Dios!

Era o que eu pensava enquanto eu olhava para os dois indignados com minha revelação. Ficaram em choque e imóveis por alguns segundos.
Alaric foi o primeiro a se manifestar com um sorriso largo e encantado.

—Grávida?

Brian por outro lado, não reagiu muito bem a notícia.
—Grávida...dele?

Se referindo ao rei.

Eu só consegui acenar com a cabeça confirmando.
Enquanto Alaric me olhava emocionado, Brian me olhava constrangido.

—Quer dizer que esse maldito tentou de novo e conseguiu?

Olhou para Alaric furioso.
—Desgraçado! Vou acabar com você.

Partiu para cima de Alaric que foi pego desprevenido. Num golpe rápido, Brian jogou sua espada para longe.
—Covarde. Só consegue o que quer a força.

Disse enquanto apontava sua espada para Alaric.

—Não. Brian!

Pedi desesperada. Brian estava decidido. Eu precisava fazer alguma coisa. Num impulso, e aproximei e me coloquei entre os dois.

—Alana, saia. Esse maldito nunca mais irá forçar nada com você nem com ninguém.

—Ele não me forçou a nada!

Brian franziu o cenho e direcionou seu olhar para mim.
—Ele não...

Balancei a cabeça num gesto negativo.

—Como assim, Alana? Esse homem já fez isso com você uma vez...

—Agora é diferente, Brian. Ele não me forçou a nada.

—Está me dizendo que houve consentimento?

Eu baixei meu olhar sem conseguir responder.
Vi Brian dando uns passos para trás abaixando sua espada lentamente.

—Houve consentimento. Por quê?

Eu não sabia o que responder. Palavras me faltaram naquele momento. Na verdade, nem eu sabia o que eu estava sentindo...
—Se apaixonou por ele?

Tantas perguntas e eu só permanecia em silêncio.
Ele soltou sua espada que caiu no chão levando as mãos a cabeça.

—Meu Deus. Se apaixonou por ele!

Afirmou.

—Por Deus, Alana. Responda!

—Sim.

Minha resposta saiu num sussurro que nem eu consegui ouvir direito, mas foi o suficiente para que todos que estavam lá ouvissem.
Não conseguia mais encarar seu semblante desapontado.

—Então é isso. O que houve com aquele amor todo que sentia por mim? Morreu?

O que responder...eu amava o Brian..., mas meu coração gritava por Alaric nos últimos meses. Eu me sentia bem em seus braços, apreciava sua companhia, adorava seus carinhos, seus beijos, o jeito amável de fazer amor comigo e como me levava a loucura e... Oh Dios. Me fez esquecer de tudo e de todos. E sem que eu percebera, já nem pensava mais em Brian...

E naquele momento ele estava diante de mim, com seus olhos cabisbaixos e lacrimejados e percebi que meu coração não disparava mais diante dele, que os sentimentos não eram mais os mesmos e que tudo que eu estava sentindo estava ao redor de Alaric...Foi onde minha ficha caiu e tudo se esclareceu...Eu amava Alaric. Sem mais.

—Eu...sinto muito, Brian.

—Sente muito? Por Deus Alana. Passei todo esse tempo pensando em você e no nosso filho. Tentando me livrar dos problemas para poder resgatar vocês das garras desse homem. Não se passou um dia nem uma noite sem que eu não me pegasse pensando em como salvá-los. Pode pensar que eu esqueci de vocês, que eu os abandonei. Mas eu estava preparando um exército para uma guerra por você, Alana. Por você e por nosso filho. Agora vem me dizendo que está apaixonada pelo crápula que abusou de você, que foi um covarde contigo...Como pôde me trair dessa forma? Trair o nosso amor?

—Brian, não sei como aconteceu. Mas aconteceu.

Ele deu um passo para frente e segurou meu rosto com as mãos.

—Não posso acreditar. Ele está te obrigando de novo, não é? Como ele fez uma vez em Gênova. Ele está te ameaçando, Alana? Por favor, diga que ele está te obrigando a fazer isso de novo.

Encostou seu rosto no meu, tentando segurar as lágrimas.
Eu alisei seu rosto afastando-o do meu.

—Não, Brian. Dessa vez ele não está me obrigando a nada.

Lentamente foi se afastando, olhou para Alaric e depois voltou a olhar para mim.

—Está bem. Ao contrário dele, não posso te obrigar a vir comigo. Não é minha propriedade e eu não sou um canalha para trazê-la a força. Muito menos te obrigar a me amar. Só que eu não esperava por isso. Dizia que me amava e agora...peço que me deixe ao menos me aproximar do meu filho que nem tive a oportunidade de conhecer.

—Brian...

—Por favor, Alana. É um direito que eu tenho. Pode não me amar mais, mas eu tenho um filho e não pretendo abrir mão dele. Perdi meu avô, meu pai foi brutalmente assassinado por Thomas Podolsky, e agora perdi você também. Mas não quero perder o meu filho.

—Você pode ir à Londres quando quiser para ver seu filho, Brian.

Soltei depois de um breve silêncio.
—Eu não tirarei seu direito como pai.

—Em pensar que me tornei rei por vocês. Para tê-los ao meu lado, para cuidar de vocês...

Baixei os olhos lacrimejantes, eu estava sendo tão cruel?
Com um tempo descobri que não...Eu não podia ser injusta, enganar alguém que tanto me amava...sentia que eu deveria deixá-lo partir e seguir sua sina.

—Então é isso, Alana? Você o escolhe?

Subi meu olhar lentamente. Mas não respondi nada, meu olhar respondeu por mim.
Brian balançou a cabeça num gesto positivo e olhou para Alaric.

—Cuide bem dela. A trate como a mulher que merece ser tratada. Pois se eu souber que não está fazendo isso, eu juro que mato você.

Ficou uns segundos o encarando e logo se voltou para mim.
—A única coisa que eu peço a você agora, é que me permita ao menos conhecer o meu filho. Não me negue esse direito Alana. Você já fez uma vez, não faça de novo.

Respirei fundo. Ele não sabia, mas eu fiz para proteger a vida dele que estava sendo ameaçada por um arqueiro.

—Você tem esse direito, Brian. Já disse. Pode ir conhecer seu filho quando quiser.

Brian olhou meio de canto para Alaric. Queria dizer alguma coisa, mas se calou.
—Quando quiser vê-lo, mande-me uma carta e eu o levarei até você.

—Certo. Aviso em breve. Se cuida Alana.

Deu uns passos para trás e logo se virou, montou em seu cavalo e saiu em disparada sem olhar para trás seguido por seu exército.
Me senti aliviada. Tudo podia ter acabado num duelo entre os dois, mas estava tudo bem. Naquele momento...

—É verdade?

Alaric estava diante de mim aflito e ansioso por uma resposta.

—Sobre eu estar grávida?

—Sobretudo.

—É sim. Tudo o que eu disse é verdade.

Ele sorriu de canto a canto, emocionado, deixou uma lágrima rolar em seu rosto.

—Oh Alana!
Me abraçou com gosto e carinhosamente.
—Você me fez o homem mais feliz do mundo!

A favorita do reiOnde histórias criam vida. Descubra agora