Capítulo 22

15.6K 917 109
                                    

Gustavo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Gustavo

— Para de nóia, porra! — falei — A gente só foi pra praia.

— Eu já tinha te avisado sobre isso, falei pra tu não buscar ela na escola e cê tratou meu "não" como se não fosse nada. — ele tava muito puto.

— Ai Bruno, meu Deus! — Mariana andou até nós, ficando na frente dele —Não precisa desse drama todo, sério.Eu tô aqui, não tô? —cruzou os braços — E tô ótima.Isso tudo é desnecessário.

— Eu sou teu responsável, Mariana.Isso quer dizer que eu tenho que saber pra onde tu vai, e com quem — Bruno falava como se ela fosse uma criança.

— Eu já sou maior de idade! — ela revirou os olhos, bufando.

— Não interessa — Bruno respondeu, nervoso — Eu cuido de você, eu te sustento, então tu tem que viver sobre as minhas regras.

— Você tá falando como se fosse meu pai — ela cruzou os braços — Mas deixa eu te lembrar: você não é. — ela parecia estar ficando irritada,e eu a Julia só ficamos quietos.

— Ah, é? — o Bruno soltou uma risada irônica — Deixa eu te lembrar uma coisa então:ele tá a sete palmos abaixo da terra.Então eu sou o responsável por você, e sei o que é melhor pra você.

Aquilo tinha sido pesado pra caralho.Falar do pai morto era sacanagem.

A Mariana só ficou olhando pro Bruno meio incrédula por um tempo, mas ele não pediu desculpa.Ela ficou com o rosto meio triste, virou e subiu as escadas correndo.

— Não precisava disso, carai — falei, fazendo menção de subir atrás dela, mas o Bruno me parou na hora, segurando meu braço.

— Tu não vai atrás da minha irmã.Quero você longe dela, porra.Eu te pedi uma coisa simples e tu não conseguiu respeitar nem isso — soltou meu braço num empurrão, me fazendo tombar pra trás.

— Velho, mas o olha o que tu falou pra mina — insisti, mas ele me ignorou, indo até a Julia.

— Julia — ele foi até ela — Quer que eu te leve pra casa? — os dois se olharam.

— Relaxa, passei o endereço daqui pro meu tio, ele vem me buscar — ela sorriu sem mostrar os dentes — Se eu contasse pro meu pai que tô na casa de um traficante ele me mataria —olhou pro teto, e eu revirei os olhos.

— Os muleques não vão deixar ele passar pela favela não — peguei meu celular — Fala o nome do teu tio e como ele é, que eu ligo pra eles avisando e libero a entrada.

Ela me passou todas as informações e eu liguei pra um dos seguranças, pedindo pra liberar.

Assim que a garota foi embora eu e o Bruno subimos, sem trocar nenhuma palavra um com o outro.Tomei meu banho rapidão e coloquei uma bermuda.

Me joguei na cama pegando o celular.Vi que tinham duas mensagens da Vanessa, mas ignorei.Tô com paciência hoje não.

_________________________

GN:Vem aqui no meu quarto.

_________________________

Mandei a mensagem pra Mariana, que só visualizou, mas não se deu o trabalho de responder.Revirei os olhos e ouvi o barulho do chuveiro no quarto do Bruno, indicando que ele tava tomando banho.Saí do meu quarto em silêncio indo em direção ao da Mariana, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

A porta do quarto dela tava meio aberta e ela tava deitada na cama de pijama, com o rosto enfiado no travesseiro.Tentei entrar sem ser percebido mas a porta fez barulho e a Mariana me olhou, mas logo colocou o rosto no travesseiro de novo.

— Fala tu — sentei na beirada da cama, e ela ficou quieta.Paciência, caralho.

— Fiz nada pra tu ficar brincando de mudinha não, Mariana — cutuquei a perna dela, que nem se mexeu.

— Dá pra responder, caralho? — elevei o tom de voz, fazendo ela finalmente me olhar.

— Para de ser idiota, Gustavo — ela me olhou, com seus olhos meio vermelhos —Se veio pra me estressar, já pode ir embora —limpou os olhos com o dorso da mão.

— Eu vim em missão de paz — me aproximei — Namoral  — sentei do lado dela.

— Eu nem sabia que você não tinha falado pro meu irmão que íamos sair.Pra mim ele sabia — falou, virando a cabeça pra me olhar.

— Foi mal aí — virei a cabeça pro lado— Mas não foi por isso que tu ficou chateada né? Foi por causa do lance do teu pai...

— Uhum — ela asssentiu com a cabeça — Tipo, é óbvio que já caiu a minha ficha de que não vou ter eles comigo nunca mais — ela suspirou —E eu sinto falta deles.Mas é que ele falou de um jeito tão estranho, entende?Como se aquilo não fosse nada.

Foi involuntário pensar na minha mãe.Com certeza eu não tinha a mesma relação com ela que a Mariana tinha com os pais, ela era viciada e várias vezes chegava em casa com homens, drogada, direto me batia.Do mesmo jeito, eu sentia saudade pra caralho dela.

— Acontece o mesmo com você? —Mariana pareceu ler meus pensamentos

— Pra caralho.A relação com a minha mãe não era a melhor do mundo, e eu culpo um pouco ela por eu ter a vida de bandido que tenho. — olhei pra ela, que prestava atenção em tudo —Tô ligado que essa não era minha única opção, e que foi minha escolha, não tô dizendo que sou vítima, porque não sou.Mas eu meio que tive que pagar as dívidas dela em droga, tá ligada? E acabei nesse rumo aí — encostei na cabeceira da cama.

— Tirando essa parte...a parte ruim — ela me olhou — Você é visto na favela como um rei ou algo assim? Tipo, eu devo agradecer por estar passando um tempinho com você?É algo valioso? —ela riu, e eu acompanhei.

— A parte boa é que eu tenho a mina que eu quiser pra mim — bati no peito — Porquê além de eu ser um puta gostoso, sou o dono do morro, então ninguém mexe comigo não, rapá —sorri

Mariana

— É? — ri da sua convicção ridícula — E quais as vantagens de ser a namorada do dono do morro?

— Namorada não, fiel — ele me corrigiu — Sei lá, mulher gosta de dinheiro né.Pelo menos é isso que as minas daqui procuram em mim.Dou isso pra elas, e aproveito pra me divertir.Com a fiel é a mesma coisa, só que é um lance mais sério, tá ligada? — me olhou —Porquê? Tá interessada, é? — mordeu o lábio, sorrindo.

— Claro que eu tô! — falei no meu melhor tom de deboche, dando risada — Gustavo, será que você poderia transar comigo agora? — debochei, com a voz esganiçada.

— Olha que eu vou mesmo... — ele sorriu num tom pervertido se aproximando, mas eu fui rápida ao colocar uma almofada no seu rosto.

— Sai do meu quarto, vai.Antes que o Bruno chegue e te veja aqui — pedi, e GN pegou a almofada.

— Beleza, mas só porquê eu tenho amor a minha vida — disse, enquanto levantava da cama.Dei uma risada. —Boa noite  — falou encostado no batente da porta, mas quando ele se virou pra andar, chamei ele num sussurro alto.

— Oi? — virou pra mim.

— Obrigada — ainda estava sussurrando, numa tentativa do meu irmão não escutar nada.

Ele só deu uma piscadela pra mim sorrindo, e virou novamente, saindo do meu quarto e da minha vista.

_________________________

Comentem e deixem suas estrelinhas! :)

Amor de drogaOnde histórias criam vida. Descubra agora