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Mari POV

Mari: Eu ainda não acredito no que você fez.- neguei, olhando as ruas vazias pela janela do carro, e ele sorriu, pondo a mão na marcha.

E nem no que eu fiz.

Como pude aceitar que ele me trouxesse mesmo?

Sério.

Poxa, Mariana. Esperava mais pulso da sua parte, sinceramente.

É só alguém te colocar no ombro que você desiste dos seus objetivos? Que porra é essa?

Palhaçada passar uma semana inteira evitando o garoto, pra aceitar uma carona dele logo de primeira.

Pqp.

Só faço merda.

Caio: Ou, para de se fazer de durona que eu sei muito bem que a última coisa que você queria hoje era ainda precisar dirigir depois de um dia tão cansativo.- suspirei, me agasalhando mais.

É... ele tem razão.

Hoje eu não tô com cabeça pra mais nada.

Dirigir depois de tanta coisa seria uma tortura. Capaz até de acontecer uma desgraça, do jeito que eu sou estabanada quando tô com sono.

Foi melhor assim mesmo. Admito.

Mari: Valeu pelo casaco.- falei baixo, fechando os olhos e ele sorriu, abaixando a temperatura do ar-condicionado.

Caio: Quer desligar e abrir o vidro? - perguntou calmo e eu franzi o cenho.

Mari: Além de cansada, você quer me ver descabelada também? - falei com tédio, me virando pra ele e seu silêncio me fez abrir os olhos.

Ele me encarava com um sorriso cínico no rosto e depois voltou a olhar pra sua frente, ainda sorrindo, com as bochechas coradas.

Olha só, que velho safado.

Acabei rindo do duplo sentido e lhe dei um tapa no braço, encostando novamente minha cabeça no banco.

Idiota.

....

Ele fica bonito dirigindo.
Muito bonito.

Quando foi embora, nunca tinha nem tocado em um volante. Mas agora parece que já nasceu fazendo drift.

Faz tudo com uma mão só.

E que mão...

Estava enorme. Muito maior do que eu me lembrava, e repleta de veias que atravessavam sua pele num emaranhado de linhas azuis e deixavam seu braço muito mais interessante.

Mari: Nossa, cê é o fetiche de qualquer enfermeira.- ri, pondo a mão na boca, e ele me olhou confuso.

Caio: O quê? Como assim? - franziu o cenho.

Mari: Essas veias aí...- passei meu indicador em cima de uma das que saltavam em sua mão direita, que repousava sobre a marcha.- São o sonho de qualquer profissional da saúde. A agulha desliza igual faca quente na manteiga.- falei a última parte entre dentes, fechando os olhos.

Ah que delicia.

Ninguém entende o prazer de enfiar uma agulha em uma veia saltada como nós, carniceiros de jaleco.

Está entre as 7 maravilhas do mundo, com toda a certeza.

Caio: Gosta delas? - perguntou sorrindo quando puxei sua mão pra minha coxa, enquanto mexia e observava sua pele sobressaltada mais de perto.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora