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Finalmente chegamos na porta da quadra e eu consigo sentir meus sentidos voltando ao normal em segundos.

Nossa, aleluia.

Parecia que eu tava em uma panela de pressão, caralho.

Mi: Ó, fica aqui! Não sai daqui pelo amor de Deus! Daqui a pouco eu venho aqui ver como tu tá, beijo.- fala rápido e beija minha testa, já voltando logo pra festa.

Uhul, como ela se preocupa super comigo, nossa.

Caralho, eu não devia ter vindo. Bem que a Marianna Me avisou, pqp.

Eu mal cheguei, mas ja quero voltar pra casa. Meu salto ta me matando, o cheiro desse lugar me deixa sufocada, a música me faz querer arrancar meus olhos com minhas unhas, e agora eu acho que to com ânsia de vomito. Que beleza.

Tento respirar um pouco mais e acalmar meus batimentos, mas a sensação de quando eu cheguei aqui fora já passou. Essa porra é tão fedida a maconha ou qualquer merda assim, que empestia a rua toda.

Não sei como os moradores aguentam isso, meu Deus.

Ah, como se eles tivessem a opção de pedir pra esses caras não fazerem essas coisas, ou de mudar pra um lugar melhor que não seja perto de um baile fedido.

Fico meio atordoada e perco a paciência ao perceber que o cheiro só fica pior e a música só fica mais alta.

Ah, sinceramente...eu sei que eu falei pra Mi que eu ia esperar aqui, mas não dá. Eu preciso ir nem que seja na esquina. Eu só quero encontrar um lugar que não tenha nem RESQUÍCIOS desse cheiro insuportável, dessa música horrivel e dessa gente estranha que consegue achar isso tudo o máximo.

Suspiro e levanto da calçada pegando a minha bolsa e indo em direção ao fim da rua com a esperança de me livrar de tudo isso.

A rua tava completamente iluminada pelas luzes do baile, mas eu acho que quando a luz da quadra se apaga, isso aqui vira um breu.

Todas as casas DESSA rua são totalmente estragadas, às ruínas.

Não parece ter ninguém que more aqui, a não ser algum viciado ou morador de rua.

Mas acho que a maioria dessas "casas" só servem pra fuder mermo.

Na falta de lugar melhor, quando se está com a buceta molhadassa...vai isso aí mermo.

Se bem que...pelo estado dessas casas, é bem capaz de tu pegar uma xanha só de tirar a calcinha nesse treco.

Jesus amado...quero nem pensar em como essas casas devem tá nojentas por dentro...

Mas dane-se, não to aqui de arquiteta pra ver estrutura de casa, nem de especialista em DST. Só quero sair daqui e nem olhar pra trás.

Minha vontade é de realmente ir embora desse morro, mas não sei dirigir, a chave do carro ta com a Mi e se eu ligar pra Mariana, vou ouvir o sermão dela.

E entre ficar aqui e só procurar um lugar melhor pra ficar enquanto esse cabaré não acaba, e ligar pra ela e ir pra casa ouvindo bosta...eu prefiro a primeira opção.

No final da rua, eu vejo uma pequena ladeira que leva à rua de baixo onde tem umas pessoas nas calçadas de casas estranhas, sem reboco, algumas que parecem que vão desabar a qualquer segundo...outras que REALMENTE desafiam a lei da gravidade de tanto puxadinho e, enfim, são bem estranhas mas ainda são casas com uma estranha beleza, estranha simplicidade bonita, sabe?

Não sei explicar...mas é bonito até.

As poucas pessoas divididas em uma ou duas calçadas, são simples, parecem senhorinhas fofoqueiras, só que mais novas.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora