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Mariana POV

Assim que chegamos no hospital, fomos recebidas pela equipe do dr.Miguel.

Ninguém além deles podia saber do procedimento, então o dia todo seríamos acompanhadas por eles.

De início, levaram ela pra fazer uma bateria de exames pra saber se ela tava realmente grávida, e como tava a saúde dela em geral.

Depois de duas horas fazendo esse monte de exames, levaram a gente pra comer alguma coisa.

Ela pôde tomar só uma vitamina de abacate e, eu, um sanduíche de queijo bem sem graça com suco de maracujá.

Ok, se eu soubesse que era assim, tinha batido cinco prato em casa.

Que ódio.

Depois de comer, levaram ela pro quarto que ela ia ficar e mandaram que ela se preparasse.

Eu fiquei no quarto com ela e, depois de alguns instantes a observando, eu resolvi falar.

Mari: Tem certeza disso mesmo, né? - perguntei calma, quando a enfermeira fechou a porta, e ela suspirou pegando a bata transparente que haviam deixado em cima da cama pra ela.

Letícia: Tenho. Mas ter certeza disso não quer dizer que eu goste de ter que tomar essa decisão.- negou triste tirando a blusa.- É uma sensação muito estranha... Mas é o único jeito de não estragar minha vida tão cedo assim.- deu de ombros tirando o sutiã.

Seu olhar estava triste, meio vazio.

Pra mim, é horrível ver minha menina, tão nova, tão cheia de sonhos ainda, ter que passar por uma coisa dessas.

Porra, até ontem ela era uma criança. Corria pela casa inteira, corria pro meu quarto toda noite quando tinha pesadelo ou quando trovejava... E agora, tá aqui, sofrendo as consequências de já ser uma mulher.

Não era pra ter sido assim...

Não era pra ter sido com ele.

Porra, que ódio daquele cara, sério.

Maldita hora que eu não enchi aquele morro de polícia pra prender aqueles monstros.

Mas agora tá sem jeito, não tem mais o que fazer.

Só remediar essa situação horrivel do jeito que dá.

Mari: Ah, minha irmã.... Calma, já já isso acaba e eu garanto que daqui a um tempo cê num vai nem lembrar que isso tudo aconteceu.- neguei chegando mais perto dela, lhe abraçando de lado.

Ela sorriu sem graça e respirou fundo virando seu olhar pra mim.

Letícia: Será que tem como? - me olhou triste e eu suspirei beijando sua cabeça, apertando-a em meus braços.

Ai, isso vai ser tão pesado pra ela...

Quero nem pensar.
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Letícia POV

Lê: Mari...- falei baixinho, me sentando na cama enquanto ela dobra minhas roupas com cuidado.

Mari: Oi.- responde pegando uma sacolinha que ela trouxe pra deixar minhas roupas dentro.

Letícia: Será que o pai e a mãe tão vendo isso? Será que eles tão muito tristes ou muito bravos comigo? - perguntei sentindo um nó crescer em minha garganta e ela parou por alguns instantes, suspirando logo após.

Mari: Lê...- sentou ao meu lado respirando fundo.- Os nossos pais não estão vendo nada disso. Eles estão em um lugar muito melhor do que aqui, e não precisam ficar olhando sempre pra gente porque eles estão felizes lá e sabem que a gente está bem onde eles nos deixaram.- passou sua mão em minhas costas, fazendo carinho.- Aqui, só quem está vendo tudo isso sou eu e você. Mais ninguém. Então agora, só pense em você. Esqueça quem não está mais nesse plano... esqueça até de mim, se isso for te fizer bem.- negou.- Pare de colocar essas coisas na sua cabeça e tenha força, porque hoje esse pesadelo acaba e amanhã mesmo a gente tá fora até desse país.- olhou pra janela e eu franzi o cenho olhando pra ela.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora