14

5.1K 266 7
                                    

Letícia pov

Depois de uma hora e de cinco unhas totalmente roídas, uma enfermeira vem na minha direção com uma prancheta em suas mãos e eu me levanto podre de nervosismo.

Pqp, finalmente!

Esse postinho ta fazendo muito mal seu trabalho, em.

Atende uma pessoa doente, e faz outra infartar. Lindo.

Enfermeira: Você é familiar da Paciente que deu entrada com lesões na cabeça e pescoço? - pergunta olhando a prancheta e eu acinto nervosa.

Lê: Sou eu sim. Como ela tá? - pergunto preocupada e a enfermeira anota algo logo em seguida.

Enfermeira: Calma, ela tá estável, não se preocupe.- nega calma e eu suspiro com o coração voltando pro lugar dele.

Graças a Deus!

Pqp, esses foram os 60 minutos mais tensos da minha vida.

Lê: Obrigado, meu Deus.- suspiro de olhos fechados juntando minhas mãos.

Enfermeira: Olha, ela tá bem, mas precisou de dois pontinhos na cabeça devido a contusão e vai tomar uns remédios pra dor no machucado e na garganta. Ok.- fala calma e eu acinto rápido.

Caralho, muito melhor do que eu esperava.

Graças a Deus!

Lê: Sim sim, muito obrigada por vir me dar notícias. Ja tava quase doida aqui, principalmente porque ela entrou perdendo sangue e desmaiada...- nego e ela acente.

Enfermeira: Não se preocupe, a pancada foi forte o suficiente pra abrir um corte, mas não achamos que tenha havido danos mais sérios. Porem, é bom que ela faça alguns exames depois pra saber com certeza, ok? - fala e eu acinto.- Aliás...o Que aconteceu pra ela ter recebido um golpe tão forte na cabeça? Como isso aconteceu? - pergunta abaixando o tom de voz e eu suspiro voltando a ter raiva.- Tem a ver com aquele rapaz que a trouxe ou com você? - sussurra mais séria e eu só sinto mais raiva crescendo.

Só de lembrar, já me sobe um ódio, nossa!

Filhos da puta, que ranço!

Não sei qual dos dois é mais idiota, sinceramente.

Lê: Olha...é uma longa história que nem eu sei direito ainda.- falo cansada.- Mas agora eu só quero ver minha irmã. Onde ela tá? Eu posso ver ela? - pergunto e ela acente.

Enfermeira: Claro, pode ir aguardar a auta com ela. Eu te levo lá.- fala sorrindo de leve e eu acinto indo com ela até uma salinha onde ela abre a porta e eu posso ver a Ma com um curativo na cabeça e cara de chapada sentada numa maca com um copo de água na mão.

Assim que a vejo ja corro pra dar um abraço e ela também abre os braços ao me ver.

Ai, é tão bom saber que nada de grave aconteceu com ela por minha causa.

Pqp.

Mesmo que eu saiba que ela vai passar essa noite na minha cara pro resto da vida, eu não me importo.

Ela estando viva, é o que vale.

Lê: Que bom que você tá bem...- suspiro abraçando ela forte fechando os olhos.

Mari: Que bom que tu também tá bem, minha pequena.- fala baixinho beijando minha cabeça e eu a olho confusa.

Que eu saiba, era pra ela estar bem brava comigo agora. No minimo, uns tapas eu tinha que levar.

Mas não, ela tá aqui falando isso...ué.

Lê: Cê num tá brava? - pergunto confusa e ela nega calma.

Mari: Não...- nega pondo o copo numa mesinha.- Eu vim aqui pra garantir que você ficaria bem, que nada de mal fosse te acontecer nesse lugar, e eu consegui. Pra mim já é o suficiente pra eu estar feliz.- dá de ombros e eu nego franzindo as sobrancelhas.

Ok, ela não tá normal.

Bateu a cabeça forte demais, acho que deu perda total.

Ela fica brava por qualquer coisa e agora tá assim, compreensiva e simplesmente feliz de eu estar bem.

Que isso...

Não, ela não tá bem.

Lê: Mas você se machucou...por minha causa! - falo séria e ela nega passando as mãos no meu rosto.

Mari: Dane-se. Você não se machucou e é isso que importa.- dá de ombros.- E eu também só levei uns pontinhos, tá de boa.- nega suspirando e arregalo um pouco os olhos vendo que nada do que eu falar, vai fazer ela ver a seriedade disso tudo.

Bom, pelo menos umas tapas eu não vou levar.

E é melhor mesmo que a gente fique de bem pelo menos até essa noite acabar porquê eu não aguento mais estresse hoje.

Ficamos abraçadas por alguns segundos até um médico alto entrar na sala com um papel em mãos que eu acredito ser a auta e nós o olhamos atentas.

Ele fala alguns protocolos, nos dá alguns papéis e logo depois, assina a auta dela e já somos liberadas pra sair desse inferno de morro.

Ai, quero mais nem passar por aqui depois dessa noite, credo!

Lê: Vem, eu te ajudo.- falo pegando em seu braço e vamos andando devagar até a porta do hospital.
....
.
.
.

Depois de alguns minutos andando devagar pra descer uma ladeira gigantesca onde parecia que íamos sair rolando a qualquer momento, finalmente chegamos no carro dela e nos encostamos nele suspirando cansadas.

Cansadas acho que é até pouco...

Chegamos quase cuspindo nossos pulmões!

Lê: Porra... Até descer ladeira aqui cansa. Puta merda.- nego ofegante e ela acente pegando a chave do carro no bolso.

Mari: ok, até aí tudo bem, mas quem vai dirigir? - pergunta rindo chapada de remédio e eu arregalo os olhos.

Puta que pariu, e agora?

Como eu não lembrei disso, meu deus?

Ela ainda tá grogue por conta dos remédios, eu não sei nem pra onde vai os comandos de um carro...e agora?

Lê: Aaah, vamo ter que ir de Uber.- nego cruzando os braços e ela franze as sobrancelhas.

Mari: Porra, e eu vou deixar meu carro aqui? - pergunta indignada mas ao mesmo tempo calma por conta dos remédios.

Lê: Melhor do que morrer.- falo óbvia e ela revira os olhos.

Mari: Aff, que saco! - nega puxando seu celular do bolso e eu suspiro fazendo um coque no meu cabelo olhando os carros que passam na pista.

Ai, que noite...que noite!

Parece que não acaba mais e eu já começo a me questionar aonde caralhos o sol se escondeu, puta merda!

.
.

Mari: Pronto, mas a gente vai ter que ir a pé até ali porque o motorista disse que não pega ninguém aqui na frente.- fala com tédio guardando o celular e eu levanto a sobrancelha.

Era só o que me faltava.

Lê: Oxe, por que? - pergunto pondo a mão na cintura e ela me olha óbvia.

Mari: Porra.- aponta pra entrada do morro onde os caras armados olham o movimento com cara de mau e eu suspiro cansada

É, faz sentido...

Sorrio amarelo e pego no braço dela novamente pra ir até onde o motorista falou.

E lá vamos nós.

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora