No alto do morro...

71

Arcanjo: COMO ASSIM AQUELE MERDA TÁ NO RIO? - gritei, sentindo cada veia do meu corpo quase explodir e meu sangue ferver cada vez mais.- Esse arrombado num tinha sumido do mapa? Desaparecido? IDO PRA PUTA QUE PARIU NUM CARALHO DE ASA? MAS QUE MERDA! - bati na mesa com força, no puro ódio.

Caralho, quanto mais eu rezo, mais filha da puta me aparece.

KL: Eu não sei, chefe. Ninguém sabia que ele tinha voltado. E ninguém sabe o porquê dele estar de volta, mas uma coisa é certa: ele quer acertar as contas com tu, e ele nao tá de brincadeira.- negou preocupado e eu bufei, dando um murro na parede.

Não é possível que ele seja tão burro de querer se meter comigo depois de tudo que aconteceu.

Ele sabe o que eu posso fazer com ele se tiver a motivação certa. E motivo ele deu de sobra.

Nem um rato como ele teria coragem de me provocar, de me chamar pra briga a essa altura do campeonato.

Ah mas ele não sabe com quem tá lidando...

Arcanjo: FODA-SE! Ele que venha que eu maceto ele na bala. Mas o que tá me matando é: como ele sabia delas??? Por que ele tá envolvendo as patricinha nisso e Como caralhos ele sabe que elas tem a ver com nois?? Essa merda não faz sentido nenhum na minha cabeça.- neguei confuso, andando de um lado pra outro, com o corpo todo formigando.- Grego não apresentou ela pra ninguém fora desse morro, além dos Neves. E não pode ter sido eles, já que odeiam o Caveira tanto quanto nois. Então...como? Puta que pariu. Como? - fechei os olho, passando a mão pela cabeça, tentando encontrar uma resposta.

Guga: O capeta deve ter falado no ouvido dele. Só pode. Num tem lógica, mano.- sentou no sofá da salinha, pensativo, e eu me levantei, com meu coração acelerado.

Puta que pariu.

Como eu não pensei nessa merda antes?

Arcanjo: X9. Só pode ter sido um x9, porra.- falei devagar, e todo mundo me olhou, rápido.

Peu: Puta merda. É isso.- bateu as mão, puto, e eu neguei, pegando minha glock na mesa.

Caralho, que inferno! Que ódio!

Raça do cão! Nojo que eu tenho de x9, parça. Puta merda.

Num tem nada que seja mais podre no mundo do que um inimigo disfarçado de aliado.

E eu tenho tolerância zero com esse tipo.

Seja quem for esse arrombado, vou cortar a língua em mil pedaços, pra nunca mais poder fazer de novo.

Quem fala demais, tem que acordar com a boca cheia de formiga.

Poucas ideia.

Arcanjo: É o seguinte.- falei baixo, tentando ficar calmo, e apontei a arma pra eles.- Vocês três...- (Peu, Guga e KL ) - São os único que têm minha completa confiança nesse morro, depois do Grego.- eles assentiu.- Os único que tão sabendo do que aconteceu, e os único que vão saber os meus próximos passo pra resolver essa merda toda.- assentiu de novo.- Então, vocês é que vão cuidar desse tal Boca grande, pra mim. Tendeu? - concordaram, assentindo.- Mec então. Peu e KL vão se encarregar de selecionar, entre os soldado, os cara que mais tem chance de ser x9 e isolar eles do resto até nois ir atrás daquele porra. Quando tudo passar, e eu já tiver mandado ele pro capeta, é que nois vai investigar eles direito e pegar quem seja o verdadeiro cabueta dentre eles. Até lá, mete tranca neles, pra não correr o risco do Caveira ficar sabendo de QUALQUER INFORMAÇÃO, DE QUALQUER DECISÃO nossa. Ok? - todos concordou e já foi se levantando.- Faz tudo no sigilo, ninguém mais pode saber de nada. Aliás, ninguém pode nem sonhar que eu tô desconfiando de x9. Beleza? - suspirei, cansado.- Agora vão.- assentiram saindo e eu me sentei na cadeira, fazendo gesto pro Guga chegar mais.

A primeira coisa a se fazer antes de começar um plano contra um rato arrombado, é garantir que não tenha outros ratos como ele no meio de nois.

Qualquer plano que eu faça contra ele já é perigoso o suficiente pra, ainda por cima, eu me dar o luxo de permitir a possibilidade dele ficar sabendo dos nossos passos.

Qualquer informação vazada e nois já tava morto.

Primeira etapa feita, vamo pra outra. A mais importante e mais difícil.

Arcanjo: Eu não te mandei junto deles porque preciso da tua ajuda.- olhei pra ele, respirando fundo, e ele assentiu.- Faz anos que eu sonho com o dia que eu vou sangrar aquele filho da puta ate a última gota, e eu tô vendo que esse dia tá chegando. Minha oportunidade de fazer justiça por tudo que ele fez, e cumprir o que eu prometi à toda a gente desse morro, é essa. E eu quero fazer valer. Mas, eu não sou idiota, eu sei do que ele é capaz e sei que ele também tá ligado que eu vou forte pra cima dele, e que por isso, aquele merda não vai ta de bobeira me esperando com um tapete vermelho. Se ele tá me chamando pra briga, é porque se sente preparado pra ter uma comigo. E isso já é estranho, Porque ele sabe quem eu sou e do meu poder dentro dessa cidade. Sabe que não é atoa que ninguém tem coragem de invadir o que é meu.- ele assentiu.- O que me leva a ter certeza de que aquele filho da puta tá com o arsenal do exército de Israel pronto pra trucidar nois assim que pisar o pé no morro sujo que ele tá se escondendo. E é por isso que eu preciso do plano perfeito, pra ter a certeza de que nada vai ser como aquele arrombado quer que seja. E pra isso, eu tenho o plano que eu idealizei por todos esses anos e que agora tu vai me ajudar a aperfeiçoar, pra destruir de vez aquele puto e fazer ele se arrepender de, alguma vez, ter pensado em se meter com o Arcanjo.- falei entre dentes e ele sorriu.

Guga: Pois se depender de mim, chefe, esse filho da puta vai morrer sem nem saber de onde veio o tiro, e nois vai trazer as patricinha de volta sem nem um arranhão.- assenti sorrindo de lado, e meu pensamento voou pra aquelas duas.

Como deve tá a cabeça daquelas praga?

A loirinha deve tá se cagando de medo a uma hora dessas.

Já a magrela, deve tá bufando de ódio de nois.

Aliás, conhecendo aquela doida, ela já deve tá solta. Os cara não aguentaria todo esse tempo com aquela marrenta buzinando ao pé do ouvido.

Deus abençoe que sim. Me pouparia da vergonha de ter que arriscar a vida pra salvar aquela doida.

Guga: Mas iaí, chefe? Qual o plano? - perguntou pegando um cigarro do bolso, e eu respirei fundo, pegando papel e caneta.