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Mari POV

O desespero me consumia.

As lágrimas se misturavam com a saliva nojenta que ele deixava pelo meu rosto enquanto me beijava, sem que eu quisesse, e eu só sabia tentar ainda arrumar forças pra me debater e tentar evitar que ele continuasse a me imobilizar, mas era impossível.

Ele era forte demais.

E aparentava estar drogado, o que só piorava tudo.

Puta que pariu, quê que eu vou fazer...?

E ninguém me ajudava. Ninguém parecia dar a mínima pra o que estava acontecendo ali.

Parecia que algo assim era normal aqui e nada foi feito por parte de ninguém.

Eu gritava por ajuda, pedia socorro, mas todos só pareciam se importar com suas próprias danças e seus flertes com outras pessoas.

Eu estava sozinha.

E isso só me angustiava mais e me fazia ficar mais desesperada a cada segundo que se passava.

Aliás, cada segundo parecia uma eternidade.

Ele, enquanto eu me esgoelava, me agarrava, me apertava, tentava me tocar em lugares íntimos e eu não aguentava mais ter que lutar contra todas essas perversões.

Puta que pariu...

Eu só sabia chorar. De raiva, de agonia, de medo...

Puta merda, será que só vai acontecer desgraça na minha vida agora? Um dia de paz eu não tenho mais?

Quando eu já me tremia por inteiro, e minhas pernas já não tinham mais nenhuma força, finalmente senti seus braços me soltarem e ouvi seu corpo ser arremeçado à outra parede da quadra.

Minha mente travou. Não consegui entender o que havia acontecido.

O quê? Como...?

Foi um choque enorme e eu não sabia ao certo o que fazer.

Quando me virei, só vi o vulto enorme do corpo de um homem forte indo pra cima do dele.

Eles estavam em um lugar meio escuro da quadra, mas quando a luz dos refletores passou por eles, pude enxergar plenamente quem era o homem que o havia tirado de cima de mim.

Arcanjo.

Uma de suas mãos segurou seu pescoço, e a outra se fez em punho.

Meu Deus.... Como...

Como Ele...?

Minha cabeça ainda tentava assimilar o que estava havendo, parecia mentira que logo ELE tivesse ajudado...

Foi quando vi uma sequência de socos sendo dada no rosto do homem que antes estava me agarrando. Arcanjo colocou todas as suas forças nesses golpes e, quando a música subitamente parou em decorrência da briga, até dava pra se ouvir o barulho das pancadas ecoando pela quadra inteira.

Arcanjo parecia transtornado. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto tinha puro ódio.

Eu não entendia ao certo o porquê dele estar assim, e nem porquê estava fazendo isso por mim.

Não dava pra entender o motivo dele ter me ajudado, visto que ele não se incomoda em gritar aos quatro ventos que me odeia, e ele mesmo já ter me agredido antes...

Não sei a causa de estar tão transtornado com alguém que me fez mal, sendo que ele mesmo já me fez também.

Não nesse sentido, mas fez em vários outros incontáveis.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora