A favorita do rei

Capítulo 18

Mais uns dois dias e eu já estava quase totalmente recuperada.Não vi Alaric durante muito tempo. Mas eu sabia que ele sempre perguntava por mim, pois Katrine vinha correndo me contar. Ah!e o que importava? Eu ainda estava sendo sua prisioneira...

Naquela manhã eu havia me levantado sozinha depois de dias sendo ajudada por Katrine. Não que eu precisava, mas Katrine era muito prestativa. Aliás, eu estava muito aflita. Aguardando por ela.

Graças ao seu "romance "com um dos oficiais do rei, todos os dias eu tinha notícia do tio Rick.

Porém,a última não foi muito agradável. Tio Rick não estava muito bem. Tudo isso graças ao rei que decidiu lhe cobrar os impostos atrasados.

Pobre tio Rick.

Não sabia o que fazer.

Eu estava de mãos atadas e o coração arrasado. Eu queria muito estar lá para cuidar dele. Mas Alaric ainda obtinha um poder sobre mim.

Eu estava sentada diante do espelho, havia acabado de pentear meus cabelos e fiquei me encarando no reflexo. Eu ainda estava um pouco pálida. Levei meus olhos para o colar que tio Rick me mandou pelo oficial em uma das suas visitas na aldeia, junto com o colar, me mandou também a carta que Brian havia deixado para mim antes de ir embora.

Olhei para a gaveta do móvel, ela estava ali, guardada e intacta ainda não tinha coragem para abri-la. Eu estava muito magoada com Brian, mentiu para mim. E aquela mentira me corroía por dentro.

O pior, eu havia me entregado a ele, de todas as maneiras que uma mulher possa se entregar a um homem...Eu estava desonrada, sozinha, perdida, sendo prisioneira de um homem perverso e sem coração que não media esforços para me atormentar...

Fechei os olhos tentando organizar meus pensamentos, em seguida eu os abri, direcionei para o colar e logo me vi no espelho outra vez.

Me levantei num movimento brusco e me senti tonta, minha visão escureceu e me segurei no móvel para não cair.

Droga.Havia me esquecido que eu ainda me recuperava de uma enfermidade. Caminhei lentamente até a cama e me sentei, aos poucos o mal-estar foi passando e logo tudo já não girava mais.

Ouvi passos no corredor e sem demora Katrine entrou no meu quarto, seu semblante aflito me dizia que algo não estava bem. Me olhou por uns instantes e caminhou até a mim, nesse momento meu coração acelerou compulsivamente.

—Katrine?

Ela sorriu forçado.

—Está melhor?

—Sim. Estou. Mas quero saber do meu tio.

Seu sorriso se desfez.

—Ah, senhorita. As notícias não são nada boas.

Ao longe se podia ouvir as batidas do meu coração.

—O que houve, Katrine?

Pareceu meio sem jeito para falar.

—O sr. Rick está muito doente. Harry disse que ele não consegue se levantar da cama. Ele ainda pediu para que não dissesse nada para você

Mas...você tinha que saber.

—Claro, Katrine. Como ele quer esconder isso de mim? Eu sou a única pessoa que ele tem, ele precisa de mim. Eu preciso ir cuidar do meu tio.

—Sim. Só que você ainda está se recuperando...

—Estou bem, Katrine. Meu tio que está mal. E eu preciso ajudá-lo.

Me levantei aflita e comecei a caminhar de um lado para o outro.

—Preciso dar um jeito de fugir desse palácio.

—Está louca, Srta.? Está sob a guarda do rei. Se fugir do palácio, ele vai mandar caçá-la até os confins da terra. Poderá te condenar à morte.

—Já estou condenada, Katrine. Ficar presa nesse palácio e suportar as crueldades do rei já é uma condenação. Sem contar que...

Rapidamente pensei antes de dizer alguma bobagem. Katrine me olhou um tanto curiosa.

—Você acha que eu devo...ir falar com o rei?

Mudei de assunto.

—Falar com o rei?

—Sim. Pedir para me deixar ir cuidar do meu tio.

—Pedir...?

—Implorar, me humilhar, beijar seus pés, sei lá. Qualquer coisa que ele queira que eu faça. Mas que me deixa ir.

—Sabe muito bem o que o rei quer de você...

Katrine me deixava constrangida. Mas eu sabia. E se fosse preciso, faria. Mas eu tinha que estar perto do tio Rick. Só um problema me apavorava...o rei queria que eu me entregasse a ele. Mas eu já havia me entregado a Brian.

—Eu vou ir falar com o rei.

Dei umas passadas em direção a porta.

—Espere!

Katrine parou na minha frente.

—Você não pode se apresentar ao rei usando roupas de dormir.

Me olhei vestida numa longa camisola de seda branca um tanto transparente.

—E esse cabelo? Não! Não pode mesmo se apresentar ao rei dessa maneira.

***

Katrine havia exagerado na maquiagem, prendeu meus cabelos num coque alto deixando apenas algumas mechas soltas caídas ao redor. E aquele vestido azul com uma fita branca amarrada na cintura? Parecia que eu estava indo participar de um banquete com o rei, não para ir implorar a minha liberdade.

Enfim.

Deixei Katrine no quarto e segui com os guardas até o rei. Não posso dizer que eu estava tranquila. Eu não estava. Alaric me apavorava. Eu o desafiava, mas no fundo eu o temia muito.

Fiquei alguns instantes parada diante da grande porta que dava para a sala do trono, aguardando e torcendo que me recebesse.

Por fim, as portas se abriram e minha entrada foi permitida.

Graças a Deus.

Olhei ao redor, tudo era bem luxuoso, havia uma orquestra tocando uma música bem leve, uma mesa farta, cálices de ouro espalhadas sobre a mesa. E servos bajulando a vossa majestade.

E lá estava ele. Vestindo um traje todo trabalhado no dourado, sua capa chegava no chão e sua coroa era de ouro com brilhantes rodeados e em cada ponta havia uma pedra de cristal vermelha. Estava em pé diante de alguns condes e duques que naquele momento, suas atenções eram para mim. Mas fixei nos seus olhos claros e extremamente azuis.

—Srta. Dewit. Vejo que estás bem. Confesso que me alegro ao vê-la.

Minha voz embargou por uns segundos.

—Majestade. —Fiz uma pequena mesura o surpreendendo. Até eu fiquei surpresa. Mas eu estava apelando, eu precisava ser livre, tudo pelo meu tio.

—Peço perdão por incomodar. Mas...preciso falar com vossa majestade.

Ele estreitou os olhos E logo dispensou todos que estavam ali.

—Precisa falar comigo? Imagino que seja importante para ter que engolir seu orgulho e vir até a mim.

E como foi difícil fazer isso.

—Mas enfim, o que deseja?

Respirei fundo e fiquei em silêncio por alguns segundos.

—Meu tio está muito doente, majestade. Precisa de cuidados. Quero que me deixe ir para cuidar dele!

Não sua tonta!

É um pedido, não uma exigência.

Alaric me olhou inconformado com minhas palavras. Seu semblante calmo e sereno mudou por completo..