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Mari: Arcanjo???? - arregalei os olhos, franzindo o cenho, ao entrar em casa e ver ele todo jogado no tapete, rodeado por quatro caras estranhos.

Mas que porra tá acontecendo aqui??

Arcanjo: Mariana...- falou com a voz embriagada, levantando a cabeça pra olhar pra mim, e eu neguei, jogando a bolsa no sofá.

Mari: O que foi que aconteceu?? - perguntei confusa, me ajoelhando ao seu lado, pondo a mão em sua testa.

Ele tá gelado. E mesmo assim tá suando.

Não é bom sinal.

Mari: Algum de vocês aí.- levantei a cabeça, olhando em volta.- Vai no armário da cozinha e vê se encontra uma maleta branca com uma cruz vermelha. Rápido.- mandei, seria, e eles todos correram em direção à cozinha.- Só espero que não façam uma bagunça...- falei baixo, revirando os olhos.

Se, um só, já quase derruba esse armário todo, que dirá 4.

Era uma vez uma cozinha.

Arcanjo: Mariana...- voltei meus olhos pra ele, que me encarava com uma expressão triste.-... Que hora é essa? - perguntou atordoado, olhando em volta, e eu pus a mão em seu peito, o empurrando pra baixo outra vez, pra que continuasse deitado.

Mari: Deve ser umas duas, por aí. Por que ce quer saber disso??? - perguntei, confusa, abaixando sua pálpebra com o polegar pra ver melhor.

O cheiro de cachaça era inegável e forte.

Já tinha empestiado a sala toda.

Ele não tava mais nem suando.
Tava só exalando álcool pelos poros.

Seus olhos estavam vermelhos, irritados e com aspecto morto.

A boca tava sêca, e as bochechas, rosadas.

O diagnóstico era claro e meio óbvio:
tava tendo um belo de um PT, com altos riscos de evolução pra um coma alcoólico.

Por sorte, ou por falta de uma única dose, ele não chegou a esse ponto.

Graças a deus.

Senão, seria ainda mais trabalho pra mim.

Jesus amado.

Mari: Já acharam??? - perguntei alto, perdendo a paciência, e eles me responderam com um barulhão de panela caindo.

Que beleza. Mas que beleza.

É nisso que dá botar homem pra fazer tarefas que exijam 2% de cérebro.

Oh raça!

Arcanjo: Então... por que tu tá aqui? - perguntou com os olhos quase fechados, e eu balancei a cabeça, confusa.

Mari: O quê? O que isso tem a ver? Do que cê tá falando? - franzi o cenho, e ele respirou fundo, abrindo mais os olhos.

Arcanjo: Se ainda é duas, por que tu já voltou? Não era só às quatro que a bonita ia largar do príncipe? - debochou, com a voz atropelada, rindo igual um idiota e eu revirei os olhos.

Aí que inferno.

Acabei de perceber: se ele sóbrio já é um saco, bêbado então... vai ser uma cruz.

Arcanjo: Que foi? Já descobriu que era sapo? - fechou o sorriso, ficando estranhamente sério, e eu respirei fundo.

Mas que merda em.

Bebe e vira vidente? Que porra é essa?

Mas também, acho que nem tava precisando de muito pra perceber isso, né.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora