Capítulo 42

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Mariana

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Mariana

Bruno tinha passado de todos os limites.Já tinha noção da sua desaprovação em relação ao meu envolvimento com o Gustavo, mas nunca esperei dele essa manipulação pelas minhas costas.

Já sentia meus olhos cheios de lágrimas quando cheguei no primeiro andar.Não só pela sua proibição, mas principalmente por ter me controlado todo esse tempo sem que eu soubesse disso.Por ter me visto triste e cabisbaixa em alguns momentos e ter feito vista grossa pra isso.

Eu estava triste.Pensava já ter estourado o limite de chateações por fim de semana, mas pelo jeito estava enganada.

Andei em passos largos em direção à cozinha.

— Você acha que eu sou a porra de um fantoche? — gritei, pouco me fudendo pra quem ouviria aquilo.O choro logo saiu sem minha permissão.

Bruno me olhou por alguns segundos um pouco confuso, levantando da cadeira.

— O que aconteceu? Por quê tá chorando, Mari? — me olhou com preocupação, tentando se aproximar.

Aquele cinismo todo me deixava furiosa.Não deixei que ele se aproximasse.

Eu nem precisei dizer nada.Assim que Gustavo desceu as escadas com pressa, parando do meu lado, Bruno pareceu entender do que a situação se tratava.

— Vamos subir, quero conversar com você — disse sério, com certa apreensão na voz.

— Não mesmo — me apressei em responder, soluçando outra vez — Não quero conversar com você!Você entende o que fez? — olhei nos seus olhos.

— Eu só fiz pra te proteger — sua respiração acelerou um pouco — Eu juro.Vamos conversar, eu te explico tudo! — andou em minha direção, parecia um pouco desesperado.

Dei alguns passos pra trás, me aproximando do Gustavo.Ele colocou uma das suas mãos na minha cintura, fazendo carinho com o dedo, como uma forma de apoio.

— Você não me protege — neguei com a cabeça, passando o dorso da mão pelo meu rosto molhado — Você só me sufoca.

Bruno me olhou por instante, quieto.Gustavo permanecia parado, só observando tudo.

— Sabe o que eu acho? — continuei falando, deixando que algumas lágrimas caíssem aleatoriamente — Eu acho que você não quer me proteger porra nenhuma.Você só quer ficar controlando minha vida pra me impedir de crescer.Eu já tenho dezoito anos, Bruno!Acorda! — estalei os dedos na sua frente.

Bruno estava magoado, e isso era mais do que perceptível só pelo jeito que me olhava.

— Sério que você tá me falando isso, Mariana? Eu sou seu irmão, porra! — disse alto — Como pode achar que eu não quero proteger você? Como pode achar que eu não quero que você cresça?

— Cala a boca! — gritei — Eu não sou mais uma criança!Eu posso fazer minhas próprias escolhas.Sua super proteção não me ajuda a crescer.

— Eu nunca fiz nada pra te machucar, Mariana.Quando eu mandei o Gustavo que se afastasse, eu só pensei em ti.Eu me preocupo com você de verdade. — espalmou a nuca — Nós somos família.Eu fiz o meu melhor pra cuidar de ti nos últimos quatro anos.

— E olha onde estamos agora. — soltei uma risada sarcástica, negando com a cabeça.

— Desculpa não ser perfeito, porra.Você acha que foi fácil pra mim? — franziu as sobrancelhas, visivelmente chateado — Eu tive que amadurecer rápido pra caralho pra cuidar de você.Eu nem tinha noção do que tava fazendo com a nossa vida, e fiz o que pude.Não foi assim porquê eu quis Mariana, eu fui forçado a crescer pra que a gente pudesse viver.Eu posso ter errado na minha superproteção, mas nunca foi pra te machucar.Queria estar sempre por perto pra te proteger do mal do mundo.

Fiquei encarando meu irmão por alguns segundos.Ele parecia desesperado por alguma resposta minha.

— Você não tem o direito de manipular minha vida assim — semicerrei os olhos.

— Você é tudo que importa pra mim — ele disse, quase num sussurro.

— Eu não preciso de você. — sequei meu rosto por completo, sem desviar o olhar.Gustavo olhou pra mim um pouco surpreso, e Bruno só ficou paralisado em minha frente.

Os olhos dele estavam brilhando, como se estivesse prestes a chorar.Bruno nunca chora.

Ele só assentiu com a cabeça, e eu o vi esfregar os olhos com força antes que as lágrimas pudessem cair.

Então ele só se virou, passando pela porta e batendo ela com uma força imensa, fazendo um barulho alto e sumindo da minha vista.

Senti meu peito apertar e um nó na garganta.Por um segundo desejei que ele voltasse, me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem, como era de seu costume fazer comigo.

— Desculpa — Gustavo murmurou, atrás de mim.

Virei pra ele e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— A culpa não é sua. — engoli em seco, ainda triste.

Gustavo puxou meu corpo pra perto do seu, apoiando minha cabeça no seu peito.Abracei ele com força e senti seu cafuné e beijinhos no topo da minha cabeça.

Bruno

Não me surpreendia o fato de ela não compreender o que fiz e porquê fiz.Ouvi muitos julgamentos desde que comecei a cuidar e ser responsável pela Mariana, e eu ainda era bem novo.

Tive que amadurecer rápido pra caralho, ouvir gente dar pitaco no que eu fazia ou deixava de fazer com a adolescência dela e cuidar de mim e dos meus assuntos ao mesmo tempo.

Nós dois sempre fomos assim.Desde crianças, nunca deixei que mexessem com ela ou a-machucassem.Isso era pior do que mexer comigo.

Nunca é facil ouvir da pessoa que você mais ama que ela não precisa mais de você.Minha vontade foi de quebrar tudo no momento em que ela disse aquilo, principalmente porquê parecia realmente sincero.

Já estava completamente fora de mim quando entrei no carro.Meu coração estava acelerado e já sentia minha respiração falhar.Era o que acontecia quando eu ficava nervoso demais.

"Eu não preciso de você"

Meu olho já tava ardendo pra caralho, tava com um puta aperto no peito e a sensação de ter afastado minha irmã ao ponto de ela sentir que já não precisava de mim estava me matando por dentro.

Julia

Acordei com a campainha do meu apê sendo tocada várias vezes.Papai do céu, nem no fim de semana eu posso dormir tranquila?

Levantei reclamando, enquanto fazia um coque no cabelo pra disfarçar o desastre que aquilo estava.

Imaginei que seriam meus pais, talvez a Mariana.O porteiro nunca interfona pedindo permissão para que eles possam subir, sempre acabam entrando direto.

Abri a porta sem me dar ao trabalho de olhar no olho mágico quem era.

Fiquei um pouco surpresa ao ver Bruno na minha frente.Ele estava com os olhos e nariz vermelhos, além de uma carinha de cachorro abandonado que fez meu coração apertar por um segundo.

— Posso entrar?
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Me julguem, mas eu fiquei com uma dózinha do Bruno nesse capítulo :(

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Amor de drogaOnde histórias criam vida. Descubra agora