57

3.6K 176 56
                                    

Minutos depois....

Mari: Mas me conta, como é que tá a vida lá com seu malvado favorito? - perguntei irônica, puxando um banquinho pra sentar ao lado dela, que riu, negando.

Letícia: Cê num vai parar de implicar com ele né? - perguntou rindo e eu neguei, cruzando as pernas, em deboche.- Mas, respondendo a sua pergunta, tá tudo bem. Ele é uma pessoa maravilhosa, super carinhoso... Pelo menos, com a família.- arregalou um pouco os olhos, sorrindo amarelo, e eu franzi o cenho.

Então né... Imagino.

Mari: Tá te tratando bem? Tá te dando a vida que você merece? Porque se não tiver, eu juro que te sequestro agora e não quero mais nem saber.- levantei as sobrancelhas meio puta e ela sorriu, assentindo.

Lê: Sim sim, não me falta nada.- negou, sorrindo.- Todas as vezes que ele vai sair, pergunta se eu quero algo da rua.... E, Como eu tava mal, eu sempre dizia que não. E ele, sabendo disso, nunca dava ouvidos e sempre voltava com alguma gracinha.- negou, olhando pras suas mãos com um olhar bobo.- Comida, ursinho... Até um buquêzinho de flor ele arranjou uma vez, acredita? - levantei uma sobrancelha, acabando por rir segundos depois.

Meu deus, a breguisse desse homem...

Mas é fofo. Ou pelo menos tenta ser.

Então, ao menos tenho que admitir, ele é esforçado.

Quem diria que o bandido mau, o procurado, o perigoso traficante do morro que tanto falam na TV, é, no OFF, cadelinha da mulher a esse nível?

Ai ai, amo as reviravoltas que a vida dá.

Mas que bom que é. Acho bom que seja mesmo, porque senão...

Mari: Ai que lindo. Quase um lord. O príncipe da favela que a princesa do condomínio sempre quis.- debochei rindo e ela me deu um tapa de leve no braço, fazendo o mesmo.

Lê: Ah, ele é mesmo, tá!? - assentiu rindo e eu debochei, revirando os olhos.- Ele me ajudou muito nesse tempo todo. Aliás, foi e ainda tá sendo a minha dose de força diária pra continuar.- negou, suspirando e eu franzi o cenho.

Bom, pelo menos isso né.

Mari: Sim sim, tudo muito lindo. Mas...vem cá.- descruzei as pernas, a olhando meio desconfiada.- Cê ama mesmo ele? Tipo, de verdade mesmo? Porque até agora você só falou nele como quem fala de um amigo, ou até de um irmão... Qualquer um que ouvisse você falar, nunca pensaria que estivesse falando de um namorado.- dei de ombros, tentando entender, e ela sorriu, negando.

Bom, não é uma crítica, mas que é estranho pelo menos pra mim, é.

Depois de alguns segundos de silêncio, em que ela parecia pensativa, finalmente resolveu falar.

Lê: Mari... Nesses dias todos que eu tô com ele, meu amor só aumentou a cada dia.- negou, em um suspiro sincero.- Ele nunca soltou a minha mão, mesmo quando até EU teria ME abandonado.- sorriu triste.- Ele me mostrou a forma de amor dele... E essa forma, é cuidar de mim. É não me deixar sozinha. E, assim, eu percebi que o nosso amor não é do tipo que dá frio na barriga, ou que dá ansiedade só em ver a pessoa.- negou, calma.- O nosso amor é calmo... É delicado... Me traz paz estar com ele, e não borboletas no estômago.- seus olhos brilhavam ao falar aquelas palavras e seu sorriso começava a nascer por entre seus lábios.- O nosso amor, é um desses que faz a gente se sentir acolhido e seguro a cada segundo que tá junto da pessoa. E eu não o trocaria por nada nesse mundo. Tenha certeza disso.- falou firme, dando de ombros, tranquila, e eu fiz careta.

Ok, ela tá realmente muito apaixonada e, aparentemente, muito satisfeita com ele.

Mas, definitivamente esse não é o meu tipo de amor.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora