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Narração:

Arcanjo agora acelerava sua moto pelas vielas da favela, em tamanho êxtase e apatia que podia sentir quase como se pudesse voar.

Tinha apenas ódio correndo em suas vêias.

Seus olhos estavam em chamas e seu corpo ardia em ódio.

Mas ódio do quê?

O que, afinal, era o combustível pra tanta brutalidade e sede de sangue?

Ele mesmo se fazia tais questionamentos. Fingia não ter as respostas pra eles. Mas, lá no fundo, era possível ouvir os sussurros de algo que lhe dizia a verdade por trás de tudo aquilo que sentia nesse momento.

No entanto, ele jamais iria permitir que esses pequenos sussurros ganhassem voz e virassem gritos, que fizessem ecoar dentro dele tudo o que tanto lutava pra esconder de si mesmo.

Então, resolveu lidar com essa situação como sempre lidava com o que lhe tirava a paz e causava crises de raiva: matando.

Matar pessoas, significava matar sua raiva. Mas, como era feito dela, também se sentia matando um pouco de si, a cada vez que o fazia.

E gostava disso.

Pois não gostava de quem era.
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Arcanjo POV

Parei a moto em frente ao barraco onde guardaram o filho da puta, e os vapor já se levantou assustado, logo que me viu.

Lezin/Jipó: Boa noite, chefe.- falaram nervoso e eu assenti rápido, já praticamente arrombando a porta da casa pra entrar.

Meu sangue borbulhou quando vi o rato amarrado no chão.

Era uma presa perfeita.

Ele tava dormindo, mas acordou com o barulho da porta e me olhou assustado.

Eu sorri, respirando rápido, já pensando em todas as formas que tenho pra fazer ele implorar pela morte, até de fato morrer, e minhas mão até coçou.

Aqui não era sala de tortura, então não tinha os brinquedinho que eu gostava de usar pra fazer esses serviço sujo.

Mas achei até bom. Ia poder fazer tudo que eles fazem, só que com as minhas próprias mãos.

Caveira: Qual foi, anjico? Veio aqui só pra me dar boa noite? Que honra. - sorriu, debochado, e eu fiz o mesmo, indo até ele, em passos lentos.

Arcanjo: Olha, se tem uma coisa que eu não vou te deixar ter hoje... é uma boa noite.- falei calmo, baixinho, puxando ele pelas cordas e seu sorriso se fechou.

Mas já?

Tava gostando da felicidade em me ver.

Quando o tirei do chão, arremessei ele direto na parede e seu grito ecoou.

Caveira: Filho da puta.... desgraçado! - cuspiu as palavras, fechando os olhos com força, e eu ri, negando.

Arcanjo: Shhhhh... calma, pô. Nem botei ainda e tu já tá chorando? - me agachei em sua frente, rindo, e ele negou, me olhando com terror e raiva nos olhos.

Aaaaah, como é bom esse olhar...
E a sensação que ele te dá....

É por causa dele que não tem nada mais viciante no mundo do que matar.

Por alguns instantes, tu se sente um deus.

Até porque, tu tá fazendo o que ele faz: decidindo sobre a vida ou a morte de alguém.

Slk, dá mais tesão do que meia nove.

Arcanjo: Acho bom guardar as lágrima pro resto da noite.- falei entre dentes.- Porque eu não vou parar até tu pagar pelas 30 morte que causou nesse morro. Por todas as familia que tu destruiu, por todas as crianças que tu assassinou a sangue frio, seu filho da puta.- falei entre dentes, puxando ele pra perto.- Vou fazer tu engasgar com teu próprio sangue e deixar tua cara de um jeito que nem tua mãe te reconheceria, seu lixo.- bati a cabeça dele no chão com força e puxei seu corpo pro meio da sala.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora