102

1.4K 87 15
                                    

Alguns dias depois....

Segunda-feira, 19:50.

Mari Pov:

Caralho, por que segundas feiras parecem sempre mais cansativas e ociosas do que qualquer outro dia da semana? Por que as piores matérias da faculdade sempre são encaixadas justo nesse diabo de dia horrível?

Alguém chame o scooby doo pra resolver esse mistério, pelo amor de Deus.

Não suporto mais.

Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim e ainda dado ré.

E isso tudo só piora quando penso que a semana só começou.

Puta merda.

Suspirei, cansada, jogando minha bolsa no banco e fechei os olhos, deitando por cima dela como se fosse um travesseiro.

Até que parece um. E do jeito que tô moída, até se tivesse pedra aqui dentro eu estaria achando macio.

Felizmente, minha apostila de anatomia revestida de lã rosa tá salvando tudo.

Obrigado, Letícia, por ter infernizado a minha vida naquela papelaria pra que eu comprasse a capa mais brega que eles tinham.

#LeleIcone

- Que coisa mais feia.... matando a palestra do Sampaio pra ficar dormindo no meio do centro de convivência? Esse é o futuro da medicina desse país? - ouvi sua voz divertida ecoar atrás de mim e sorri, abrindo os olhos.

Caio.

Mari: Cala essa boca e senta logo a bunda nesse banco.- falei com a voz embriagada de sono, levantando a cabeça e jogando a bolsa no chão pra lhe dar espaço.

É incrível como eu não consigo escapar desse menino por muito tempo.

Jesus amado.

Eu tava evitando ele há uma semana.

E ele deve ter notado isso. Mas é educado demais pra me questionar o porquê de eu não ter mais aparecido no RU, nem nos seminários de introdução à pesquisa, e nem mesmo no ponto ônibus onde eu sempre pego meus táxis quando tenho preguiça de vir dirigindo.

Eu simplesmente sumi por sete dias.
Consegui, por todo esse tempo, botar meu plano em prática.

No entanto, é só ele conseguir chegar mais perto que eu esqueço o quanto o quero longe.

Isso que me fode.

Caio: É sério que cê vai dormir aqui mesmo? - perguntou rindo quando deitei minha cabeça em seu colo, e eu assenti.

Mari: Vou. E você nem pense em me julgar por isso, porque eu tô nessa budega desde as 8 da manhã.- falei puta, ainda de olhos fechados.- Das uma da tarde até as cinco, só aula prática de perfuração. Tô aqui quase sem vêia já, ó.- estiquei meu braço, fazendo manha, e ele o pegou, ainda sorrindo.

Aqueles filhos da puta da minha sala só me pegam de cobaia.

Eu em.

Caio: Puta merda, tá tudo roxo. Quem fez isso? Uma criança de 5 anos com a agulha de crochê da vovó? - debochou e eu dei de ombros, sentindo meu corpo se relaxar cada vez mais.

Eu vou dormir aqui mesmo e não tô nem aí.

Só preciso voltar pra sala às nove e meia mesmo.

Quarenta minutinhos de berço é tudo que eu pedi a Deus. Glória a Jesus.

Quando finalmente estava entre o estado de dormindo e acordada, senti sua mão pousar sob os meus cabelos e começar um tímido carinho.

Eita....

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora