05- Mas a Praia não teria uma boa impressão.

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O dia passou rápido, nunca me divertir tanto organizando um escritório, eu e Niragi conversamos o dia todo sobre variados assuntos e agora estamos exatamente no meio do escritório, cada um com uma vassoura e a fazendo de microfone cantando a música que era uma que ambos amavam.
A música acaba e assim nosso "show" também. Rimos com a situação e nossos olhares se encontram. Ambos tinham um sorriso de quem se divertiu com aquilo.
- Olha... se eu contasse para alguém que o miliciano cheio de piercings que anda com uma metralhadora para cima e pra baixo e intimida todo mundo estava cantando com uma vassoura enquanto me ajuda limpar o escritório ninguém acreditaria - falo e ele ri se apoiando na vassoura - eu sei que você odeia isso pq a gente discutiu sobre isso, mas antes de conversar real com você - ele me interrompe.
- Desculpa - ele tira o peso da vassoura e desvia o olhar - desculpa por te interromper agora e por aquele dia, fui um idiota, você não merecia aquilo - ele abaixa a cabeça.
- Aceito suas desculpas - digo e com o dedo indicador eu levanto o rosto dele fazendo ele olhar para mim. Ele sorri e leva a mão até o meu rosto colocando uma mecha de cabelo para atrás da orelha e fico confortável com aquele certo afeto.
- Continue a falar por favor - ele diz se apoiando de novo na vassoura.
- Aah... eu ia falar que nos nunca tínhamos conversado de forma civilizada antes -rio nasalado e ele me olha surpreso
- E? - ele questiona rindo
- Você continua o mesmo idiota porém um pouco menos hoje - brinco com ele e rimos.
Quando terminamos de limpar e arrumar tudo olhamos a nossa volta analisando.
- É... se a gente for despedido da milícia a gente de boa pode virar faxineiros - ele fala com uma mão na vassoura, começo a ri e dou um tapinha em seu ombro quando minha risada fica sem som por rir muito e encosto a testa na sua mão que estava na vassoura, ele vê a situação e ri fraco me olhando - mas agora é sério, você fazia designer ou algo do tipo antes de vim para cá? Pq tipo você arruma as coisas muito bem e sua decoração daqui é muito bonita.
- Era isso que eu queria de faculdade - falo olhando o escritório em geral e me viro para arrumar as cortinas e me assusto.
- O que foi? - ele pergunta.
- Olha - ele se vira para a janela contemplando o céu escuro.
- A gente ficou o dia todo aqui - ele comenta
- Nem vi o tempo passar - olho para ele e ele sorri de canto - tô com fome.
- Eu também - diz passando a mão pela barriga.
- Vamos descer na cozinha então.
Guardamos o que usamos para limpar lá e descemos até a cozinha. Chegando na cozinha e deduzimos que já passou da hora do jantar.
- Todo mundo sumiu, até parece quando a gente veio para Borderland, não tem mais ninguém - digo procurando se ainda tinha a comida do jantar.
- Que pena, você vai ter que aturar o badboy cheio de piercings - no fim ele me imita falando e rimos.
- Até que o badboy cheio de piercings não é tão terrível assim, ele é até que bonzinho diria - falo chegando perto dele, perto até demais e sorri de canto.
- Quer que eu te conte um segredo? - ele pergunta entrando no meu joguinho e eu concordo com a cabeça. Ele se inclina chegando perto do meu ouvido - só sou bonzinho com a filha do líder.
Ele não disse nada demais, mas a voz rouca dele me fez arrepiar.
- Posso te contar uma coisa que você não vai acreditar? - ele concorda e eu fico nas pontas dos pés e seguro seu ombro como apoio para chegar perto de seu ouvido - não tem comida - ele que estava esperando ouvir algo mais diferente, pega de forma delicada na minha cintura me fazendo descer das pontas dos pés e o encarar.
- Então... O que iremos fazer para comer chefe? - fala ainda segurando minha cintura apenas com uma mão agora.
- Batata frita? - sugiro
- Perfeito - ele me solta e procura a panela e o óleo para fritar as batatas, vou no freezer e pego o saco de batatas.
- Não sabia que o badboy cheio de piercings sabia se virar na cozinha - digo abrindo o saco.
- Eu me viro no nível de não passar fome - ele ri e me vê subir no balcão que ficava ao lado do fogão. Me dedico em apenas assistir ele fritar as batatas e ouvir ele falar sobre uns dos milhões de assuntos interessantes que ele tinha para falar.
Confirme a quantidade era frita, ele roubava uma batata para beliscar e dava uma para mim sempre falando se estava muito quente ou não. Ele acaba de fritar e as coloca um uma tigela média, eu pego uma quantidade suficiente de sal entre meus dedos e distribuo nas batatas. Meu dedo ainda tem um pouco de sal nas pontas ou tinha até ele ver e pegar minha mão de forma delicada e depois os dedos e lamber tirando o sal. Quando ele lambe o piercing na língua é revelado para mim me fazendo ficar surpresa.
- Melhor? - pergunta após lamber meus dedos e pegar uma batata. Antes que ele leve a batata a boca eu seguro o impedindo - que? - pergunta querendo comer a batata.
- Faz de novo - falo e ele com os olhos confusos pega o sal novamente - não, a língua... - ele entende e coloca a língua para fora mostrando o piercing e eu encaro.
- Qual sua opinião chefe? - diz guardando a língua - curiosa?
- Vamos dizer que sim - fico vermelha, ele larga a batata e se aproxima de mim e leva sua mão ao meu rosto e posicionando o dedão na minha bochecha e os resto dos dedos no meu pescoço perto da nuca e me puxa de forma sutil para perto de seu rosto.
Estamos muito próximos e como eu queria acabar com esse espaço colando meus lábios no dele. Ele passa o dedão de sua outra mão pelos meus lábios.
- Você ficaria ainda mais gata com um piercing nessa boquinha.
Fecho os olhos ao sentir seu toque, nossas bocas estão quase se encontrando quando alguém entra na cozinha. Abro os olhos e Niragi se vira sem tirar a mão do meu rosto.
Era Chishiya e Kuina. Que merda.
Niragi após ver quem era volta para mim e segura meu rosto com força, porém sem machucar como se eu fosse sair correndo dali.
Chishiya e Kuina pedem desculpas por estar ali e saem.
Ele vai me soltando lentamente, levo minhas mãos ao seu rosto e faço um carinho com o polegar. O clima não fica ruim pois ele imita as "desculpas" dos dois me fazendo rir
- Meu visto vence amanhã - ele diz pegando a batata e comendo.
- Então você tem que jogar amanhã - coloco uma batata na boca.
- Exatamente - ele concorda - e o seu? - pergunta comendo mais batata.
- Depois de amanhã - respondo
- Então você tem que jogar depois de amanhã - ele diz me imitando novamente de fazendo rir.
- Para de me imitar - falo brincando.
Comemos e conversamos e pelo horário decidimos ir dormir. Ele me leva até a porta do meu quarto.
- Até amanhã - ele me dá um beijo na testa.
- Até - sorrio após o beijo e espero ele ir para fechar a porta. Vejo ele se afastar e fecho me encostando nela e sorrindo pelo dia de hoje. Suguru Niragi o que você está fazendo comigo? Eu o odiava até dias atras, mas hoje foi tão bom, parecia que ele não tinha nenhum amigo para conversar e zoar e então ele mostrou esse lado dele, ainda não sei os motivos dele ser daquele jeito, mas eu vou descobrir, claro que vou. Como sempre, tomo um banho, deito e adormeço.
Acordo e como de costume me arrumo e faço minhas higienes. Eu estava feliz e a única pessoa que eu gostaria de ver na frente é a pessoa que me deixou naquela situação. Abro a porta do quarto e me assusto com o ser que estava plantado bem em frente.
- O que foi meu Deus - falo com as mãos no coração.
- Adivinha? Fui escolhido para ser seu guarda costas - diz animando
- Quem te deu essa função Niragi? - pergunto olhando para ele
- O Aguni, óbvio - me responde
- Eu disse que não queria, mas pelo jeito ninguém me respeita mais aqui - falo fechando a porta e caminhando junto a ele para tomar café da manhã.
- Falaram que era apenas por uns dias e olha... não vai ser tão ruim assim, tá comigo tá com Deus chefe - ele diz e eu rio.
Chegamos na mesa e todos olharam eu entrando e rindo. Nós separamos para sentar. A mesa era comprida com vários lugares meu pai ficava em uma ponta e Aguni na outra. No lado direito ficava sentado apenas os membros executivos e eu e no lado esquerdo a milícia. Eu me sentava ao lado do meu pai e Niragi ao lado de Aguni. Longe.
- Pensamos que você tinha sido sequestrada pelo Niragi - meu pai fala.
- Pq? - pergunto rindo.
- Não vimos sua cara ontem após o café da manhã - ele responde.
- Ah - faço uma pausa tomando um pouco de café - não se preocupem.
- E o que você tem a dizer sobre isso Niragi? - ele pergunta.
- Bom - encara meu pai - é um prazer ficar na companhia da sua filha - me lança um olhar que entendo.
- Quando fritar batata chama a gente para comer na próxima - Ann diz rindo.
- Como sabe das batatas? - pergunto inclinando para frente para ver a mesma já que estamos a alguns lugares distantes.
- Um passarinho loiro nós contou - que desgraçado Chishiya, olho para Niragi e ele parece pronto para matar o loiro com o pão engasgado.
- Além de membro executivo é fofoqueiro - digo e todos riem.
- Tá brava Ellie? - outro membro executivo pergunta.
- Por qual motivo? - questiono o olhando.
- Pelo Chishiya contar, ele atrapalhou alguma coisa entre a filha do líder e o miliciano? - ele estava me testando na brincadeira.
- O Niragi responde essa - volto a comer e todos olham para o moreno.
- A especialidade do Chishiya é chegar em situações decisivas - ele fala e umedece os lábios.
- Oh - o loiro finalmente abre o bico - na próxima vez vou programar a minha sede para o momento que vocês não estiverem comendo batata - todos rimos e voltamos a comer.
Gradativamente as pessoas vão terminando de comer e saindo da mesa
Eu diria que o dia passa voando ao lado de Niragi, eu me sentia feliz ao lado dele e eu esperava tanto que ele sentisse o mesmo. Passar o dia ao seu lado era a garantia de dar muitas risadas, frequentemente ele me fazia ter uma crise de riso ou fazer minha barriga doer de tanto rir. Nada poderia acabar com aquela bolha.
- Tá na hora - ele diz pegando sua metralhadora. Ele iria jogar e meu coração estava na mão.
- Volta vivo badboy - disse sorrindo.
- Seu pedido é uma ordem chefe - ele ri e sai do escritório.
Tenho uma vista da entrada da Praia pelo escritório, afasto um pouco as cortinas e vejo uma boa quantidade de praianos ir jogar e entre eles Niragi. Observo ele entrar em um carro e depois o carro sumir de vista. É, eu realmente estava com medo dele não voltar.
Desço para ver meu pai afim de tirar aqueles pensamentos de minha mente.
Vejo ele no mesmo lugar de sempre, no sofá de seu quarto, ele me vê na porta.
- Pode entrar filha - diz bebendo um pouco de whisky - como você tá? - pergunta assim que me sento ao seu lado colocando uma das pernas sob seu joelho.
- Tô bem pai e você?
- Estou querida - ele faz uma pausa e me olha - o que está rolando entre você e ele? - ele pergunta e eu rio sabendo que ele perguntaria isso.
- Somos amigos pai - digo passando a mão no rosto - ele é muito legal... - penso nele e meu pai me olha com cara de preocupado - relaxa.
- Já que você diz, mas a Praia não teria uma boa impressão de uma líder da milicia namorando um miliciano ou um membro executivo com miliciano ou até mesmo a filha do Chapeleiro com o Niragi - ele me olha como se aquilo fosse um aviso
- Então o problema é duas pessoas serem felizes nesse mundo caótico? - pergunto e meu pai desvia o olhar
- Não exatamente, mas fique esperta Ellie, o mundo agora para você não vai ser o mesmo - ele fala eu fico confusa - você é líder agora - ele fala em um tom animado tentando esconder alguma coisa - ele acaricia meu joelho - eu não sou de pedir as coisas para você nas Ellie por favor vai dar uma volta lá perto da piscina e pelos corredores - ele fala quase implorando.
- Pq?
- Umas mil pessoas já vieram me perguntar de você, onde está, se está bem -faz uma pausa bebendo - esqueceu que você é tão amada quanto eu? - rimos
- Ok pai - me levanto indo em direção a porta.
- Ellie - ele me chama me fazendo virar - seu visto vence amanhã, então vamos jogar juntos.
- Juntos? Pq? - questiono realmente confusa.
- O que você tem contra jogar com o seu pai?
- Nada... Apenas achei estranho - falo e ele balança a cabeça levando o copo a boca e eu saio.
Eu estava preocupada com o que poderia acontecer no jogo de amanhã e no jogo de Niragi, e aquele tom que meu pai falou, parecia que ele não queria que eu fosse próxima de Niragi, como se eu o tivesse decepcionado e não fosse mais a garota dele. Quando passo pelos corredores até chegar perto da piscina vejo todos me olhando com dó e dizendo algo como "fica bem querida, nós te amamos", "se vingue dele", "você é forte".
Que merda estava acontecendo?

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