Capítulo 64

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Mariana

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Mariana

— Acho que nunca comi nada tão bom na vida! — elogiei animada meu risoto de camarão e escutei Luan rir.

— Que bom que gostou — disse — O meu prato tá ótimo também.

— O que foi que você pediu mesmo? — franzi a sobrancelha, xeretando seu prato.

— Arroz de polvo — respondeu — Quer provar?

— Posso? — um sorriso brincou nos meus lábios.

— Fique à vontade — empurrou seu prato em minha direção.

— Obrigada, então — sorri e peguei um pouco da sua comida com meu garfo, levando a boca.

A minha reação foi quase idêntica a do risoto e Luan pareceu achar aquilo cômico.

— Você é engraçada — limpou a boca com o guardanapo de tecido que antes repousava no seu colo.

— Obrigada, não me falam muito isso — admiti.

— Mas eu acho — reafirmou, então pegou minha mão na mesa e entrelaçou na sua.

A sensação foi estranha.Ele fez carinho na mão e eu relaxei um pouco na cadeira, mas não completamente.

Conversamos mais um pouco e logo ele pediu a conta.Insisti pra que dividíssemos, mas ele quis pagar sozinho.Assim que o fez, pousou a mão na minha lombar e andamos juntos até o carro.

— Eu adorei esse restaurante, sério — disse enquanto andávamos — Tava tudo muito bom!

— Fico feliz que tenha gostado — respondeu, então paramos em frente a porta traseira, em silêncio.

Luan se aproximou o bastante pra que eu pudesse sentir sua respiração no meu rosto.Passei meus olhos pelo seu rosto inteiro, nervosa, sem saber exatamente pra onde olhar, como agir.

Mas então ele facilitou as coisas:simplesmente segurou minha cintura e me beijou.

Bruno

Tinha acabado de sair do banho quando ouvi o interfone do apartamento tocar.Ouvi Julia dizer um "tá bom, pode mandar subir".

— É a pizza? — gritei do quarto, terminando de colocar a bermuda.

— É! — respondeu no mesmo tom.

— Deixei o dinheiro na mesa da sala — respondi.

Em poucos minutos a campainha tocou.Do meu quarto escutei Julia abrir a porta e conversar com o entregador.

"Desculpa, eu não sei se o troco tá certo"  Julia disse, e eu pude ouvir de longe.

"Deixa eu ver..."

"Você tem razão gatinha, perdão" ouvi o entregador dizer e me aproximei de modo que pudesse ver os dois de longe.Eu esfreguei s toalha na cabeça pra secar o cabelo.

— Aqui, agora acho que tá certo — ele deu algumas moedas na mão da Julia, que riu ao sentir quase todas caírem no chão.

— Acho que você é bem distraído — ela brincou, soltando uma risada e agachando junto com o entregador pra catar as moedas do chão.

— Hoje eu tô cheio de distração... — ele respondeu, quase comendo ela com os olhos.

Andei até a porta com os passos firmes.Esperei que Julia levantasse e segurei na sua cintura por trás.

— A pizza já chegou, amor? — intercalei meu olhar entre o rosto de Julia e o do entregador, que ficou comicamente alarmado.Quase soltei uma gargalhada.

O rosto dela era um enorme ponto de interrogação com uma pitada de divertimento.Me olhou com um olhar provocativo, tentando não sorrir.Revirei os olhos.

Julia agradeceu rápida e educadamente o entregador, que praticamente saiu correndo.

— Arruma a mesa pra gente comer a pizza, amor... — Julia carregou a voz de deboche e passou o dedo na minha nuca, dando uma risada de satisfação.

Fiz uma careta pra ela e tirei sua mão dali, indo pra cozinha o mais rápido possível, pra que ela não me pudesse me ver sorrir.

Gustavo

Acordei no meio da noite apalpando o outro lado da cama, procurando inconscientemente pela Mariana.Aquilo tava acontecendo pra caralho ultimamente e isso não podia me deixar mais puto.

Vai se fuder, não vejo a mina há meses e ela não para de infernizar a minha cabeça por um dia.Todo dia eu pensava nela.Todo dia.Fim de linha GN, puta que pariu!

Levantei da cama e fiquei andando igual um maluco pelo quarto, indo e voltando pro mesmo lugar, andando em círculos.

Né possível que eu vou continuar desse jeito, tem que ter alguma coisa que me faça desencanar dessa porra.Os muleques tavam bem pique babá comigo, não me deixavam usar muita droga depois do lance no baile, então nem a isso eu podia recorrer quando eles estavam perto, que era a maior parte do meu dia.

Senti uma vontade louca de ir até lá, olhar na cara dela, fazer com que ela me odiasse ainda mais, que me achasse um filho da puta maldito e que me proibisse de algum jeito de chegar perto, que me abominasse ao ponto de não querer que estivéssemos no mesmo ambiente.Esse parecia o único cenário possível em que eu pudesse e tivesse que ficar sem ela.

Lembrar da Mariana chorando e dizendo que me amava me dava nos nervos, me deixava com ódio, me causava fúria.Pensar que eu perdi a única mina que eu amei na vida por causa de uma filhadaputagem do Garcia me fazia querer vomitar.

Merda, eu precisava de ar, precisava respirar, me sentia sufocado.Era como se por mais que tentasse não conseguisse respirar fundo, de forma completa, minha respiração eram só uns soluços curtos e ofegantes.

Abri a janela e passei a mão pela cabeça, espalmando a nuca, sentindo o ar gelado no meu peito.

Caralho! — gritei e dei uma porrada no batente da janela.O barulho da pancada forte foi satisfatório e eu fiz isso mais umas cinco vezes, até que a pele da minha mão ficasse vermelha.

Escorei os dois cotovelos na janela aberta, coloquei a cabeça entre as mãos e senti o choro vir.Era de tudo.Puta saudade da Mariana, vontade de meter uma bala na cabeça do Garcia e quebrar o pescoço da Vanessa.Raiva.Ódio.

Não me considero muito religioso, mas comecei a rezar.Eu precisava me apoiar em qualquer coisa que fosse, implorar pra que aquele sentimento filho da puta saísse do meu peito, mesmo que assim eu não sentisse mais nada.Meu corpo balançou com o choro.Soquei o batente da janela pela milésima vez, mas dessa vez senti que o vidro estava quase cedendo.

O choro cessou quando comecei a sentir uma verdadeira ira no peito.Eu tinha certeza de que se Vanessa ou Garcia aparecessem na minha frente naquele momento eu mataria os dois com as minhas próprias mãos.

A ideia foi divertida pra cacete na minha cabeça.Foi como se eu não estivesse raciocinando direito de tanto ódio, de tanta dor.

Não tava pensando em consequência nenhuma.Mal lembrei do Garcia dizendo que se ele não apagasse a Mariana, alguém iria, em algum momento.

Caralho.Eu tô ficando louco.

Amor de drogaOnde histórias criam vida. Descubra agora