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Mari POV

Alguns dias ja tinham se passado desde aquela noite horrível.

Meus ferimentos já estão cicatrizando bem, a Lê aparentemente aprendeu a lição e não tem me dado mais trabalho quanto à esses lances de sair pra festa e nem sair com as piranhas das amigas dela pra shopping ou praia, ela vai mais.

Só fica em casa, sendo carinhosa comigo e com a Ger, estudando pra caramba o dia todo, sempre perguntando se eu to bem, me ajudando com os curativos...

Bom, dela eu não tenho mais do que reclamar, graças a deus.

O problema é que eu ainda não tive tempo e nem saúde pra voltar naquele lugar e pegar meu carro.

Na verdade, acho que tenho receio daquele cara estar lá e...algo de ruim acontecer de novo... Ou do meu carro já ter virado mil pecinhas.

Pqp.

Quero nem pensar nessa hipótese.

Caralho, espero que eles não tenham nem tocado nele, porque aquele carro...ah, aquele carro não é apenas um carro pra mim. Era o carro da minha mãe, é uma relíquia, é lindo e tem um valor sentimental enorme pra mim.

Eu preciso criar coragem, não posso ficar sem ele.

Porra, agora eu já tô bem, não tem mais desculpa pra não ir, a não ser o medo daquele bundão.

Ah, foda-se! Eu vou lá.

E ai deles se tiverem feito algo com meu carro. Eu chamo a polícia e dessa vez é sério, não to nem aí.

Do nada, a coragem bate e eu sei que tenho que ir nesse momento, pois se eu for mais tarde, ela passa e vão ser mais semanas sem ir lá.

Vamos, Marianna....coragem!

Levanto rápido do sofá desligando a tv e calçando minhas pantufas, correndo pro meu closet.

A Ger saiu pra fazer compras, a Lê tá no quarto estudando e provavelmente ouvindo musica enquanto isso.

Ok, é só eu sair de fininho e não terei ninguém me perguntando aonde vou.

Ponho um conjunto de calça e cropped cinza, ponho um casaco fino de tecido por cima e uma sandália bronze.

Sim, todas as minhas roupas são em tons "mortos". Não gosto de cores. Tudo que tem muita informação me cheira a brega.

E de brega hoje pra mim, ja basta aquele bando de idiota fedido com armas na mão, com complexo de deus, que provavelmente vão tá lá me encarando enquanto pego meu carrinho.

Só de lembrar, já me embrulha o estômago.

Prendo meu cabelo num rabo de cavalo e pego minha bolsa saindo do quarto olhando pros lados no corredor vendo se a Lê não saiu do quarto dela.

Bom, a barra ta limpa.

Vou até o elevador e aperto o botão abrindo a grade e rezando pra ele vir logo.

Por que tudo que é rápido vira uma eternidade quando se está fugindo de uma adolescente chata?

Pqp.

Quando finalmente ele chega, infelizmente vem acompanhado de uma voz completamente indesejada atrás de mim.

Lê: Mari? Aonde você vai? - pergunta confusa e eu me viro pra ela a vendo com rosto confuso me olhando.

Ok, agora preciso encorporar a Suzana Montenegro, meu Deus.

Mari: Eu...vou no shopping. É, no shopping.- falo sorrindo amarelo.

A desculpa é uma merda, mas foi oq eu inventei em um quarto de segundo e pra mim já é um avanço.

Lê: shopping? Você odeia aquele lugar, fala que só tem gente desocupada ou adolescente chato, e ainda mais às cinco da tarde. Vai lá Fazer o que? - pergunta cruzando os braços.

Droga! Por quê eu tinha que demonstrar tanta indiferença à esses programinhas de gente cafona tão frequentemente?

Que ódio.

Mari: Ah.... não sei, acho que tô a muito tempo sem sair de casa. Quero ir dar uma volta.- faço cara despreocupada e ela estala a lingua descruzando os braços.

Lê: Hum... então eu vou com você. Preciso comprar um fone novo, o meu quebrou e....- fala indo pro quarto provavelmente se vestir, mas eu a interrompo.

Mari: Não! - falo mais alto do que eu imaginei e ela se vira me olhando com a sobrancelha arqueada.- Quer dizer....eu trago pra você.- sorrio amarelo abaixando o tom e ela serra o olhar cruzando os braços novamente.- É...de qual cor você quer? - pergunto cínica e ela nega dando passos lentos até mim.

Lê: Marianna... você não é boa mentindo e muito menos em esconder que tá tentando fugir pra fazer merda. Não combina com sua postura de boa moça.- nega sorrindo debochada e eu reviro os olhos relaxando os ombros.- Fala, pra onde cê vai assim, de fininho? - pergunta com tédio e eu suspiro revirando os olhos.

É, não vai dar pra mentir pra ela. Pqp.

Mari: Eu não posso deixar meu carro lá. Eu preciso buscar ele, Letícia.- nego cansada e ela nega já se estressando.

Lá vem...

Lê: Marianna, eu já te falei: é só comprar outro, inferno! Você não pode se arriscar voltando lá. Você nem sabe se aquele carro ainda tá no mesmo lugar que você deixou, caramba! - fala alto batendo as mãos em suas coxas e eu suspiro novamente olhando pra ela.

Mari: Eu sei, Letícia! Mas você sabe que ele não é apenas um carro comum, e sabe que quando eu ponho uma coisa na cabeça...- falo rapido e ela me interrompe.

Lê: Você não tira nem se abrirem ela.- fala com tédio.- Igual o papai.- suspira cansada e eu acinto séria.

Bom que saiba mesmo.

Ela passa alguns instantes calada e depois volta a olhar pra mim.

Lê: Ok, vai.- fala e eu fecho os olhos de alívio.- Mas eu vou com você, espera aí.- aponta pra mim séria e quando eu tento intervir, ela me interrompe.- E nem pense em falar que "não", porque se eu não for com você, eu te sigo com um táxi do mesmo jeito.- continua, apontando pra mim, autoritária.

Mas que pirralha atrevida, viu.

Pqp.

Mas fazer o que? Puxou a mim né...

Bufo cruzando os braços e ela sai indo pro quarto provavelmente se vestir.

Ok, seria melhor ir sozinha, mas também não vai ser o fim do mundo ir com ela.

Eu só não queria que ela me visse indo até lá porque talvez ela tentasse me impedir, mas já que não o fez....

Que mal há se ela for, né?

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora