Capítulo 10- Aceito Karube.

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Arrumamos o meu escritório mais uma vez e dessa vez eu tinha trabalho de verdade pois eu tinha que documentar os praianos, os milicianos e tudo sobre os jogos já existentes. Meus amigos estavam totalmente felizes por eu estar aqui novamente, na milicia, tanto que me ajudaram a arrumar o escritório. Aguni, Last Boss, Niragi e Karube trouxeram as coisas com papeis.
Quando tudo estava limpo e organizado, olho para o escritório e rapidamente me lembro de quando eu e Niragi nos apaixonamos, eu olhava para o canto onde ficava o sofá e eu sorri para não chorar.
- ELLIE! – Niragi gritou tirando de meu transe, me assustei e olhei para ele que estendia um pote com variadas canetas – pega! – peguei e pisquei voltando totalmente para a minha realidade.
- Mama... – Serena veio correndo, mas quando viu Niragi sua atenção foi totalmente nele - PAPAI! – pediu colo e ele deu, ela o abraçou – estava com saudades de você – ela falou e meu coração doeu, olhei para Niragi com o olhar transmitindo raiva e tristeza – que dia você vai brincar comigo?
Não aguentei e deixei algumas lagrimas caírem. Ela não merecia o pai que tinha.
- Agora minha princesa – falou e ela sorriu – diga tchau para a mamãe – falou e ela veio me beijar, abracei fortemente nela.
- Pegue seu chinelo – pedi e ela foi até o sofá, enquanto isso me aproximou de Niragi – cuida bem dela se eu souber que você fez alguma coisa ou apresentou aquela bastarda, eu te mato – falei em seu ouvido e ele apenas me olhou com desprezo antes de sair com ela.
Me apoiei na mesa respirando fundo de medo e raiva quando Usagi entrou.
- Aconteceu alguma coisa? Além de Niragi levar Serena para brincar? – perguntou massageando meus ombros.
- Apenas isso – falei brava – eu odeio aquele filha da puta! – bati na mesa.


Corri por aquele corredor tentando procurar aquele inútil, vulgo o nome era Niragi. Ele estava brincando com a minha cara só pode. Quando o vi virando o corredor o peguei pelo cabelo e o joguei na parede.
- Tá louca? – perguntou com os olhos arregalados, seu hábito me confessava que andava bebendo.
- Não, o único que está louco aqui – falei brava e o encarei – hoje é o seu dia de cuidar dela, mas você não está em estado nem de cuidar de si mesmo – cuspi as palavras – faz tempo que não consegue cuidar nem de você.
- Mas que saco – falou revirando os olhos e tentou sair dali mais o empurrei para a parede novamente fazendo seu corpo se chocar com o concreto.
- Você não disse que seria um dia meu e um dia seu? Ai cadê o seu papel de pai nessa merda? – eu estava brava, ele não respondeu – se não pretende ser presente na vida dela, quero que se afaste, não quero nem sombras suas aqui.
- Não vou me afastar, vou continuar aqui – me olhou – ela é sua filha também – disse simples e eu enfureci.
- E eu a fiz com o dedo?
- Te falta alguma coisa? Ela tem comida, roupa e é feliz – umedeceu os lábios – aqui não precisamos de dinheiro, então não sei pq está reclamando.
- Pq ela não tem um pai na vida dela! – expliquei brava.
- Ela tem sim, e sou eu – sorriu embriagado – e ninguém pode substituir o meu papel – saiu de mim através de um empurrão.
- Acontece que nem papel você tem! – gritei quando ele saiu rindo da minha cara. DESGRAÇADO.
Tentei me acalmar antes de ir até o grupo de pessoas pegar Serena.
- Vamos ir para o quarto com a mamãe? – perguntei e beijei sua bochecha.
- Pq mamãe? Quero brincar com a tia Kuina e o tio Chota – falou triste.
- Mais ainda? Você ficou aqui com eles o dia todo! – falei meiga tentando convencê-la. Ela precisava vim comigo pois as pessoas também mereciam descanso.
- XIM! – falou com animação e eu a olhei com reprovação – quero brincar mais com ela mamãe!
- E comigo? Você não quer brincar? – Ann questionou.
- E eu? – foi a vez de Chishiya perguntar após Ann. Serena disse “sim” com toda alegria.
- Não filha, eles precisam descansar – tentei explicar, mas logo Arisu e Chota a chamaram fazendo ela correr até eles, o resto também começou a correr em uma espécie de pega-pega – SERENA!
- Ei, relaxa! – Ann falou amigável – vá relaxar, a gente ama ficar com ela – sorriu e eu fiquei ali vendo eles correrem e gritarem.
Comecei a andar distraída até o meu quarto quando trombei com alguém muito grande.
- Aí, desculpa – falei e ergui o olhar vendo Karube dar risada, o que me fez rir também.
- Vou perdoar só pq é você – ele brincou, eu ri até ficar sem graça por ele me olhar demais – eai, aceita tomar um drink?
- Aah Karube eu adoraria, mas... – ele me interrompeu.
- Você não tem nada para fazer certo? Vai ficar apenas deitada no quarto né – confirmei rindo – então, aceita tomar um drink comigo?
- Aceito Karube – sorriu e vamos conversando até o bar onde ele pede uma bebida não muito forte para mim e nos sentamos ainda aperto da multidão, mas em um lugar reservado pois fomos para conversar.
- Quem é Ellie? Sem ser a mãe daquela princesa? - perguntou curioso.
- Ellie é uma mulher que ama a vida, aprecia as pequenas coisas e que odeia gente idiota - rimos. O sorriso dele era lindo
- O que você fazia antes de um para cá? - bebericou o drink - na primeira vez.
- Estudava e usava drogas - ri quando ele arregalou os olhos - e você?
- Eu era bartender - ele estendeu o drink - eu ainda sou - ele riu.
- Pelo o menos agora quando me perguntarem quem é Karube eu tenho mais uma informação além de amigo do Arisu - falei e ele riu.
- Estou fardado a ficar para sempre ao lado daquele vagabundo - falou brincando e sorriu - não que isso seja algo ruim - me olhou - eu gosto daquele mané.
- É linda a amizade de vocês três - comentei - Chota é um amor.
- A Serena ama ele - ele disse e eu concordei rindo com os lábios enquanto eu bebia - ela é muito linda - sorriu.
- Niragi agradece o elogio, ela é a cara dele - ele parou e pensou no que disse antes de rir.
- Aí desculpa - rimos - mas você é super gata - senti minhas bochechas ficarem coradas.
- Obrigada - agradeci tímida.
- Mó vacilão ele - comentou e bebeu - tem gente aí que daria tudo para ter o que ele tinha - balançou a cabeça desacreditado.
- Niragi sempre foi complicado mas nunca imaginei ele fazer isso comigo - desabafei - o que mais dói é o que ele faz com a Serena, ela não merece aquilo - respirei fundo.
- Vocês estão bem melhores sem ele - ele disse e eu me apoiei na mesa, ele me olhou e se aproximou - você é gata pra krl - falou tocando uma mecha de cabelo meu e eu apenas ri revirando os olhos.
- Você fala como se eu fosse a única mulher bonita do mundo - o olhei e sorri.
- E é - o olhei chocada e quase afoguei com a bebida - a única mulher que eu gostava, está casada agora.
- Me conte mais - falei curiosa.
- Eu ficava com a namorada do meu chefe - ele falou e eu afoguei de verdade, ele riu de mim.
- Aí não dá para te defender Karube - falei rindo e ele pegou um cigarro, acendeu e tragou. Porra ele estava extremamente sexy agora - o que aconteceu com ela?
- Casou quando eu vim pela primeira vez a Borderland - completou e vi certa tristeza em seu olhar.
- E você? Encontrou alguém nesse meio tempo?
- Não - falou simples - mas fiquei com várias.
- O que mais tem aqui é gente querendo ficar sem compromisso - abri os braços - bem vindo a Praia! - ele riu.
- E você? - fiquei sem reação e nem sabia o que responder.
- Eu era casada - respondi apreensiva.
- Não - ele riu me indicando que não era essa  pergunta.
- Ah - ri - não sei se quero ficar com alguém, foi tudo tão recente.
- Vai fazer privação de sexo pós Suguru? - perguntou e eu ri.
- Não, ele não é o único homem bonito aqui - falei o olhando.
- Bom saber - tragou o cigarro. Ficamos ali conversando e rindo até tarde da noite. Ele era uma pessoa legal.

Ser líder da milicia nunca foi uma tarefa fácil, mas agora estava dez vezes mais difícil por três motivos: tinha muito trabalho para fazer, minha cabeça ficava o dia todo na Serena quando ela não ficava no escritório desenhando comigo e aquele lugar me lembrava muito Niragi, eu pensava nele quase sempre e chorava a noite de ódio e saudade.
- Dá um beijo em mim antes de ir? – pergunto para Serena, ela se levanta e me da uma beijo molhado e um abraço apertado – obedece a Usagi ok?
- OK! – falou fofa.
- Te amo – beijei sua cabeça e sai indo em direção ao carro. Vi Niragi entrar no carro ao lado e eu rezava para o meu jogo não ser o mesmo que o dele, mas na hora que chegamos na mesma hora do jogo e fizemos as inscrições eu respirei fundo para continuar ali.
- Fim das inscrições! O jogo vai começar agora. Dificuldade: 4 de copas. Jogo: Baseball. Regra: Acerte o seu alvo 3 vezes até ele ser eliminado, você também tem essas 3 chances de sobrevivência, mas a cada chance perdida você será punido. Condição para zerar: sobreviva os 5 minutos!
Quando ouvi que era de copas, eu e Niragi se olhamos simultaneamente antes de colocarmos um tipo de óculos de realidade virtual que nos privava da visão. Uma mão me conduziu para algum lugar que eu não sabia pois eu não via nada, eu sentia que o ambiente tinha mudado pois ali estava mais abafado. De repente minha visão voltou e por um momento eu comecei a pensar que era uma tela por conta do óculos mas não sei o que aconteceu que logo eu estava com um taco na mão, eu via uma quadra de ginásio e todos os 8 participantes dispostos naquele lugar, Niragi estava na minha frente mas ao fundo na quadra.
Eu não sabia mais o que estava acontecendo, meus ouvidos pareciam estar tampados, minha cabeça doía e eu não conseguia sentir nada no meu rosto a não ser o meu nariz. Minha adrenalina aumentou quando a voz iniciou o jogo e a primeira pessoa atingida foi um mulher, a qual caiu e começou a gritar e se debater, ergui os olhos e vi que havia um telão que as imagens alternavam entre a mulher se debatendo e alguém caindo de um prédio. Eu não entendia nada, mas aquilo parecia horrível, minha adrenalina me mandou acertar em outros alvos, eram apenas 5 minutos, um nervosismo do caramba, eu acertei muita gente até eu ser acertada e cair ao chão, minha visão ficou escura e quando abri os olhos uma cena horrível: meu maior medo.
Eram cenas horríveis de Serena e Niragi machucados, eles estavam ensanguentados, gritando, minha filha me chamava me fazendo gritar, berrar, chorar, querer levantar e ir até eles, mas meu corpo estava imobilizado me deixando apenas gritar, chorar e debater. Era horrível, não acabava. Quando eu estava quase sem ar quando minha visão voltou ao normal, vi todos jogando, um homem ao chão gritando e a mesma mulher do início foi atingida com um lazer quando a bola atingiu ela.
Ok, eu tinha entendido. A punição era ver o seu maior medo e após você ser atingida pela terceira vez você morria. Me levantei com lagrimas nos olhos, meu coração doía, mas eu precisava jogar, era copas. Agarrei o taco e certei três pessoas uma atras da outra, vi duas serem atingidas pelo lazer e outra começar a gritar e chorar. Fazer aquilo era péssimo, doía ver a pessoa naquela forma. Continuei acertando e quando desviei minha atenção por segundo vi Niragi ao chão surtando, ergui o olhar e as cenas dele eram as mesmas que as minhas, eu queria correr até ele, mas fui atingida mais uma vez.
As cenas voltaram, era a mesma coisa que mil vezes pior e agora eu só tinha mais uma chance de vida. Quando aquilo acabou, lev antei relutante e acertei mais dois e o timer zerou, as visão escureceu e despois de alguns segundos voltei a sentir todos os meus sentidos. Tirei o óculos do meu rosto e me vi parada em uma sala branca, suada e chorando com um taco na mão. Eu não estava entendendo nada, abri a porta e as setas me mandavam ir até o lugar que fizemos as inscrições, lá reuniu mais duas pessoas além de mim e Niragi. Todos nós estávamos com lagrimas nos olhos e sem entender nada quando um telão ligou mostrando imagens dos jogos, pessoas sendo atingidas, gritos e o pior o lazer atravessando a cabeça de uma menina naquela sala branca, imagens minhas e de Niragi gritando apareceram junto com as cenas que vimos se Serena. Não consegui e comecei a chorar e ele nem sequer olhou para mim.
- Parabéns! Você zerou o jogo! – a voz disse me fazendo sair dali correndo até o carro, passei pela mesa e peguei aquela maldita carta de 4 de copas antes de entrar no carro. A ida do local até a Praia foi horrível, eu apenas chorava.
Relutei para controlar as lagrimas antes de entrar por aqueles portões, não queria que Serena me visse daquela forma. A Praia estava metade dançando e outra metade no saguão, vi Chapeleiro surtando e muitas pessoas olhavam para mim que chorava. Aquele jogo tinha acabado comigo, enquanto eu tirava a carta do bolso vi Niragi e Laura se beijando ao meu lado. Fiquei segundos apenas olhando aquilo sem reação, congelada até uma lagrima escorrer. Parecia que eu estava com delay pq quando a lagrima escorreu a dor que havia no meu peito piorou. Ele tinha zerado um jogo de copas que era de enfrentar seu próprio medo, ele viu cenas minhas e da Serena machucadas, ficou tão desesperado quanto eu e ele beija outra pessoa quando volta?
Comecei a dar passos pelas pessoas chorando quando vi Serena parada no meio do saguão, ela ria para Usagi e todo mundo que estava atras dela. Quando a vi meu mundo perdeu o chão. Corri até ela e a abracei, meus joelhos estavam no chão enquanto meus braços estavam envolta do corpinho dela, minha cabeça estava apoiada nela enquanto eu chorava compulsivamente.
- Filha... ta tudo tão difícil sem ele – chorei, via minhas lagrimas molharem a blusa rosa dela.
- Mamãe – ela disse me abraçando e apenas ficou ai parada enquanto eu chorava nela, sua mão acariciava meus fios.
Ela era criança e não entendia nem metade daquilo, mas eu chorava nela enquanto eu falava que ela era tudo que eu tinha e que ele não se importava com mais nada.
- Ela zerou um jogo de copas – alguém da Praia falou vendo aquilo. Na verdade, toda atenção daquele lugar estava em mim, fazendo o povo fazer um círculo em minha volta.
- Ellie – Chapeleiro veio até mim e eu estendi a carta depois que ele levantou a minha cabeça. Eu apenas o olhei e me levantei com a minha filha em meus braços, sai dali e olhar de todos me acompanhavam até eu ir ao corredor.
Peguei Serena e fui direto para o quarto para um banho super demorado e relaxante, lá nos brincamos, hidratamos o cabelo e eu parecia ter “esquecido” tudo aquilo.
- Mamãe, cadê o papai? - escutei a voz da minha filha ecoar - mamãe eu quero o papai… pq ele vai fica mais com a gente?
- Pq ele voltou a ser quem ele era antes - disse baixinho mas tão baixo que ela não escutou pois questionou novamente, apenas a puxei para mim - durma meu amor, amanhã é um novo dia.

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