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Duquesa: Fidélis! - gritou firme, descendo a ladeira da entrada e eu procurei com os olhos quem atenderia seu chamado.

Fidélis: Fala, coroa.- ouvi uma voz rouca vir do lado esquerdo da rua e viramos nossos olhares pra uma espécie de bar, onde tinham vários caras com fuzis nas mãos, sentados em uma mesa, bebendo.

Todos eram estranhos.

Não que fossem feios, mas não tinham uma vibe muito legal.

Também, um fuzil na mão não é algo muito gratiluz.

Duquesa: Porra, mas vocês já tão na breja uma hora dessa, em. Impressionante...- negou sorrindo, cruzando os braços ao ir até eles e eu a acompanhei, mesmo não tendo muita certeza se deveria o fazer.

Logo vi que era melhor não.

Porque todos eles me encararam dos pés à cabeça. Pareciam querer me comer só com os olhos.

Em especial, um deles.

Ele estava ao centro da mesa. Tinha o olhar forte, diferente dos demais.

Primeiro ele olhou pra ela, com respeito, sorrindo largamente, e depois, pra mim. Não dos pés a cabeça como os outros. Me olhou firme nos olhos e, por isso mesmo, me causou arrepios.

Uiui em.

Confesso que é bonito. Até demais. Mas o fuzil em seu colo me deu mais arrepios do que seu olhar e então eu me aquietei.

Eu em!

Zulive.

Sai, encosto!

Gostar de bandido é o departamento da outra parte da minha familia.

Primeiro, minhas tias esposas de deputado.

Depois, minha irmã.

Eu não.

Duquesa: Cê tá com a chave do jeep? - perguntou justamente pra ele, que assentiu, prontamente tirando do bolso as chaves, dando nas mãos dela.- Valeu, filhote.- pegou e ele a olhou de sobrancelhas franzidas, dando um gole a mais no copo de cerveja em sua mão.

Ok, ELE é o filho dela.

Jesus...

Até que se parecem bastante...

Ele tem os olhos dela. Olhos fortes, cor de terra.

A cor da pele também...

Acho que só a voz dele que é bem parecida com o cara lá da sala que deve ser o marido dela.

Enfim, bonito, mas bandido.

Fidélis: Ué, vai sair? Num vai pra casa já não né, coroa? - perguntou meio indignado e ela negou debochada, pegando o copo da mão dele.

Duquesa: Se eu tivesse, num era da tua conta, garoto. E tu fala baixo comigo em.- falou rápido, apontando pra ele com sua unha de acrigel enorme, sorrindo, e ele também acabou fazendo o mesmo.- Mas to não, pô. Tô indo só deixar essa princesa aqui, em casa, e já tô voltando.- ele assentiu devagar, virando seu olhar misterioso pra mim.- E nois Vamo jantar aí hoje, porque eu to com mó preguiça de fazer janta a essas hora.- negou bebendo toda a cerveja que ainda tinha restado no copo dele.- Vê se não enche o bucho com essa porra em. Tem que comer, caralho! Tá magrelo demais pra tá jantando Skol.- negou pondo o copo na mesa, dando um pescotapa nele, que fez careta de dor.

Todos seguramos o riso nesse momento e eu só conseguia pensar na mãe loucamente foda que ela devia ser.

Pelo jeito, ele é filho dela e mesmo assim ela fala com ele como quem fala com um amigo de bar... Palavrões, tapa... Achei super conceito.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora