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Mari POV

A cada passo que ele dava em nossa direção, eu sentia que meu peito parava uma batida.

Eu sabia que ele tava com ódio, e tinha certeza de que era por minha causa.

Não entendia como e nem porquê, mas tinha dedo meu naquela cara de psicopata, e eu precisava agir rápido se não quisesse que uma desgraça acontecesse.

Caio não podia conhecer esse idiota, e nem perceber que tínhamos alguma ligação. Seria o meu fim.

Além de perder o Caio, perderia a todos que ainda tenho fora desse buraco e que ainda me conectam com a vida que eu gostava de viver. Essa seria a última pá de terra jogada no meu nome e na minha autoestima.

As coisas já tinham dado errado demais por hoje, não ia suportar mais disso.

Eu tinha que fazer algo pra impedir essa catástrofe.

E era já!

Mari: Caio...- respirei fundo, voltando a olhar pra ele com um sorriso amarelo.- Eu sei que vai soar estranho o que eu vou te pedir agora, mas por favor não questiona e só faz o que eu falar, tá? - apertei seus ombros e ele franziu o cenho, confuso.

Caio: Ué... ta bom. O que é? - perguntou calmo e eu abri a porta do carro, me preparando pra meter o pé.

Mari: É o seguinte: assim que eu sair daqui....- virei a chave do carro, o ligando novamente.- Você vai travar todas as portas, dar a ré...- engatei a marcha certa pra isso.- E acelerar o máximo que puder, até chegar na pista.- arqueou a sobrancelha, sem entender nada.- Quando chegar lá, você vai acelerar mais ainda, só que agora pra frente. E não vai olhar pra trás até ter perdido esse morro de vista. Entendeu? - olhei em seus olhos, enfática, e ele assentiu, de olhos arregalados.- E mais uma coisa: por motivo algum nesse mundo reduza a velocidade até que esteja na parte mais tranquila da cidade. Ok? - ele assentiu mais uma vez, ainda me olhando sem entender nada, e eu sorri.- Até amanhã.- soltei beijos no ar e quase fui parar no outro lado da pista quando desci do carro, de tão rápido.

Assim que o fiz, vi Arcanjo chegar há menos de 5 metros de onde estávamos e olhei novamente pra dentro do veículo, apreensiva.

Puta que pariu, vai logo!

Será possível que o que tem de gostoso ainda tem de lerdo?

Evoluiu em tudo, menos na inteligência?

Caio me lançou um último olhar hesitante e logo deu início ao plano que eu acabara de lhe narrar.

Aleluia! Já não era sem tempo.

Em menos de cinco segundos seu carro já estava na pista e, em menos de meio milésimo, sumiu das nossas vistas em meio à névoa.

Mari: Graças a deus.- sussurrei, fechando os olhos em alívio.

Dois segundos depois, ouvi o som de 3 disparos.

Abri os olhos sentindo meu coração quase sair pela boca e pude ver de onde os tiros haviam saído.

Mari: QUE PORRA É ESSA??? VOCÊ ENLOUQUECEU???? - gritei, correndo até onde ele estava e abaixei seu braço com força, ainda olhando pro carro.

Por sorte, ele havia errado.

Arcanjo: Sabia que tinha que ter trazido meu fuzil.- falou seco, entre dentes, ainda com o olhar distante, e eu neguei incrédula.

O que ele pensa que tá fazendo????

Mari: Cê tá com merda na cabeça??? O quê diabos foi isso??? - perguntei desesperada, tentando arrancar a arma de sua mão, e ele desceu seu rosto, me encarando.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora