Capítulo 67

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Luca Toretto

Vê-la ali dizendo que me amava despertou algo estranho dentro de mim, eu não podia dizer de volta, não poderia correspondê-la. Eu era morto por dentro, já tinha presenciado tantas coisas ruins, feito tantas coisas ainda piores, Arya era pura, ela ainda não tinha visto o meu pior.

- Você ama o que tenho te proporcionado nos últimos dias. Sabe o que fizeram com sua mãe ? Eu faço aquilo todos os dias com meus inimigos, muitas vezes com meus próprios homens quando saem da linha. Não me ame, Arya. Isso não te faria bem, você se decepcionaria.

Vejo lágrimas em seus olhos, ela levanta da mesa e antes de sair fala algo que me deixa pensativo.

- Não sou ingênua, sei muito bem o que é preciso fazer para se estar onde você está, também sei que você nunca irá corresponder. Amar é aceitar e reconhecer os defeitos, e eu aceito sua vida, aceito quem você é.

Vejo ela sair e penso na merda que acabei de dizer, eu nunca deveria ter colocado sua mãe como exemplo.

Perco o apetite, me levanto da mesa e vou até meu escritório. Bebo uma dose de uísque puro, mesmo sendo cedo, eu estava precisando. Sinto o líquido queimar em minha garganta e me sento na poltrona com o copo na mão.

Eu nunca tinha sido amado, nem mesmo por meus pais. Minha mãe abandonou meu pai assim que Bianca nasceu, e o velho me torturava todos os dias depois que ela se foi. A culpa de sua partida ficou sob meus ombros, tudo isso por sermos parecidos fisicamente e por ele precisar de alguém para culpar.

Matei o filho da puta quando completei 10 anos, ele ia machucar Bianca, não permiti que acontecesse. Eu odiava lembrar daquilo, era nojento.

Eu sentia por Arya, sentimentos que me eram desconhecidos. Ela foi a primeira em muitas coisas, eu a respeitava e meus pensamentos eram frequentemente direcionados a nós dois, ela era mãe dos meus filhos e em breve seria minha esposa, mas eu não poderia lhe oferecer amor, eu era quebrado e ela perfeita demais para mim.

[...]

Passei a manhã toda em meu escritório tentando me ocupar com o trabalho, eu tinha muitas coisas em minha cabeça e precisava extravasar, fui em direção ao quarto trocar de roupa para treinar e a vi sentada na varanda conversando com nossos filhos. Suas mãos estavam em sua barriga e ela parecia alheia ao que acontecia a sua volta.

- ' Se ele não amar vocês eu irei amar por nós dois'.

Sentei na beirada da cama e fiquei a observando, vê-la me trazia paz e eu já me sentia melhor. Eu precisava ter aquela mulher só para mim, todos os dias, era como uma necessidade. Se eu tivesse um coração, e nele ainda sobrasse algo bom, seria só dela.

Eu era só escuridão e ela estava me guiando rumo à luz.

Seu olhar - Série Os Mafiosos - Livro 01- (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora