No dia seguinte ao baile...
Acordei indisposta naquela manhã, era normal pelo meu estado, sentia umas pontadas, meu bebê já estava fazendo arte, alisei minha barriga soltando um sorriso emotivo, foi a primeira vez que eu sentir meu filho. E como ele estava agitado.
—Calma, meu pequeno!
Disse ainda sentindo suas pontadas fortes. Depois de alguns segundos, ele se acalmou.
Respirei fundo, sem coragem para levantar-se da cama.Meu pensamento foi até a noite anterior. Ah aquele baile...
Lembro dos olhares de Brian sobre mim e o rei durante todo o tempo.
Seu olhar era cabuloso, uma hora me olhava desprezível, outra hora me olhava decepcionado, em outra me olhava carinhoso.
O fato é que ele achava que o filho que eu carregava era do rei. Se ele soubesse...Levantei-me da cama e fui até a penteadeira, abri a gaveta e tirei o envelope que estava escondido lá no fundo. Era a carta ainda lacrada que eu guardava, sem coragem para ler. Eu tinha que saber o que ele havia deixado para mim, me disse que estava me procurando todo aquele tempo...
Por quê?
Estava casado. Tinha que se dedicar a sua esposa, não me procurando.—Bom dia.
Katrine entrou.
—Ainda bem que está acordada. Trago um recado do lorde Crawford.
Olhei para ela curiosa.
—Ele está te esperando na beira do lago. E disse que não vai sair de lá enquanto não aparecer para falar com ele.—Eu não quero, Katrine. Ainda estou sentida com sua ofensa de ontem.
—Ele sabe, senhorita.
Franzi o cenho.—Sabe...de quê?
—Ele sabe que o filho que espera não é do rei.
Mal sentia meus pés no chão, e senti um pouco tonta, então caminhei até a cama e me sentei.—O que disse? Como...?
—Ele veio falar comigo hoje. E perguntou e eu não pude mentir.
—Mas como?
—Ele não me contou os detalhes, mas me pediu para lhe dizer que está te esperando na beira do lago.
Olhei de um lado a outro. Não tinha mais como fugir da realidade, uma hora saberia, só não esperava que fosse de imediato.
—Vá, Alana. Acaba com isso de uma vez. Ele terá ainda mais motivos para lhe ajudar.
Katrine estava certa.—Me ajuda a me trocar, por favor.
***
Durante todo o percurso até o lago, fui pensando em como encarar Brian.
O que dizer a ele?
Como explicar?
Será que deveria contar exatamente tudo?
Ele tinha que saber o quão perverso e covarde o rei foi comigo...
Não. Brian o mataria.
E então seria morto, não poderia ficar fugindo a vida toda, seria caçado, encontrado e perderia a cabeça.
O que fazer?
E lá estava ele diante do lago admirando a beleza da paisagem. Parecia calmo.
Katrine parou em uma certa distância e eu continuei a caminhar para ele.
Pareceu sentir minha presença, pois se virou de imediato quando me aproximei.
Ficamos nos olhando por uns instantes, sem nada a dizer. Eu esperei que falasse alguma coisa, pois as minhas palavras não saíram.—É verdade?
Por fim disse algo. Mas eu continuei calada, olhando em seus olhos claros.
—É verdade. Posso ver em seus olhos. E o seu silêncio confirma. Essa criança que espera é minha.
Desviei meu olhar tentando não chorar. Impossível.
—Meu filho, Alana! E você pretendia fugir levando meu filho. E ainda me pede ajuda?—E o que importa agora? Está casado. Esse filho é meu.
—Esse filho é nosso. Estou casado, mas sou homem para assumir minhas responsabilidades.
—Sua responsabilidade é para com sua esposa...
—Por Deus, Alana. Eu passei todo esse tempo achando que havia voltado para Espanha.
—Eu teria conseguido se não fosse...a obsessão do rei por mim.
—Obsessão?
—Não entende. Eu preciso ir embora daqui!
—Eu preciso saber o que está acontecendo. Não pode ir embora para Espanha levando meu filho com você.
Não segurei as lágrimas, foram mais fortes que eu.—Meu amor, o que houve? Por que essa aflição?
—Não tenho tempo o suficiente para te contar, Brian. Só o que precisa saber é que tenho que sair desse palácio. Para o bem do nosso filho.
—Eu não entendo. O rei tem tanta afeição por você. Por que quer fugir dele?
Chorei ainda mais, ah se ele soubesse...
Brian me olhou desconfiado. Sabia que tinha algo que eu não queria falar.
—Alana. Ele fez algo contra você?
Virei as costas para ele, não conseguia mais olhar em seus olhos. Não pude ver o seu rosto, mas ouvi sua respiração ofegante.
—Eu preciso saber, Alana.—Não importa, Brian. O que está feito, está feito!
Ele deu a volta e ficou de frente para mim. Seu semblante era de raiva.—O que, exatamente, está feito?
Ergui meu olhar molhado. E ele percebeu o que dizia.
—Desgraçado! Eu vou matá-lo! Abusou de você?—Não...não chegou a...
Corei de vergonha. Não podia contar essas coisas a Brian.—Vou matá-lo!
—Não pode fazer nada, Brian. Ele é o rei da Inglaterra.
—Preciso defender sua honra!
—Eu preciso que defenda minha honra vivo.
Ele me olhou pensativo.
—Se matar o rei com certeza será decapitado. Não tem como fugir. O exército inglês te caçaria e te encontraria. Aí sim tudo estaria perdido. Eu preciso que fique vivo, e não conte ao rei sobre nós. Ele está com um ódio mortal de você.—Ele sabe quem sou?
—Não. Ele sabe que eu amo o pai do meu filho. Mas nem imagina que é você. Para ele você é o lorde Crawford. E é assim que manterá.
Ele segurou minha mão e a levou a boca.—Eu prometo que vou arrumar um jeito de te tirar daqui.
Deu um beijo delicado estendendo sobre meu braço, chegando bem próximo a minha boca.
—Meu filho!
Segurou meu rosto entre as mãos e sorriu. —Vamos ter um filho, meu amor.
Colou seu rosto no meu.—Sim. Vamos ter um filho!
Embora me apavorava.
Como seria dali por diante?
Brian estava casado.
E o escândalo que seria?
Não me importei com nada daquilo, não naquele momento tão especial.
Procurei pensar que não havia nada e nem ninguém como empecilho. Éramos só nós três por alguns minutos.
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A favorita do rei
RomansaCAPA FEITA POR: @Bihsoares3 Devido a uma epidemia de peste no ano de 1800,Alana Dewit perdera seus pais ainda quando criança.Por medo da peste atingir sua sobrinha, Rick,seu único parente vivo,se viu obrigado a afasta-la da pequena aldeia da onde el...