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Mariana POV

A recepcionista, que mais parecia ser uma enfermeira rejeitada, tentava colocar em meu braço um aferidor de pressão.

Sem sucesso.

Suas mãos tremiam tanto e seus olhos estavam tão embaçados de lágrimas que mal conseguia segurar o objeto.

Estava em estado de choque.

Mari: Quer que eu faça isso pra você? - perguntei calma, segurando seu punho, olhando em seus olhos, e ela assentiu, fechando eles.

Arcanjo nos encarava há apenas alguns centímetros dali.

Seu olhar sádico, de quem poderia explodir os miolos daqueles dois a qualquer instante, só piorava tudo.

Foi então que eu decidi dar um desconto pra moça.

Ela era uma lambisgoia, mas não merecia tanto terror psicológico de uma vez.

Tudo tem um limite.

Mari: Arcanjo,...- o chamei, enfiando meu braço por dentro do aparelho, e ele me olhou.- Dá só uma licença pra gente enquanto fazemos a triagem, por favor? Vai ser melhor assim, e mais rápido também.- sorri amarelo, rezando pra que ele não fizesse mais um show e, pra minha surpresa e completa gratidão a Deus, ele realmente não fez.

Estranhamente, só assentiu e caminhou em direção à porta, onde estava encostado o médico.

Arcanjo: Qualquer coisa eu tô aqui fora...- falou calmo, olhando pro homem a sua frente como se imaginasse a forma mais dolorosa de o esfolar vivo.- Conversando com o doutor.- sorriu largamente, pondo a mão em seu ombro, e eu revirei os olhos.

Psicopata.

Logo os dois saíram da sala e nos deixaram a sós. Isso foi suficiente pra fazer com que a energia tensa do lugar fosse de 100 à 0 na velocidade da luz.

Instantaneamente, a mulher quase caiu no chão. Só não foi porque se segurou na mesa em que eu estava apoiada.

Foi como se tirassem duas toneladas de seus ombros, deu pra sentir o alívio.

Sua respiração ficou ofegante, como se estivesse segurando-a há muito tempo, e eu inclinei a cabeça.

Mari: Você tá bem? - perguntei preocupada, fechando o velcro do aparelho e ela abriu seus olhos, me olhando com raiva.

Enfermeira: Estou.- falou entre dentes, puxando meu braço com força e eu franzi o cenho.

Ué.

Tá putinha comigo por quê? Se foi ele quem te encheu de tiro? Eu em.

Mari: Por que não pega o braço dele desse jeito também? - perguntei calma, observando seu rosto, e ela engoliu em seco, respirando fundo.

Enfermeira: Perdão. Tô nervosa.- respondeu entre dentes mais uma vez, e eu neguei.

Mari: Eu sei bem disso. Mas por que seu nervosismo só se transformou em agressividade comigo? Por acaso fui eu quem quase te matou há 5 minutos atrás? - franzi o cenho, ainda calma, e ela negou, apertando a bomba do aparelho.

Ora mais.

Mulher abusada, eu em.

Claro que não aprovo o que Arcanjo fez com ela. Foi algo digno de um terrorista.

Mas essa sujeita e esse médico também não são santos. Preciso admitir.

Prova disso é que foi só não haver mais a presença de uma arma, que ela logo voltou a mostrar duas garrinhas.

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⏰ Última atualização: Aug 15, 2023 ⏰

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