Mariana
Não achei que seria capaz de sentir tanta solidão e desolação até o momento em que saí de casa.Ou da casa do Gustavo, eu devesse dizer.
O erro era meu.Nos últimos tempos eu tinha colocado toda a minha aposta de felicidade nele.A gente se entendia e se dava tão bem, e, brigada com meu irmão e com a minha nelhor amiga, ficar com o Gustavo era minha válvula de escape.
Eu tinha descoberto as melhores qualidades dele.Sabia diferenciar seu olhar-preocupação e olhar-raiva, sentia uma sensação boa toda vez que via ele rir de qualquer coisa idiota que eu falava.
Quase caí no chão ao bater aquela porta atrás de mim.Foi como se meu corpo inteiro estivesse fraco e frágil demais pra fazer qualquer coisa, pra andar, sair dali, parar de ficar me humilhando e chorando igual uma idiota na porta dele.
Nos primeiros minutos eu só quis chorar, quis ser consolada pelo Gustavo.Eu notei que algumas pessoas cochichavam e olhavam pra mim, mas era a última coisa que me importava agora.
Assim que me recompus um pouco, caiu a ficha de que eu simplesmente não tinha pra onde ir.
Merda.
Cogitei ligar pro Zureta, Zé ou Coutinho, as pessoas mais próximas de mim na favela, mas se alguém realmente tinha inventado algo pro Gustavo, algo que deixou ele naquele estado, então provavelmente os meninos também não queriam me ver nem pintada de ouro.
Eu tinha algumas colegas no pré, mas não cultivava intimidade suficiente ao ponto de alguma querer me abrigar pós expulsão do chefe do tráfico.
Minha terceira e última opção me deixou desanimada.Só me restava pedir ajuda a Julia e ao meu irmão.Eu tinha certeza de que eles não negariam, mas eu ainda sentia uma pontinha de orgulho.
Era isso ou morar na rua.
Com os olhos inchados e o coração pequenininho, peguei minha mala nas mãos e andei até o ponto de ônibus mais próximo.Durante todo o trajeto ouvi suposições sobre a minha vida.
"Ih, certeza que ela botou chifre no chefe!Vagabunda!"
"Devia ter ficado careca!"
Me segurei pra não cair no choro.Saí da favela e fui até o ponto, quase me permeti ficar feliz quando encontrei um trocado pra passagem.
Gustavo
Cheirei mais duas carreiras inteiras de coca, no chão do meu quarto.Meu corpo tava elétrico, não conseguia ficar parado no lugar e meu olho ficou arregalado pra cacete.
Bati a cabeça na parede tantas vezes que senti um machucado se formar no meu couro cabeludo.Não consegui fazer um curativo, estava sensível demais ao toque.
Me arrastei do chão até a cama, tateando, procurando meu celular.Precisava mandar uma mensagem.
Minha mão tava tremendo pra porra, caralho!, eu preciso me concentrar.
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Amor de droga
Fanfiction"Tava ligado que o fato da Mariana estar comigo poderia ser muito perigoso pra ela." © Copyright 2019 Todos os direitos reservados. Não autorizo repostagem de qualquer conteúdo presente na obra. PLÁGIO É CRIME. #1 ranking "romance" Wattpad 2019. #...