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10 anos depois...
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Mariana POV

Mari: Letícia, eu já falei mil vezes pra você parar de ir em porra de baile funk. POR QUE TU NÃO ME ESCUTA, EM? - grito andando atrás dela pela casa só de camisola enquanto ela finge não me ouvir.- Letícia, olha pra mim quando eu tiver falando, caralho! - puxo o braço dela e a viro pra mim.

Ela revira os olhos e bufa se soltando da minha mão. Petulante do caralho!

Letícia: OQ É, MARIANA? PARA DE SHOW, CARALHO! A vida é minha, as perna são minhas, e com elas eu vou pra onde A MINHA vontade me levar. Eu ja tenho a porra dos meus 18 anos, para de me tratar como se eu fosse criança, eu em.- franze a sobrancelha irritada e volta a andar procurando o salto dela.

Filha da puta.

Com quem ela pensa que tá falando assim, em??

Se achando a adulta, alá.

Essa pirralha fez 18 ontem, e como "presente de aniversário" ela quer ir se enfiar na porra de um morro, cheio de traficante, bandido, marginal, droga, arma e a merda toda. Vê se pode?

Parece que não vê jornal, parece que vive em outro mundo essa peste!

Aaaai, q ódio!

Marianna: Letícia, tu nunca entrou num canto desses, tu nem sabe oq tu vai encontrar lá, garota. Tira essa merda da tua cabeça, liga pra esse balaio de puta que tu chama de amigas e desmarca, merda! - falo alvorossada cruzando os braços batendo pé vendo ela calçar o sapato.

Letícia: Não vou desmarcar porra nenhuma! - levanta cruzando os braços.- Tu sempre saiu pra festa e eu nunca falei nada, aí agora tu quer controlar pra onde eu vou? A essa altura? - pergunta indignada e eu reviro os olhos.

Sim?????????????

Marianna: Tu quer comparar as festas que eu vou no LEBLON, aos meus vinte e dois anos, com a porra de um baile funk, que tu quer ir com recém 18, que vai tá Cheio de bandido, de traficante? Ah pelo amor. Ai, mizericredo, me arrepio até em pensar.- nego fechando os olhos e ela suspira desmanchando sua cara de carranca, vindo até mim.

Letícia: Mariana, eu sei que na sua cabeça eu ainda sou a menininha que tu viu nascer, que na tua cabeça eu ainda tenho dez anos e corro pra tua cama sempre que dá um trovão. Mas eu não sou mais. Eu tenho 18 anos, sou vacinada, sei muito bem oq eu quero e oq é certo fazer. Eu sei me cuidar, nem vou sozinha também, to indo com as meninas e elas ja foram lá milhões de vezes. Vai ficar tudo bem, calma.- nega suspirando tranquila e me abraça me fazendo ficar mais angustiada ainda.

Porra, nem é por merda de idade, até porque eu levaria ela sem problema em qualquer balada dessa cidade, em qualquer resenha. Mas naquele lugar não! La não tem nada que preste, só droga e gente ruim.

Não posso deixar minha menina ir pra aquela merda, não posso!

Marianna: Letícia, é sério. Tu não ta entendendo...- começo a falar preocupada de novo, mas ela me interrompe.

Letícia: Shhhh, tá decidido, Mariana. Eu vou e ponto. E tu não pode me proibir disso.- nega rápida pegando sua bolsa saindo do quarto.

Puta que pariu, que menina cabeça dura, viado!

Tento ir atrás dela mas ela corre pro elevador e desce mandando beijinho.

Debochada do caralho.

Marianna: AAAAAAAAAAAI, QUE ÓDIO! - grito com a cara numa almofada e me jogo no sofá.

Mais uma vez, ela passou por cima de mim.

Puta merda, q ranço!

Meu Deus, proteja essas meninas. Eu não posso perder mais ela...não posso!

Marianna: Ai, pai...por que o senhor tinha que me deixar aqui sozinha em? - nego com desgosto olhando a foto do meu velhinho num porta-retrato da estante.

Meu pai foi o homem mais integro, mais especial, mais FODA que eu ja conheci! Ele criou eu e minha irmã sozinho depois que minha mãe morreu no parto da Letícia.

Sempre tão dedicado, tão preocupado em ensinar a gente direito, sabe? Ensinar valores, ensinar a gente a ser mulheres tão fodas quanto a que nos trouxe ao mundo.

Mas, à cinco anos, ele morreu num assalto na porta da nossa antiga casa, e desde então eu tenho tentado passar pra Letícia o máximo do que ele queria ensinar pra ela. Aliás, eu e a Gertrudes, governanta e segunda mãe de nós duas. Mas aparentemente, eu tô falhando pra caralho!

Aaaaaaai, que ódio de mim mesma!

Eu não podia ter deixado ela ser amiga daquelas patricebas marmitas de bandido do prédio vizinho. Bando de alienada, pseudo crackudas. Que ranço!

Me abraço com a almofada rezando pra nada de mau acontecer, mas paro por ouvir os paços da Gertrudes vindo da cozinha.

Caralho, que merda. Ela deve ter acordado com o barulho da briga, meu Deus.

Gertrudes: Minha filha? Oq aconteceu? Eu ouvi uns barulhos...cadê a menina Letícia? - pergunta com carinha de sono amarrando seu sobretudo e eu nego indo abraçar ela chorando.
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Letícia POV

Minha irmã é quatro anos mais velha que eu e sempre foi desse jeito, preocupada ao extremo comigo.

Eu não conheci minha mãe, mas a Mariana sempre tentou agir como uma pra mim. Ja se meteu em briga de rua por minha causa, tomou uma suspensão de dez dias por tacar uma cadeira na testa de um menino na escola pra me defender e agora, ta tentando ao máximo me controlar pra onde quer que eu vá.

Eu entendo que ela é traumatizada, quer sempre cuidar de todo mundo, mas eu já tô bem grandinha, ela tem que me deixar em paz.

Mirella: AÊÊ, até que enfim, viada. Achei que a chata tinha te prendido em casa.- fala quando me vê e eu sorrio negando abrindo a porta do carro.

Letícia: Ela tentou, mas sabe que não pode me impedir.- nego despreocupada e elas gritam.

Todas: Uiuiiiiiiiiiii, patroaaaaaa! - gritam batendo no meu braço e eu rio.

Tatá: Então agora...PARTIU BAILEEE! - grita batendo nos bancos.

Gabi: Na verdade, partiu machos gostosos e armados, bê! - fala rindo e elas acentem me fazendo negar.

Meu Deus, não sei que graça elas veem nesses machos bandidos. Deus me livre.

Elas tão indo pra caçar perigo, eu to indo pra conhecer e rebolar a raba, apenas!

E pra mim, ta bom demais.

Mirella: Ta bom, chega de papo e vamo logo que lá ja deve tá o fervo! - sorri ligando o carro e acelerando em direção ao morro.

Deus nos proteja!

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora