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Lê POV

Caralho...é aquele cara daquele dia.

Puta merda, como ele soube que a gente tava aqui? Que eu me lembre eu não vi ele quando chegamos.

Não sei de onde brotou, mas...

Caralho, só de ver já dá um arrepio...

Admito que não sei se por medo ou por conta dos pequenos flash's que passam em turbilhão pela minha cabeça com imagens daquele bêco...daquela pegada...daqueles labios...

Ai ai...se controla, Letícia. Pelo amor de Deus!

Fico olhando pra ele que também me olha com o olhar profundo da outra noite enquanto a Mari enfim resolve abrir a boca.

Mari: Sim, tô procurando meu carro que eu deixei aqui à alguns dias. Aonde ele está? Sabe me dizer? - fala com mais educação do que eu esperava, pondo sua mão na testa para vê-lo melhor sem a luz do sol encandeando.

(Grego): Claro, dona.- acente calmo com um sorrisinho no canto da boca e me sobe uma mistura de alívio por sabermos que fim levou o carro, e de medo por não saber qual foi o fim que teve.

Ela suspira tensa por ter que falar mais alguma frase pra aquele cara, mas o faz sem demonstrar o que realmente ela sentia e que dava pra ver de perto: medo.

Não sei se medo dele ou medo do outro monstro chegar aqui também, mas dava pra sentir, era medo sim.

Mari: Então...aonde tá? - pergunta dando de ombros e eu olho pra ele tensa.

(Grego): Lá no alto.- fala calmo e se vira pra trás dando a entender que o carro ta dentro da favela fazendo nós nos encararmos.

Puta que pariu... não creio nessa merda.

Porra, por que eles levaram isso pra lá? Qual a necessidade, oporra????

A menos que...

Encaro a Mari e ela entende que estamos pensando a mesma coisa.

Mari: Mas ele tá intacto ou já reduziram ele à porcas e parafusos soltos? - se vira perguntando rápida e ríspida, e em seu tom de voz tinha uma puxada de ar. Estava ofegante. Quando ela fica assim do nada, é porquê ta com raiva mas com receio de pôr ela pra fora como gostaria. E isso se encaixa bem nessa situação.

Ela tá com raiva só em pensar na hipótese deles terem feito algo com o carro, mas sabe que corre sério risco se expressar isso aqui.

Ela fez isso antes, expressou o que sentia nesse lugar e acabou com pontos na cabeça e torcicolo por dias. Ela não ta louca de fazer isso de novo.

Ele abre a boca pra responder, mas é interrompido pelo ronco do motor de uma moto atrás dele, barulho que é parado logo em seguida.

Olhamos pra trás dele e vemos o que tanto tivemos medo: O cara que causou tudo aquilo na minha irmã há algumas semanas atrás.

Na hora, nossos corpos estremecem e eu junto o meu ao dela, vendo ele descer da moto com um boné preto que esconde metade de seu rosto e um revólver reluzindo em sua cintura.

Puta merda, agora fudeu de vez.
.
.
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Mari POV

Esse homem...

Esse corpo, esse jeito de andar...tudo nele começa a voltar à minha mente, nas lembranças horríveis daquele dia.

Aquelas mãos enormes rodeando meu pescoço, aquele corpo gigante me prensando contra a parede...

O arrepio da minha pele ao vê-lo é capaz de me passar a sensação que o concreto frio daquele chão causou na minha pele quando meu corpo foi jogado contra ele.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora