Capítulo 2

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Mariana

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Mariana

Assisti à todas as aulas do dia e enfim, o sinal tocou indicando a hora de ir embora.

— Passa lá em casa mais tarde?Prometo fazer um brigadeiro pra gente, tentar te animar um pouquinho — disse pra Ju enquanto ela guardava os materiais na mochila.

  — Acho que dá pra eu passar lá sim, amiga.Agradeço desde já pelo brigadeiro! — ela riu e me deu um abraço.Nos despedimos rapidamente e então eu fui andando de volta pra casa.

  Cheguei em casa e, estranhamente, meu irmão se encontrava deitado no sofá.

— Não foi pra faculdade? — perguntei, deixando minha mochila jogada em qualquer canto enquanto me dirigia até o sofá.

— Eu preciso conversar contigo, Mari — ele me olhou sério por um instante, dando uma pausa seguinte de um suspiro, então continuou a falar — As coisas aqui em casa estão meio apertadas, e isso já faz um bom tempo.Apertadas em relação a dinheiro, a conseguir manter a vida que temos por aqui.Eu não tô conseguindo lidar com tudo e acabei trancando a faculdade.Tá difícil até pra pagar as contas.Tu lembra do Gustavo? — me encarou, apreensivo.

— Gustavo?Aquele seu amigo todo errado?O maluco? — cruzei os braços, questionando.Eu tinha uma vaga lembrança pelas histórias que Bruno me contava sobre o garoto.

— Ele vai ajudar a gente, Mariana.Vamos morar com ele no morro, enquanto ele não arranja uma casa pra gente por lá mesmo — jogou tudo de vez — Eu não quero te enrolar, nem te fazer acreditar que as coisas vão continuar como são, porquê não vão.Acho que você já tem maturidade suficiente pra compreender nossa situação.

Ele só podia estar brincando.Do nada, de um dia pro outro, perdemos tudo ao ponto de precisar morar numa favela?

— A gente vai morar numa favela? - olhei pro Bruno incrédula, quase gritando.Não poderia ser possível.

— Eu sei que agora, jogando tudo no seu colo, parece desesperador.Mas você vai acabar percebendo que não é tão ruim assim — disse, numa calmaria nada entendível.

— A gente não tem opção? — gesticulei — Talvez um empréstimo no banco, Bruno?

Ele só negou com a cabeça, parecendo desapontado.

   — Tenta entender, Mari.E me perdoa — ele me olhou, com medo da minha resposta.

Apenas peguei minha mochila e subi correndo pro meu quarto, então bati a porta tão forte que pensei que fosse cair em cima de mim.Já conseguia sentir o nó se formando na minha garganta, a vontade de chorar veio rapidamente.

Mal consegui assimilar as coisas, aquilo não fazia o menor sentido pra mim.Me joguei na cama e fiquei pensando em como minha vida mudaria dali pra frente.Puta merda.

• • •

   Acordei com alguém batendo na porta do meu quarto.Olhei no celular, que indicava três e meia da tarde.Lembrei do convite que tinha feito a Julia pra vir pra cá na escola, mas acabei adormecendo sem querer depois da "conversa" com meu irmão.

   Abri a porta, então a Ju me abraçou sorrindo e sentou em minha cama.

  — Ué amiga, tava dormindo? - analisou minha cara de sono, franzindo as sobrancelhas.

  — Tava... — suspirei, tentando controlar minha vontade de chorar, novamente — Tô nesse quarto desde que voltei da escola.Na verdade, eu queria ficar aqui pra sempre. — encolhi meus joelhos, abraçando os mesmos.

— Que vibe é essa? O que aconteceu, Mariana? — me olhou com preocupação.

Bem, foi difícil controlar o choro dessa vez.Deixei que as lágrimas caíssem livremente.

— Você não vai acreditar no que aconteceu — solucei — Aliás, no que tá pra acontecer.

  — Não tô entendendo nada — me olhou confusa — E tô ficando preocupada! — se afobou — Por quê tá chorando desse jeito?

  Dei dois tapinhas no espaço em meu lado, para que ela se aproximasse.Expliquei toda a história pra Julia rapidamente, tentando ao máximo controlar a raiva que sentia naquele momento.Eu sentia que poderia explodir a qualquer instante.

Ela não pareceu menos surpresa do que eu, mas da sua boca saíram palavras de consolo.

   — Não fica brava com o seu irmão, Mari.Sabe que o Bruno se esforça muito pra sustentar os dois mas as vezes não rola...Essas coisas acontecem. — concluiu, com o rosto apreensivo.Sabia que, por mais que seu semblante assustado sobressaísse, ela estava sendo sincera e, no fundo, ela tinha razão.Só era difícil pra mim.

Conversar com ela esclareceu um pouco minha mente.Apesar de ainda estar um pouco chateada, tinha em mente que me opor ao meu irmão não era a melhor solução para aquele momento.

— Eu sei, amiga.Talvez eu tenha sido um pouco dura com ele.Mas é impossível não sentir raiva.Você tem noção do que está prestes a acontecer comigo, Ju? — apertei os olhos — Ele não facilitou muito as coisas pra mim... — pensei

— Juro que te entendo completamente — ela me olhou — Mas não se afasta do seu irmão, não agora.Vocês tem de estar juntos nesse momento, Mari.Com certeza é difícil pra ele também — segurou minha mão, apertando.

— Eu tenho certeza de que é difícil pra ele.Só não consigo imaginar minha adaptação por lá... Eu tô com medo. — admiti

— E isso é super normal — senti ela me abraçando, com força — Vai dar tudo certo, e eu tô aqui com você.Sempre.

— Eu te amo muito — sequei o rosto — Muito obrigada, tá?

— Eu também amo você — sorriu — Agora a senhorita poderia, por favor, fazer aquele seu brigadeiro maravilhoso que me prometeu?Podemos até chamar o Bruno pra comer com a gente, dessa vez eu deixo...

— Curti a ideia — forcei um sorriso, e então, descemos juntas pela escada.

Amor de drogaOnde histórias criam vida. Descubra agora