19

5.1K 265 64
                                    

Mari POV

A cada passo que eu dava me afastando dela, era uma pontada diferente no meu peito.

Eu tinha medo...muito medo.

Ela tava agora rodeada por aqueles caras mal encarados e eu não sabia o que poderia acontecer.

Ela também tava com medo e com certeza deve tá se arrependendo de ter teimado em vir comigo, mas agora tá sem jeito.

A única coisa que me resta, é rezar pra Deus proteger a gente e ir rápido pra esse tal lugar onde esconderam meu carrinho.

O pior de tudo é o fato de eu ter que me embrenhar nesse lugar com esse monstro de "guia".

Caralho, quem teve essa ideia???? Quem achou que era bom me deixar sozinha com um cara que quase me matou????

Puta que pariu.

Não posso negar que o pânico já tomou conta de mim, mas no momento, não posso demonstrar isso. Eu só daria mais motivos pra esse merda estufar o peito e se achar o tal com meu medo.

Então, eu só comecei a andar mais rápido enquanto ele vinha atrás de mim, apenas me orientando as ruas que eu tinha que entrar, mas é claro que ele não ia me deixar fazer o que me deixasse mais confortável.

(Arcanjo): Eu acho bom tu começar a andar no sapatinho, porque se eu sentir por um segundo que vou te perder de vista, tua perninha vira papa aonde tu tiver.- fala devagar, mas alto e eu diminuo a velocidade na hora.

Que ódio!

Idiota...acha que pode tudo só porque tem essa merda na mão... sifudê.

Continuamos andando e andando.... e eu começo a pensar: como meu carro passou por essas vielas tão apertadas? E por que tinham que botar essa porra desse carro tão longe????
.
.
.
Letícia POV

Caralho, eu sabia que não era boa ideia ter vindo pegar esse carro, que merda!

Mas a Marianna é assim: ela considera tudo que foi dos nossos pais quase como itens de museu.

Ela não sabe guardar as boas lembranças só no coração, ela precisa passar a vida "cultuando" a casa, os carros e até os móveis.

Dá até agonia as vezes.

Visto isso, é óbvio que ela iria até o inferno pra procurar esse carro....bom, acho que se esse lugar não for o inferno, é um estágio pra lá.

Quando ela some das nossas vistas, seguida por aquele armário ambulante, meu peito vai apertando e eu começo a entrar em desespero.

Caralho, eu não devia ter deixado ela ir... não devia!!!

Sabe-se lá o que ele pode fazer com ela.

Ai Deus!

E se ele quiser terminar o serviço da outra noite???? E se ele for levar ela pra qualquer barraco desses e manter ela em cativeiro pra pedir dinheiro????? E se....

Meus pensamentos ruins logo são interrompidos por uma voz, já conhecida, falando comigo e duas mãos grandes pegando em meus braços.

(Grego): Ei...ei, loirinha. Cê tá legal, mano? - fala olhando pra mim com olhar não de deboche como o de alguns minutos, ou com o fogo dos momentos naquele bêco, mas, diferente: preocupado.

Ele tinha uma expressão de preocupação e de dúvida enquanto ainda segurava meus ante-braços com suas mãos ásperas e eu mal conseguia formular uma frase.

Lê: Eu.....eu...- falo desnorteada, sentindo o ar ficando cada vez mais raro nos meus pulmões e sinto minhas pernas bambearem.

Puta que pariu...minha pressão...

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora