Vi Laura vim em minha direção enquanto deixei Serena sair correndo atrás da Usagi, olhei para a cara dela que está seria.
- Oi – disse simples e eu estranhei, não respondi apenas a olhei estranho.
- O que você quer? – cruzei os braços.
- Podemos conversar? – disse e eu concordei, ela entrou no meu escritório – quero me desculpar com você - ela me olhou – eu me meti no meio da família de vocês e eu me arrependo por isso, eu nunca tive isso então a ideia de ter tudo aquilo parecia ótimo mas não foi como eu esperava – eu a olhava sem entender, ela estava pedindo desculpas por roubar o meu marido? Mas ela iria continuar com ele?
- E o que tudo isso significa? – questionei, mas ela saiu sem responder.
Os boatos corriam pela Praia, durante o almoço e o restante do dia muitas pessoas zoavam Niragi por Laura abandonar dele e eu apenas ria. Obviamente Niragi se zoava também deixando aquilo muito hilario.
Durante o almoço a milicia zoava ele e eu deixei uma risada escapar fazendo eles me olharem.
- O que achou disso Ellie? – um miliciano perguntou.
- Karma – disse rindo e eles gargalharam. Niragi me olhou rindo da própria desgraça e eu sai dali.
Confesso que eu estava pensando até demais nessa parte dele estar solteiro novamente, pensando tanto que as vezes até esquecia que ele foi um filho da puta comigo. Agora eu me encontrava na cozinha fazendo um mingau de aveia com maça para Serena, que estava muito quietinha hoje, ela não queria brincar, não queria conversar e após o banho ela estava meio quentinha, tirei sua febre e ao ver que ela estava em estado febril dei remédio a ela. Quando escutei a voz de Aguni e Niragi entrar na cozinha me escondia, motivo? Não sei apenas fiz. Eu queria levantar dali mas quando a conversa deles começaram eu tive que ficar.
- Eu amava ela Aguni e adivinha? Eu a perdi pelo fato de que o meu maior medo era que ela me visse da forma que eu me via – Niragi disse, eu não conseguia vê-los.
- Como você se vê? – Aguni questionou.
- Um cara que realmente amava, mas não conseguia dizer isso pq eu sabia que ela não aceitaria aquilo, eu sabia que machucava aquilo tudo, mas eu não queria abrir mão daquele sentimento e eu não sabia explicar – ele disse e eu estava confusa, ele amava Laura? - que saudade dela e do corpo dela – ele disse manhoso e Aguni riu – ela era toda perfeitinha – ele riu safado e aquilo me deixou com ciúmes, o corpo dela era melhor que o meu? – mas eu pelo o menos peguei aquela lá – ele disse num tom pejorativo e eu quis chorar.
- Você ainda quer aquela lá? – Aguni questionou e eu sabia que o “aquela lá” era sobre mim.
- Não, Deus me livre – ele riu anasalado – ela é de uma puta aproveitadora, entrou na lista de apenas mais uma – falou e meu coração se partiu.
Ele não estava apaixonado por mim como eu pensei.
Mais um dia havia se passado e Serena continuava doente, eu estava mega preocupada.
- Levanta o braço para mamãe – falei para Serena que estava super quietinha e enrolada numa coberta em uma noite superquente e abafada. Coloquei o termômetro e quando tirei entrei em desespero. 39,6 graus. Isso era febre alta e todos os remédios daqui da Praia para isso havia acabado.
O olhei para Serena que estava quase dormindo e cheguei Kuina.
- 39,6 GRAUS? – ela falou assustada – Ellie, você precisa ir buscar remédio para ela.
- Eu sei, acabou os daqui – falei quase chorando.
- Vou ver se Ann tem no laboratório dela – falou antes de sair correndo. Me sentei na cama abraçando o corpinho super quente dela e chorando.
- Meu bebê... o que está acontecendo com você? – chorei. Eu tinha tanto medo de perde-la, ela foi a única coisa que me restou e a única coisa que me motivava a continuar.
Kuina e todas as pessoas do meu grupo de amigos chegaram na porta do quarto desesperados.
- O que foi? – Chishiya questionou.
- Não tem nada amiga – Ann disse entrando no quarto, se encaminhou até minha filha e ao tocar sua testa viu que a situação era seria – você precisa ir buscar remédio.
- Eu sei mas eu não quero deixar ela aqui, quero cuidar dela – disse chorando de nervoso.
- Quer pedir para Niragi ir? – Chishiya questionou.
- NÃO! – falei no mesmo momento pois eu não queria precisar dele depois de tudo que escutei dele mas na hora que falei Niragi apareceu no quarto correndo.
- O que ela tem? Você a medicou? A quanto tempo ela está assim? – ele me metralhou de pergunta enquanto tocava a bochecha de Serena.
- Obvio que a mediquei – olhei para ele brava, ele me olhou.
- Vamos ir buscar remédio – ele disse e eu neguei – eu não sei qual remédio comprar e ela precisa de remédio.
- Você não precisa se preocupar, eu cuido dela afinal eu não precisei de você esse tempo todo então não vai ser agora que vou precisar! – falei autoritária.
- Ellie, para com isso! Vá, eu cuido dela enquanto isso – Ann falou pegando ela no colo e sumindo, todos saíram deixando apenas eu e Niragi.
- Vamos – disse simples assim que troquei de roupa e peguei um arma igual a dele.
O caminho até a farmácia foi quieto e um pouco longo, já que não havia gasolina nos carros e tivemos que ir andando. Entramos na farmácia e começamos a procurar os remédios, era difícil achar e para piorar tudo começou a chover fortemente e a luz de uma das lanternas havia acabado.
- Achou? – ele questionou mirando a luz da lanterna no meu rosto.
- Como eu vou achar nesse escuro? Se você me desse a merda da lanterna resolveria – falei brava e ele se agachou no meu lado iluminando o armário. Achei o remédio que procurava e me levantei correndo. Eu queria ir embora mas a chuva lá fora era impossível ir. Surtei de raiva.
- Ellie calma, vamos esperar passar – falou tocando meu braço e eu me irritei.
- Esperar? Sua filha está queimando de febre e a única coisa que você sabe pedir para esperar – falei brava o encarando.
- E você sair por ai na chuva, correndo o risco de cair e se machucar vai adiantar? – ele disse e eu parei o meu surto, ele estava minimamente certo – vamos esperar a chuva acalmar, ela tem gente lá para cuidar dela – ele disse e a chuva se intensificou. Sai de perto dele e joguei algo qualquer na parede.
- QUERO MINHA FILHA PORRA! – falei e quando vi ele estava sentado no chão. Eu chorei de raiva, desespero, medo, tristeza.
- Também quero ela – falou simples e eu surtei.
- Agora você a quer? – falei brava.
- Sempre a quis – falou enquanto eu me sentava no chão ao lado dele, me encostei na parede e puxei minhas pernas para mim igual a ele mas de forma relaxada.
- Ah claro – fui irônica – se quisesse não teria nos abandonado – falei simples. Eu estava com tanta raiva dele.
- Você que não me deixava chegar perto dela – falou e eu me exaltei.
- Eu? Quem que se apaixonou por outra e foi embora? Quem que começou a ser frio e se afastar a gente? – falei brava e eu estava gritando tanto que ambos levantaram.
- A minha intenção não era essa, mas se você não estava dando conta dela era só me pedir – falou cruzando os braços e eu ri para não socar a cara dele.
- Está falando que eu não consigo cuidar dela pq ela ficou doente? – perguntei e ele me olhou concordando – eu sou a única pessoa que ela tem, então não venha me falar disso pq nem moral você tem!
- Você que me afastou dela!
- Obvio Niragi! Ela não merecia o pai que tem – falei e ele me encarou como se fosse algo fora da realidade aquilo – não passou pela sua cabeça o que iria vim depois que você me abandonasse? – gritei apontando e olhando no seu rosto.
- Não passou – falou me olhando e nem toda – e nem toda avalanche que veio depois, a única coisa que salva dessa merda toda é você! – falou e eu me assustei.
- Agora eu te salvo? – fiz a pergunta de forma retorica – e quando você me salva Niragi? Depois de tudo que passei e a única coisa que você soube fazer foi me afundar ainda mais, você soltou a minha mão e ainda me empurrou do penhasco – falei chorando – logo eu Niragi, logo eu que sempre estive do seu lado eu te coloquei ai encima aonde você esta e você me afundou – ele me olhou triste – tudo bem você não me querer mais mas pq você fez tudo aquilo? Pq disse tantas coisas horríveis para mim? E agora olhe para você... me afundou tanto para estar onde está e adivinha? Está sozinho e tão longe de mim e da própria filha – chorei enquanto dizia aquilo e parecia que um peso tinha saído dos meus ombros.
- Ellie... – tentou falar mas eu ainda não tinha acabado.
- Eu tive que desaprender a gostar tanto de você, pq você fez isso? – questionei com as lagrimas escorrendo.
- Pq o sentimento de ser pai naquele momento era importante, eu não queria te perder, eu queria ficar com você mas você não aceitaria – falou e meu mundo caiu.
- Niragi... você sabe muito bem o quanto eu tentei aceitar aquilo mas você so queria ir embora, eu pedi tanto para você não ir embora – mais lagrimas vinham – o que mais machucou não foi você se afastar sem pensar em nada além de você mesmo, de você me machucar da pior forma, com tudo que disse de mim, mesmo prometendo que nunca faria isso – o olhei julgando – o pior foi você não fazer papel de pai!
- Papel de pai? – ele questionou.
-É Niragi, você a ignorava, não brincava com ela, a trocou por qualquer uma que nem era a sua filha e pela bebida, você a abandonou quando ela mais precisou! – ele estava irredutível em questão a isso – ela perguntava de você toda noite, perguntava pq não dormia mais com ela, pq não ficávamos juntos – chorei ao lembrar dela - aquilo foi tão desumano com ela – falei e perdi minhas forças, me sentei chorando desesperadamente, doía lembrar de tudo.
- Ellie – se aproximou de mim - eu não queria deixar vocês mas...
- Mas o que? Vai falar que a Laura te coagiu? – olhei para a cara dele esperando ele não dar essa resposta – você nos deixou pq a bebida e ser novamente aquele Niragi de antes era melhor do que ser pai e casado – eu queria bater nele naquele momento – e agora que ela te abandonou adivinha atras de quem você veio? De mim, da trouxa aqui que sempre te amou com todas as forças mas foi obrigada a aguentar tudo isso! Agora que ela te deixou e você não tem mais ninguém você vem com esse papo de se importar e querer perto – o olhei brava e com os olhos cheios de lagrimas – você nunca se importou, você nunca amou verdadeiramente a gente! – gritei.
- Não! Eu ainda amo vocês! – disse bravo.
- Então pq você deixou a gente? Sabendo que nós poderíamos ter tudo...
- Pq eu sou um idiota Ellie, eu idiota que quis abraçar o mundo e pensou que poderia ter todas vocês comigo – falou e eu dei atenção a ele – um idiota que só percebeu que nós precisamos do toque de quem amamos quase tanto quanto de ar para respirar quando perdeu – ele estava com algumas lagrimas pelo rosto - eu nunca entendi a importância do seu toque... até não ter mais e agora eu consigo ver a merda que eu fiz e sei que talvez não tenha volta – ele disse e se sentou ao meu lado.
Ambos estavam encarando a parede esperando a chuva passar, um silencio enorme entre nos e tanta coisa a ser dita. Vi que a chuva ainda estava ali e me levantei indo até a janela.
- Niragi -o chamei – vamos?
Ele se levantou e quando viu que a chuva havia amenizado. Pegamos os remédios e saímos andando em ritmo acelerado, mas quando estávamos próximos e Praia tivemos que parar em um lugar coberto pois a chuva piorou. Niragi me puxou delicadamente para onde ele estava. Rimos da nossa situação pois estávamos completamente molhados. A camiseta dele grudava em seu corpo marcando tudo e me deixando um pouco vidrada naquilo.
- A última vez que pegamos um chuva desse jeito aqui em Borderland – falei rindo e ele riu ao lembrar, nos olhamos por um momento, meu coração sentiu uma pontinha de afeto naquele momento. Estávamos no auge da nossa paixão, era uma época boa.
- Vamos – ele disse e saímos correndo na chuva mesmo ela estando intensa. Chegamos na Praia e fomos correndo ao meu quarto, ignoramos tudo ao nosso redor pq nada mais importava a não ser a nossa filha.
- Gloria a Deus vocês chegaram – Chota disse ao ver eu e Niragi entrar, sorrimos e fomos direto selecionando os remédios.
- Gente, precisamos da licença de vocês – falei simples mas com um sorriso – eu sei que vocês se preocupam e eu agradeço a ajuda – falei e todos saíram sobrando apenas nos três. Coloquei um termômetro e sua temperatura continuava alta – vou dar banho nela – falei a pegando no colo e no banheiro tirei rapidamente a roupa dela e a coloquei na água fria.
- Mamãe – disse com voz de sono e de dor.
- Vai ficar bem meu anjo – falei para acalma-la mas eu mesmo estava super nervosa. A tirei do banho e no quarto já havia uma troca de roupa para ela, Niragi contava as gotas do remédio – papai vai te dar remédio – disse quando a vesti.
- Abre o bocão – disse em brincadeira e logo colocou o líquido em sua boca. Ela fez cara estranha pelo sabor – bebê água meu amor – deu água a ela antes dela se deitar.
- Vou melhorar papai? – perguntou a ele.
- Você vai sim – sorriu e nos dois ficamos de joelho no canto da cama a acariciando para dormir. Quando ela adormeceu, Niragi pegou a bagunça que deixei no banheiro, fui até ele.
- Banho? – disse ligando o chuveiro na água quente e tirei minhas roupas ensopadas e geladas. Niragi me olhou gemer de frio quando entrei em contado com a água quente, enquanto ele tirava suas roupas e me olhava confuso – venha – o puxei para mim para a agua o atingir.
Ficamos ali, juntos, quase abraçados enquanto a água caia em nos. Após um tempo saímos e colocamos pijama, eu vesti uma calcinha e uma blusa velha e ele usou a única roupa dele ali: uma cueca e uma blusa velha que eu usava para dormir. Nos deitamos, eu ao lado de Serena e ele ao meu lado.
- Ela está bem? – questionou e eu pedi o termômetro mais uma vez. Medi sua febre e estava abaixando – que bom – disse sorrindo e deitamos – vai conseguir dormir? – perguntou e eu ri, ele sabia que quando Serena adoecia ambos não conseguíamos dormir.
- Não – ri.
- Mas precisamos – ele disse e acariciou meus fios – descanse, eu cuido dela – disse e eu fechei os olhos.
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the choice
FanfictionSinto uma dor enorme em meu peito, ergo os olhos e só consigo pensar em uma coisa: - Filha da puta, eu confiei tanto em vc. Eu realmente pensei que nossa relação tinha mudado, como eu fui idiota. Naquele momento me passa um flashback de tudo que vi...