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Arcanjo POV

Arcanjo: É o seguinte, vocês quatro vão rodar ao redor das favela.- os quatro soldado na minha frente assente subindo nas moto.- Já Vocês, vão pra pista procurar informação se alguém viu ele, se polícia, se bandido, o que for, mas tentem descobrir alguma porra do paradeiro daquele idiota.- olho pro outro grupo que também concorda saindo logo em seguida.- E eu, o Sofrido, o Guga, o Gui e o P2, vamo rodar nas festa e nas praia atrás dele, que é bem provável que ele tenha ido em alguma resenha em algum canto desse e tenha enfiado o celular no cu, e não tenha visto que tamo doido atrás daquele arrombado.- falo puto.- Então, vumbora que a noite vai ser longa nessa porra.- respiro fundo e dou as costas pros do meu grupo, pra ir pegar minha moto.

Mas, assim que dou dois passos na direção dela, um vulto preto sai rápido de um bêco, correndo pra minha direção, me dando um susto do caralho.

Preparo já um murrão, mas quando a claridade do poste revela quem é o tal vulto, eu suspiro abaixando o braço, vendo que teria feito uma bela merda se não tivesse esperado pra ver.

Arcanjo: Porra, tá doida, caralho? Vem assim não que eu te dou uma porrada sem nem ver que é tu, desgraça.- falo negando e pego a chave da moto no meu bolso.

Pô, só atraso, namoral. Pqp.

Uma hora dessa essa desgraça dando uma de gaspazin. Sifudê.

Vivianne: Arcanjo, por favor, me deixa ir com vocês, porra.- pede indo atrás de mim e eu reviro os olho.- Eu prometo não atrapalhar...eu só não quero ficar aqui criando mil coisas na minha cabeça... você sabe como eu sou pra essas parada, caralho! - fala rápida, quase chorando e eu respiro fundo me virando pra ela.

Porra, Vivianne é uma mina que parece uma fortaleza sempre. Tu nunca vai ver chorando, rendendo papo pra comédia, sendo emocionada nas situação ou essas parada assim. Bandidona mermo. Falo isso porque é cria minha.

Mas quando acontece alguma coisa com algum fechamento dela, FUDEU.

Tira o juízo de qualquer um por causa disso e não tem quem faça ela tirar isso da cabeça.

Só que se ela é cabeça dura, e só que ela tem que lembrar que puxou a mim, e mais cabeça dura que eu ela num é.

Por isso, comigo ela se fode toda com essas frescura dela.

Arcanjo: Aí tu acha que eu vou deixar tu ir nessa porra só pra ficar me atrasando, choramingando, nervosa lá e os caralho tudo só por causa dessas tuas paranóia besta? Apaporra, Vivianne.- falo sem paciência e sem levar ela a sério, querendo subir na moto, mas sendo impedido por ela.

Vivianne: É que em todas elas, ele tá morto.- fala baixo, voz de choro, pegando forte no meu braço.

Puta que pariu...

Eu mereço.

Arcanjo: Vivianne...- respiro fundo me virando pra ela.- Pela última vez: todo mundo tá preocupado, todo mundo ta pensando merda. Não é só você. Só que uma coisa é gente que tá assim e mesmo assim vai ajudar, outra é eu te botar nisso e dar mais merda do que já pode ter dado e me atrasar mais ainda. Então, NÃO VAI! Pronto e acabou. - falo alto, olhando bem nos olho dela que enche eles de lágrimas e a cara de ódio, fechando os punhos.

Pode explodir de raiva aê. Tu liga? Porque eu não.

Reviro os olho de novo e subo na minha moto me preparando pra sair com os outros, mas mais uma vez ela vem tirar o juízo que já nem tem mais em mim.

Vivianne: Por quê cê é sempre assim?? Fica me enfiando numa bolha, falando que eu sou frouxa e só atrapalho tuas correria... Porra, tu não é burro. Sabe do que eu sou capaz. Sabe que eu sou mais bandida que esses comédia que tá nessa caçada com tu. E mermo assim...- me olha já limpando as lágrima, com uma cara de raiva misturada com tristeza e eu faço cara de tédio.- Por que? Por quê tu luta tanto contra quem tu sabe que eu poderia ser se tu me deixasse ter a tua confiança? Em? - me pergunta agora só com raiva, vindo pra mais perto de mim, me fazendo respirar fundo e olhar pra rua, que tava silenciosa naquele momento, por alguns instantes, tentando organizar as palavra pra dizer.

Tá, agora eu tomei pra mim o que ela disse.

Eu poderia só tacar o foda-se pra ela e mandar ela ir pra casa ameaçando de levar uma surra... Mas sei lá, não acho justo fazer essa parada agora...

E não me pergunte o porquê disso.

Só... Só quero falar...
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Vivianne POV:

Arcanjo: Porque eu não tô aqui por escolha.- sua voz se torna sombria e seus olhos se põem sobre mim com um peso triste e um brilho apagado.- Porque dos piores, eu sou o melhor e isso tem consequências, Vivianne.- seus olhos se tornam frios, mas me olham com uma intensidade que quase me faz entrar em combustão espontânea.- Porque quando eu senti o sangue de um porco espirrar no meu corpo uma vez, eu nunca mais quis parar e eu sei as consequências disso. Uma delas, que é a pior de todas, é essa que cê ta vendo agora.- seus olhos se tornam cansados, e eu engulo em seco.- Nessa vida que a morte escolheu pra mim, e que nasceu da minha morte, a consequência mais pesada é a morte daqueles que tão do meu lado, que fizeram o mesmo juramento que eu: de dar o meu sangue pela família de fuzil. Até aqueles que são melhores nisso do que eu, podem ir antes de mim e me deixar aqui.- fala triste e firme ao mesmo tempo.- Eu deixei o Grego entrar nessa, e posso ter perdido ele hoje...- sua voz quase some no ar, de tanta dor que expressa.- Não posso colocar você nisso também e perder... além de você, também perder os olhos que você herdou dela.- fala quase em um sussurro, me olhando profundamente, me deixando sem palavras mais a dizer.

Eu não sabia o que falar.

Não sabia que isso seria o que ele iria falar.

Não sabia que ele a via em mim. Só agora conhecia seus motivos pra tamanho desprezo sobre mim nessa vida que ele leva.

Na verdade, só agora, com essas palavras, percebi o peso que ele carrega no peito desde que ela se foi...

Talvez porque só agora eu tenha visto algum sentimento em alguma conversa que tive com essa pedra de gelo que é esse homem de 1,90, desde que me entendo por gente.

Ele tinha sido excessivamente sincero comigo...e aquilo tinha me chocado diretamente.

O olho com pena, com tristeza e com uma vontade enorme de pular nele pra um abraço de duas horas sem parar, só pra ver se essa dor nos seus olhos se dissipa com isso.

Nunca pensei que sentiria tanta compaixão por ele, e muito menos tanta vontade de ter ele perto de mim ao ponto de eu sentir que nos meus braços ele está seguro.

Pqp.

Mas não dá tempo de falar nada ou de fazer nada. Eles precisam ir, precisam encontrar o Grego e assim o fazem.

Em segundos, só se ouve o barulho das motos se distanciando do morro.

Ele se vai como um vento rápido.

Não se explica, não se abre mais... Apenas vai.

Na incógnita que ele sempre foi.

E cá fico eu: angustiada pelos dois agora.

Pqp, só me fodo.

Mas agora não dá mais pra fazer nada, só o que posso fazer é ir pra casa e esperar.

Porra, se pelo menos eu acreditasse em Deus ou em qualquer outra coisa assim... Eu teria pelo menos a ilusão de estar sendo ouvida por alguém la de cima que iria proteger os dois por mim.

Mas não é o caso, então só me resta esperar enquanto choro🤡.

Suspiro olhando pra entrada do morro e logo me viro subindo a ladeira em busca da minha casa e da minha cama quentinha pra chorar.

Enfim, só o início dessa noite...

No alto do morro...Onde histórias criam vida. Descubra agora