Capítulo 07- Eu não estou louca, meu amor.

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Nosso caminho de volta a casa foi uma tortura, Niragi me pediu para eu me acalmar para não deixar as crianças assustadas, deixei a responsabilidade de dar banho, alimentar e arrumar as coisas da escola para ele, eu apenas subi para o quarto e chorei, surtei, eu queria saber a verdade.
Eu me tremia por causa da ansiedade, eu queria gritar, sair correndo, abrir a porta daquele quarto e berrar mas eu me mantive trancada, pelo bem das crianças. Tomei um banho e tomei um calmante, mas parecia que não fazia efeito pois assim que me deitei a  crise de ansiedade voltou, acho só parou quando eu dormi, vencida pelo cansaço.
Acordo com meu marido me beijando nas bochechas, ele acariciava meu ombro, o abracei e senti cheiro de banho.
- As crianças já estão dormindo – ele disse – vamos descer para jantar?
- Não estou com fome – respondi.
- Mas você tem que comer, te quero bem – falou e beijou meus lábios delicadamente – por favor.
- Tudo bem – falei e ele desceu comigo no colo, acariciando minhas costas, me confortando.
Comi bem pouco, quis chorar inúmeras vezes mas Niragi me fazia pensar em outra coisa dizendo “eu sei que dói, mas apenas chorar não vai achar uma solução, você é a pessoa mais forte que conheço, você chorou a tarde toda e eu não ligo de você chorar mas eu preciso que coma e pense no que devemos fazer”.
- Era eles amor, eu tenho certeza – falei o olhando -  Stephanie sumiu da minha vida, tem alguma coisa errada, eles estavam chorando e aquela garotinha... eu não estou louca meu amor, eles são meus pais, eles não estão mortos, por favor me ajuda a descobrir a verdade – falei desesperada.
- Calma, meu amor – ele segurou meu rosto e beijou minhas lagrimas que escorreram naquele momento – eu não te acho louca e se você acha que tem algo errado, iremos juntos atrás da verdade – o abracei – mas já está de madrugada então amanhã quando levarmos juntos as crianças para a escola, vamos pesquisar em redes sociais algo sobre eles e tudo que for preciso- ele diz e eu o beijo antes de concordar com ele e irmos. dormir.

Acordo no dia seguinte e já tomo um calmante para conseguir cuidar das crianças até meio dia e levar elas a escola. Eu estava totalmente perdida, não sabia por onde começar, eu não tinha nem uma pista de onde começar, um nome, um lugar. Pensei em passar os dias na frente do tumulo mas seria obvio que Stephanie jamais voltaria ali e também não posso perder a minha vida para isso, eu tenho filhas, preciso cuidar delas.
Tento passar o dia bem distraída com elas, brincando e correndo, eu estava fazendo de tudo para não pensar naquele assunto. Assim que as arrumei para a escola Niragi chegou, ele chegou dando um sorriso maravilhoso que alegrou meu dia, pulei nele antes que as garotas conseguissem.
Ele riu e cariciou meus cabelos.
- Roubou a vez delas – falou colocando o rosto na curva do meu pescoço e eu ri.
- Eu posso né?
- Você é a dona desse colo muito antes delas – ele disse e eu o beijei.
- Sai mamãe! – Alicia disse abraçando as pernas dele.
- Quero o papai! – Alice pulou nele quando eu me soltei e sua gêmea fez o mesmo – olha papai, desenhamos hoje – ela disse mostrando os desenhos.
- Nossa! Que lindos! – ele disse e elas riram antes de começarem a falar as duas juntas sobre os desenhos, elas gritavam querendo ganhar atenção primeiro mas quem ganhou a atenção foi Serena que Niragi a agarrou e girou ela.
- Tata chata! Eu estava falando com ele!
- EU QUE TAVA!
Revirei os olhos e ri, Serena gargalhava com o pai.
- Mãe, faz alguma coisa! – as duas imploraram juntas e vieram até mim me abraçando.
- A Se também tem saudade do papai meninas – falei.
- Mas ela nasceu antes da gente e teve tempo para ficar com ele, agora é a nossa vez – Alice disse brava.
- Claro que não, ela tem tanto direito quanto vocês – disse e elas apenas olharam.
- Mas eu quero brincar com ele – Alicia disse.
- Vamos comprar outro pai, assim cada uma tem um, o que acham? – sugeri rindo mas todas as três falaram que a versão original dele ficaria com elas.
- Vocês babam muito ovo do seu pai, por isso que ele se acha – falei e elas defenderam ele dizendo que ele era bonito e legal mesmo – tudo bem, vocês venceram – falei me levantando e subi as escadas para trocar de roupa.
- Agora vocês magoaram a mamãe – ouvi Niragi dizer – ela também é legal e bonita, ela cuida da gente – as meninas ficaram quietas – vamos dar um abraço nela!
- VAMOS!! – os quatro vieram correndo atras de mim e eu corri mas eles me empurraram na cama e subiram pulando em mim.
- Te amo mamãe – Alice disse nos meus braços.
- Você é mais legal que o papai – Serena disse e eu gargalhei com a indignação do Niragi.
- Estou com ciúmes, Serena – ele disse e ela riu e me abraçou.
- Você que lute – nos duas falamos juntas e rimos.
Niragi veio até nós e nos beijou, as quatro meninas dele. Coitado quando todas estiverem de TPM. Alicia saiu da cama e abriu meu guarda-roupa, apenas olhamos para ela que pegou um vestido longo rosa pastel de alcinhas, um pouco decotado além de ter uma fenda. Acho que eu era uma fã de fendas.
- Usa esse? – fez carinha de dó e eu fui até ela.
- Claro, meu anjinho – beijei sua bochecha e fui me vestir, os quatro ficaram sentados me olhando me arrumar e quando terminei eles bateram palmas.
- Gatona! – Niragi disse e as gêmeas repetiram com entusiasmo fazendo Serena rir.
- Vamos para a escola, pq não adianta vocês serem lindas dessa forma, tem que serem inteligentes igual o pai de vocês – falei fazendo eles andarem para fora do quarto.
- Então você é burra mãe? – Alice questionou na inocência e eu e Niragi gargalhamos.
- Não filha, sou inteligente também – respondi ela.
- Então pq falou que temos que ser inteligente igual ao papai? – disse me olhando.
- Pq ele é mais inteligente que eu mas isso não quer dizer que eu seja burra – falei e logo estávamos no carro.
Deixamos as crianças na escola e fomos para o escritório da máfia e lá nos começamos a procurar em rede social, pesquisas e tudo que pode se encontrar na internet sobre eles mas não achamos nada, não havia nada no nome dos meus pais, nem no sobrenome que envolvia eles, Stephanie então era um fantasma,  não havia Instagram e nem nada dela e ela era uma garota que amava postar sobre tudo que acontecia na vida dela.
Passo as mãos no rosto para não surtar mas eu berro de raiva.
- É impossível alguém sumir assim! – gritei e todos naquela sala abaixaram o olhar.
- Sra. Suguru, se me permite – Taylor começou a falar e eu ergui o olhar dando permissão para ele continuar – a senhora disse que havia um homem com eles que você nunca viu, consegue se lembrar dele? Se puder descreve-lo podemos hackear o sistema da polícia que usa o rosto para procura e achamos ele – ele terminou e meus olhos brilharam, era como se houvesse esperança.
- Claro! – sorri – posso começar?
- Um momento, por favor – pediu enquanto abria alguma coisa no computador – pode começar.
- OK – respirei fundo – ele era alto, tipo 1,80m, cabelo loiro claro, olhos azuis, sem barba, seu nariz era grande e fino, rosto marcado, maxilar marcado e projetado para frente na medida certa, sobrancelhas grossas e feitas – respirei fundo – estava de terno e havia uma tatuagem na sua mão esquerda, na palma dela, um tigre no estilo sketch e só me lembro disso.
Disse tudo e olhei para Niragi que me olhava impressionado.
- Porra, se você me falar que acha ele bonito eu vou começar a ficar com ciúmes – ele disse e eu ri descontraída.
- Achar ele bonito for o único caminho para eu saber toda a verdade sobre meus pais, eu acho viu – respondi rindo e me sentei ao seu lado.
As mãos dele apertaram as minhas coxas antes de seu rosto ir de encontro ao meu,  deixar um beijo em meus lábios e sussurrar:
- Vai dar tudo certo.
Ficamos mais alguns minutos lá e depois pegar as crianças e ficamos em casa.
- Hoje, o papai vai cozinhar para a gente – falei assim que cheguei com as meninas e ele me olhou surpreso.
- Vou? – perguntou.
- Mas é obvio, pode começar – me sentei no sofá e ele riu indo ver o que tinha de comida para fazer. Fiquei um tempo observando ele até que eu subi para dar banho nas meninas, ver se tinha algum recado da escola, tomar um banho e depois voltei.
- Vou tomar um banho, quando eu sair eu sirvo o jantar para vocês – falou enquanto todas olhavam para ele e me beijou e saiu.
- Me ajuda a colocar a mesa Serena? – questionei meiga.
- Claro mãe – sorriu e me ajudou – o que o papai fez?
- Não sei – falei arregalando os olhos – quer apostar em alguma coisa?
Ela sorriu e analisou.
- Lasanha – disse.
- Torta de liquidificador com queijo – falei e as duas ficaram com água na boca.
Colocamos a mesa e Niragi desceu.
- Hoje o prato é... – pegou do forno – LASANHA!
As meninas comemoraram felizes. Era a comida favorita da Serena.
- Te amo pai – Serena disse e ele beijou a testa dela antes de servir um pedaço para todos. Provei e meu deus... não sei quando ele aprendeu a cozinhar mas misericórdia, estava dos deuses.
- Puta merda amor, ta muito bom – disse sorrindo e ele sorriu vitorioso.

Meu marido pediu, na verdade ele implorou para que eu ficasse em casa e relaxada, pelo menos na parte da manhã, ele disse que estaria hackeando o sistema da polícia dos Estados Unidos, Japão e do Brasil para achar a desgraçada da Stephanie e o loirinho de olhos azuis, mas deu 10 Am e eu estava ligando para ele, surtando.
- Oi, meu amor- disse meigo ao atender
- Conseguiu alguma coisa? – questionei e ele respirou fundo.
- Querida, eu sou hacker mas ainda não faço milagre – ele disse calmo – entrar em sistemas como este não é simples, talvez hoje conseguiremos apenas invadir um então por favor, eu sei que a situação é desesperadora e eu odeio ver você mal mas não coisa rápida isso aqui – completou.
Respirei fungo querendo xingar ele.
- Tudo bem meu amor, eu te amo – falei e desliguei o telefone.
Ok Ellie, você é mãe, alimente, arrume e leve suas filhas para a escola, depois você faz isso. Eu deveria fazer isso?
- Mãe! – Serena me faz pular com o susto.
- Quer me matar do coração? – falei rindo e ela riu.
- Não, eu quero cartolina – falou e eu ri.
- Tem no escritório do papai, vamos lá buscar querida – peguei a mão dela e subimos, peguei a cartolina e voltei a cozinha.

É horrível pensar que eu cuidei das minhas filhas no modo automático mas eu fiz e agora que eu estou em casa novamente eu vou fazer o que eu preciso fazer. Viro o corredor. Estou no escritório e vou até o cofre enorme que tínhamos ali onde guardávamos armas e dinheiro. Estou no modo automático.
Pego uma pistola e balas.
Coloco na parte de traz da minha calça. Estou vestindo uma calça preta, botas de salto pretas e uma blusa bem justa em meu corpo de manga longa preta. Saio de casa e entro no carro. Dirijo até eu não saber o motivo, até onde meu coração me leva. Estou na frente do meu antigo apartamento. Pego a arma e saio do carro.
- Boa tarde, eu fui moradora daqui a algum tempo, tenho até o registro de aluguel se precisar, mas eu gostaria de ter o registro de quem foi a última pessoa a sair daqui, era uma pessoa importante para mim – falei ao porteiro gentil.
- Moça, jamais podemos dar essa informação a senhora e não ser com um pedido judicial – falou me olhando.
- Um pedido desse demora meses e eu preciso desses dados para hoje – falei simples – por favor...
- Não posso – respondeu e eu sorri como despedida. Me virei para sair, dou dois passos e pego na arma e aponto para a testa dele.
Eu não deveria estar fazendo isso.
- A papelada agora, antes que eu atire aqui mesmo.

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