Mari POV:
Mari: Dona Lúcia...- falei baixinho, batendo na porta do seu quarto, e a abri, devagar, vendo ela rodeada de álbuns e cheia de papéis em suas mãos, com apenas um abajour ligado ao seu lado.- Posso entrar? Ou a senhora quer ficar sozinha? - falei baixo, quando ela virou seu olhar na minha direção, e um sorriso tímido nasceu em seu rosto.
Lúcia: Pode sim, fia. Que isso...- negou, gesticulando, e eu assenti, entrando.
Letícia disse que ela tinha subido, assim que eu saí pra ir atrás daquele lá.
Disse que ela ficou estranha do nada, não quis falar mais, e veio pra cá, sozinha.
Na hora, não hesitei em querer vir falar com ela, saber se tava bem, se precisava de algo...
Mas, depois, me perguntei se ela não preferia a solidão nesse momento, por algum motivo que fosse.
No entanto, nem mesmo essa hipótese iria me fazer voltar atrás na ideia de, ao menos, mostrar que eu estava disponível a ela, caso precisasse.
E assim eu fiz.
Mari: A senhora tá bem? - perguntei baixinho, caminhando devagar até a cama, e ela assentiu, com um sorriso doce no rosto, sem tirar os olhos da foto que segurava.
Lúcia: Agora tô, sim...- suspirou, e eu inclinei a cabeça, me sentando quase ao seu lado.
Mari: O que são todas essas coisas? - perguntei calma, olhando em volta, e ela levantou as sobrancelhas, me puxando pra mais perto.
Lucia: Aqui...- mostrou a imagem que observava, e pôs seu dedo em cima de uma das crianças na foto.- Reconhece esse? - sorriu, me olhando com curiosidade, e eu franzi o cenho, tocando no papel.
Ok...
Na foto haviam 3 crianças e duas mulheres.
Uma delas, claramente era a dona Lúcia.
Estava Mais jovem, menos gordinha, com menos cabelos brancos, mas era ela, com toda a certeza.
A outra, eu realmente nunca tinha visto.
Mas se parecia com alguém...E a criança que dona Lucia indicava, me era muito familiar, mas não conseguia ter certeza...
Mari: Esses olhos...- cerrei o olhar, puxando a foto pra mais perto, e tomei um susto, ao perceber, finalmente, de quem se tratava.- É O ARCANJO? - arregalei os olhos, olhando pra ela, que sorriu, negando.- Não? Mas, é tão parecido...- aproximei a imagem do meu rosto.- Com certeza, tem muitas diferenças, é claro, mas é praticamente igual.- neguei, incrédula, devolvendo-lhe o papel, e ela sorriu.
Lucia: Eu sei, fia.... mas é porque esse daqui não é o Arcanjo....- olhou pra foto, com olhos marejados. - Esse aqui é o Matheus.- falou baixinho, com a voz embriagada de lágrimas, alisando o papel, e eu franzi o cenho.
Ué.
Matheus?
Quem é esse?
Mari: É algum filho da senhora? Um primo do Arcanjo...? - questionei, com cuidado, e ela negou.
Lúcia: Não...- sorriu triste.-.... esse menino aqui, e o Arcanjo, não são a mesma pessoa. Mas também não são duas separadas.- me olhou, séria, sussurrando, e eu inclinei a cabeça, meio asustada.
Oxe?
Mari: Mas... mas isso.... como isso seria possível, dona Lúcia? - perguntei sorrindo de leve, sem jeito, e ela negou.
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No alto do morro...
RomanceAos 14, 10 e 5 anos, Matheus e seus dois irmãos, Eduardo e Viviane, vivem a maior tragédia das suas vidas: A morte de Rosa, sua mãe, vitima de feminicídio, assassinada pelas mãos de seu próprio marido e pai dos seus três filhos. Matheus, tomado pelo...