A Guardiã da Noite - Livro 2

Capítulo 71 - O corvo e a adaga de gelo

NOTAS INICIAIS

HEY, Batatinhas Ambulantes o/

Eu particularmente amo o título desse capítulo ksks é quase poético <3

No capítulo de hoje - uma adaga hehe

Tenham uma boa leitura o/

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Um treinamento de Iniciandas se passou — ou seja, um mês — desde que fui mantida prisioneira da princesa Marilene visto que havíamos feito um trato. Tinha ainda conseguido barganhar uma visita semanal a Bianca e acompanhava sempre o seu estado. Via olheira em seus olhos, pois dormir numa cela não era nada confortável, todavia não parecia estar passando fome e não tinha indícios de tortura ou que fosse morrer em algum momento.

A princesa estava cumprindo sua parte do trato.

Quanto a mim, vez ou outra era convidada a acompanhar a oficial Abbott e a princesa para discutirmos sobre o plano e como as coisas deveriam funcionar. Os dias estavam passando lentamente e a cada reunião eu tentava pensar numa maneira de intervir. Ainda não tinha um plano concreto de como acabaria com aquilo tudo e meu tempo estava só esgotando.

Fora o fato de que vou ter de pensar num jeito de tirar Bianca do calabouço antes de pôr qualquer plano em ação para impedir a princesa. Esses pequenos detalhes estavam acabando com qualquer fagulha de ideia arriscando passar pela minha mente.

Suspirei, tentando relaxar o corpo no colchão, querendo que o sono chegasse naquela noite. Pelo menos a princesa não tinha me negado os luxos do castelo. Como ela não me queria criando qualquer confusão, ordenou que eu recebesse comida no quarto. Todas as três refeições. Tamanha mordomia se devia a minha grande importância no plano de expansão.

Com o dia do plano se aproximando — daqui uma semana —, logo eu já estava ciente do meu papel. Na verdade, já estava ciente de tudo o que aconteceria.

As tropas, tanto de Guerreiras quanto de Cavaleiros, serão todas designadas para a divisa entre Mariah e Mateh. Inclusive a princesa e o príncipe e eu mesma. A princesa ficará no lado de Mariah, o príncipe no lado de Mateh e eu no meio dos dois, exatamente na divisa. As tropas ficarão atrás e, quando juntos destruirmos o muro de Yancey — o país —, esse será o sinal para todos os Cavaleiros e Guerreiras invadirem o mundo humano para tentar obter suas terras.

Em poucas palavras, o plano poderia até ser simples, mas sabia que a execução dele seria complicada. Mais complicado ainda era arranjar um jeito de impedir isso tudo. Com o tempo curto, as tropas de ambos os lados do país já estavam indo para o centro dele, então isso só tornava tudo mais difícil.

Entretanto, ali, deitada na cama, procurando pelo sono, me ocorre que para se desestabilizar um exército inteiro, basta você acabar com quem está à frente. Talvez se eu literalmente impedisse Marilene e Matthew de estarem no controle, conseguiria impedir a invasão aos humanos do outro lado, a solução passa pelos meus pensamentos.

Fico ponderando sobre isso um bom tempo antes de curiosamente notar um corvo na minha janela. Franzo o cenho. Nunca tinha visto corvos por essas bandas, muito menos um em frente a minha janela. Geralmente quem usava essa forma animal para voar longas distâncias era eu e Marilene, embora o Matthew tivesse essa capacidade também.

Levanto da cama e devagar me aproximo da janela, tomando cuidado para não assustá-lo. Abro-a com calma e apesar do leve rangido, o corvo não se afasta. Continua me encarando.

Tenho um leve sobressalto quando ele pula para dentro do quarto. O observo com curiosidade, querendo saber o que ele queria com isso. Me abaixo calmamente e de maneira lenta aproximo meu dedo. Mesmo um pouco desconfiado, ele sobe no meu dedo e sinto uma pontada de dor, mas mantenho-o ali.